Capa do episódio Extra 16

Nesse episódio extra, viajamos para a década de 50 para relembrarmos da improvável história de vida de “Marilyn Monroe”, uma das maiores musas do cinema.

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“Deusa da era de prata”: assim ficou conhecida Marilyn Monroe, uma estrela em todos os sentidos, pois, mesmo após sua morte, continua a brilhar. Talvez ela seja a atriz feminina mais icônica que já enfeitou as películas de Hollywood. Sua beleza incomparável hipnotizou o público em todo o mundo. Mas, você sabia que a modelo que virou atriz era incrivelmente insegura e levava uma vida caótica e conturbada? Pois é…

Atormentada por demônios internos, Marilyn Monroe ouvia vozes e sua vida era um catálogo de traumas e intrigas que incluía abusos sexuais, excessos, drogas e problemas mentais. Tudo isso resultou em relacionamentos tóxicos e escândalos que levaram a sua morte precoce. Mas, antes de falarmos sobre o fim, celebraremos a vida curta e improvável que Marilyn Monroe viveu e, para isso, vamos voltar essa fita.

Glads e Marilyn

A mãe de Marilyn Monroe se chamava Gladys Pearl Monroe e ela teve um impacto profundo na vida da filha. Gladys nasceu em uma família pobre do meio-oeste, que migrou para a Califórnia na virada do século XX.

Quando Gladys tinha 15 anos, ela se casou com o abusivo John Newton Baker e eles tiveram dois filhos: Robert e Berniece. Gladys acabou se divorciando de Baker, mas ele sequestrou os filhos e os levou de volta para sua terra natal, no Kentucky. Gladys passou os próximos anos tentando encontrar os filhos. Todo o dinheiro que ganhava, trabalhando como cortadora de negativos de filmes, era usado para procurá-los. Até que ela finalmente os encontrou e descobriu que os filhos estavam felizes vivendo em uma casa grande com piscina.

Sabendo que não poderia oferecer uma vida tão boa, ela se afastou e, em 1924, casou-se com Martin Edward Mortensen, mas eles logo se separaram. Dois anos depois, em 1º de junho de 1926, Marilyn Monroe nasceu. Ela não é filha de Mortensen, porém foi batizada com o seu sobrenome. Seu nome de batismo é Norma Jeane Mortensen. Existem rumores de que o nome do verdadeiro pai biológico seria Charles Stanley Gifford, que teve um breve caso com Gladys. No entanto, assim que descobriu a gravidez, ele a rejeitou. Gladys escondeu a identidade de seu pai então, sentindo-se rejeitada, Marylin passou a usar os sobrenomes dos ex-maridos de sua mãe, Mortensen e Baker.

Norma Jean

Gladys era uma mãe atípica, pois tinha graves problemas de saúde mental. Uma semana depois de dar à luz a Marilyn, ela tentou esfaquear uma amiga em um episódio de delírio. Mesmo doente, ela lutou para cuidar da filha, mas acabou sendo convencida a deixá-la em um orfanato. Norma Jeane passou seus primeiros anos de vida com um casal cristão evangélico, Albert e Ida Bolender, em Hawthorne, Los Angeles. Certo dia, a avó de Marilyn apareceu para visitá-la e, ao ficar sozinha com o bebê, foi flagrada tentando sufocá-la com um travesseiro. A avó se chamava Della Mae e foi internada em um manicômio diagnosticada com problemas mentais.

No início, sua mãe chegou a morar com os Bolenders, mas, quando precisou encontrar trabalho, ela se mudou e visitava a filha de vez em quando, aos fins de semana.

Quando Marilyn tinha sete anos, sua mãe estava em uma situação melhor e elas foram morar juntas em uma casa em Hollywood, que a mãe havia comprado com recursos de um empréstimo. Para completar a renda, transformou a casa em uma pensão, onde veio morar a melhor amiga de Gladys, Grace Mckee. As três iam ao cinema juntas todo fim de semana. Naquela época surgiu a primeira loira platinada de Hollywood: Jean Harlow. Grace Mckee disse para a pequena Norma Jean que sentia em seus ossos que um dia ela seria tão linda e famosa quanto Jean Harlow. Marilyn nunca se esqueceu dessa profecia.

Charles Stanley Gifford suposto pai de Marilyn

Quando tinha oito anos, sua mãe lhe mostrou uma fotografia de seu pai pela primeira vez e ela ficou encantada com aquele homem bonito de olhos penetrantes e bigode fino, que parecia muito com Clark Gable. Na escola, a pequena Norma Jeane dizia ser filha de Clark Gable e aquela foto se tornou significativa para Marilyn, que passaria o resto de sua vida buscando o amor paternal em quase todos os homens mais velhos que conhecesse.

Essa foi a fase mais feliz e pura da vida de Marilyn, até o dia em que sua mãe teve um surto psicótico. Ela desceu a escada rolando, e ficou rindo e chorando ao mesmo tempo. Os enfermeiros foram chamados e internaram Gladys. Aquela cena também marcou a pequena Norma Jean, que cresceu com medo de um dia se ver na mesma situação. Sua mãe chegou a voltar para casa, mas, em 1933, recebeu a notícia de que seu filho, Robert Kermit Baker, que havia sido sequestrado pelo ex-marido, morrera aos 15 anos. Desolada e com problemas mentais, a mãe passou a descontar sua raiva em Marilyn. Aos pratos, ela perguntava por que Robert teve que morrer e por que Deus não levou Norma Jeane no lugar dele…

Para piorar, o pai de Gladys se enforcou em uma crise de depressão e, um ano depois, ela perdeu o emprego. Junto, perdeu sua sanidade, sendo diagnosticada com esquizofrenia. Gladys não conseguiu mais viver uma vida normal e precisou ser internada em um sanatório. Detalhe: o mesmo onde sua mãe, avó de Marilyn, também estava internada.

A amiga e tia por consideração, Grace Mckee, ficou responsável pela casa e pela pequena Marilyn. Mas, como ela também era muito pobre e estavam passando necessidades, resolveu levar Norma Jeane de volta para o orfanato. As famílias da região que assumissem crianças órfãs como tutores recebiam 5 dólares por semana do orfanato. Norma Jean foi então enviada para uma dessas casas, onde precisava trabalhar como empregada doméstica infantil. Mais ou menos na mesma época, quando ela ainda tinha oito anos, Norma Jeane foi abusada sexualmente por um desses tutores pela primeira vez.

Grace Mckee continuou visitando Norma Jeane que, devido aos abusos, se tornou retraída, desenvolveu uma gagueira severa e viu suas notas escolares começarem a cair. Então, em 1935, Grace se casou com Erwin Doc Goddard e, além de assumirem a tutela, adotaram Norma Jeane, para que ela não tivesse nunca mais que voltar para o orfanato. Parecia que tudo ficaria bem, no entanto, apenas alguns meses depois, o marido de Grace também passou a molestar Marilyn.

Ao longo de sua adolescência, Marilyn passou por vários episódios de abuso. Aos 12 anos ela já tinha corpo de mulher e, como era muito pobre, suas roupas estavam curtas, o que a deixava ainda mais exposta a esses abusos. No ano seguinte, o Doc Goddard foi transferido para a Virgínia Ocidental, mas as leis de proteção à criança da Califórnia os impediram de levar uma criança adotada para fora do estado e Grace não sabia o que fazer com Marilyn.

Ela já estava com 16 anos, então decidiram que a única saída seria ela se casar, assim se tornaria uma noiva adolescente e futura dona de casa. No dia 19 de junho de 1942, Norma Jean se casou com o filho de seu vizinho, James Dougherty, e foram viver juntos. Para ela aquilo fazia todo o sentido, pois a musa inspiradora, a platinada Jean Harlow, também se casara aos 16 anos para sair de casa.

James Dougherty (primeiro marido) ao lado de Marilyn

Em 1943, Dougherty alistou-se na Marinha Mercante e foi transferido para a Ilha de Santa Catalina. Marilyn mudou-se com ele, mas logo se viu “morrendo de tédio”. Então, sem nada melhor para fazer, começou a praticar levantamento de peso e surf. Em 1944, James foi enviado ao Pacífico para lutar na Segunda Guerra Mundial onde ficou por quase dois anos. Monroe voltou para Hollywood e foi morar com seus sogros. Durante a guerra, enquanto os maridos americanos estavam lutando, as mulheres foram trabalhar nas fábricas de armas e munições e Norma Jean começou a trabalhar na Radioplane Company.

Marilyn trabalhando na fábrica

Em 1944, a tal sorte, que aparentemente havia abandonado a jovem Marilyn, fez com que o destino enviasse o fotógrafo do Exército, David Conover, à fábrica onde ela trabalhava, para tirar fotos que aumentassem o patriotismo americano. Conover procurava jovens mulheres atraentes e os encaracolados cabelos ruivos da nossa protagonista imediatamente chamaram a atenção. Embora nenhuma de suas fotos tenha sido usada, Marilyn recebeu um convite para deixar a fábrica e ser modelo de Conover. Desafiando a vontade de seu marido e de seus sogros, ela assinou um contrato com a Agência de Modelos Blue Book, em agosto de 1945.

O trabalho de modelo acendeu um fogo na alma de Norman Jean. Na verdade, era um incêndio que a deixou em êxtase, pois ela adorava a câmera e aquela valorização a fez pensar que a vida era mais do que passar os dias trabalhando em uma fábrica, casada com um militar. Em poucos meses Norma Jean já estava na capa de 30 revistas, as vezes assinando como Jean Norma. A Blue Book achava que ela era mais adequada para pinup do que para alta costura. Então sugeriram que ela trocasse a cor de seus cabelos para loiro, pois assim apareceriam mais trabalhos. Ela adorou o novo visual, pois ficou ainda mais parecida com sua inspiradora Jean Harlow. Quando seu marido voltou da guerra, Norma Jean atrasou uma hora para buscá-lo e apareceu totalmente diferente. Ele surtou e o casamento acabou naquele mesmo dia.

Modelando no começo da carreira

Em 1946, apesar dos pequenos cachês, Marilyn já era uma modelo requisitada. De acordo com a proprietária da Blue Book, Emmeline Snively, Marilyn logo se tornou uma de suas modelos mais ambiciosas e trabalhadoras e começou a mover as peças para levá-la para a indústria cinematográfica. Foi nessa época que Marilyn ficou obcecada com sua aparência, passando a se exercitar diariamente para perder peso e, assim, fechar mais contratos.

Em junho de 1946, Emmeline Snively, apresentando-se como agente de Norma Jean, conseguiu um teste de tela para ela na 20th Century-Fox e fechou um contrato de seis meses. Reza a lenda que ela só conseguiu porque teria dito que o estúdio rival, RKO Pictures, queria contratar Norma Jean.

Em agosto de 1946, o executivo da Fox, Ben Lyon, escolheu o nome artístico “Marilyn Monroe”. Lyon escolheu o primeiro nome porque o lembrava da estrela da Broadway Marilyn Miller, enquanto o sobrenome era o nome de solteira da mãe de Monroe, e os dois juntos soavam bem. Sobre a mudança de nome, ela diria no futuro “Eu sempre achei que ninguém me amaria como Norma Jean, então eu criei outra pessoa”.

Assim nasceu Marilyn Moroe.

Contrato com a 20th Century-Fox

A Fox não sabia bem o que fazer com ela, então passou treiná-la para atuação. A preparação funcionou e Marilyn logo ganhou seus primeiros pequenos papéis. Ben Lyon também a inscreveu no “Actors Laboratory Theatre”. Futuramente Marilyn diria em entrevistas que ali viveu a sua primeira experiência do que poderia ser uma atuação em um drama real, e foi fisgada pelo teatro.

Apesar do entusiasmo sem limites, seus tutores acreditavam que ela era muito tímida e insegura para ter um futuro promissor como atriz. Os estúdios contratavam qualquer pessoa que tivesse potencial, porém os descartavam tão rápido quanto. Foi o que aconteceu com Marilyn e a Fox simplesmente cancelou seu contrato. Mas, em 1948, a Columbia lhe deu uma chance e Marilyn começou a trabalhar como ajudante da treinadora de teatro do estúdio, Natasha Lytess, que se apaixonou por Marilyn. Reza a lenda que elas viveram um romance.

Marilyn Monroe, Lita Grey Chaplin, e Charlie Chaplin Jr

Charlie Chaplin escreveu na sua autobiografia que, quando Marilyn não estava filmando pequenos papéis, ela namorava seu filho, Charlie Junior. Chaplin alegou que o relacionamento de seu filho e Marilyn terminou em frangalhos quando Charlie Junior pegou Marilyn na cama com seu próprio irmão, Sydney Chaplin! Era o início da fama de sedutora que definiria a personalidade de Marilyn no futuro.

Como aspirante a atriz, Marilyn estava à mercê de predadores sexuais e seus famigerados “testes do sofá”. Entre eles se incluía Joe Schenck, presidente da 20th Century-Fox, um homem de 69 anos, que deu um contrato temporário para Marilyn com a condição de que ela o “atendesse” sempre que ele ligasse.

Depois de seis meses de contrato, ela esperava que seus dias de teste do sofá acabassem. Mas, para renovar, outro executivo do estúdio, Harry Cohn, ofereceu a ela o mesmo acordo sujo. Quando Marilyn recusou, o estúdio prontamente desistiu da renovação.

Fred Karger foi o primeiro treinador vocal de Marilyn e eles também tiveram um romance. Ela engravidou e existem rumores de que, para não perder o contrato, ela teria feito aborto.

Entre pequenos contratos e testes de sofá, Marilyn Monroe só chamou a atenção em Hollywood quando fez uma pequena ponta no romance musical de sucesso “Mentira Salvadora”, de 1948, ao lado da atriz Adele Jergens.

Apesar de sua beleza estonteante, a jornada de Marilyn até o topo foi atormentada por muitas dificuldades e, sem padrinhos que facilitassem sua ascensão, Marilyn usava o jogo da sedução. Em 1949, depois de anos como modelo e de pequenos papéis mal remunerados, ela estava falida e sozinha. Desesperada por trabalho e dinheiro, Marilyn posou em uma série de nus picantes para os calendários de John Baumgarth, assinando com o nome fictício de Mona Monroe.

Ela frequentemente mencionava homens a assediando e até a agarrando em festas de Hollywood. Certa vez, Orson Welles lembrou de uma festa em que Marilyn estava cercada por homens e um deles rasgou sua blusa, revelando seus seios… Marilyn gargalhou daquela brincadeira sem graça, mas a risada escondia sua fúria.

Em 1950, finalmente Marilyn consertou os dentes da frente para tornar sua aparência menos boba. Ela também fez duas cirurgias plásticas dolorosas: uma rinoplastia para remodelar a ponta do nariz e um implante de queixo. Ela também começou a clarear sua pele com creme de hormônio, mas isso fez com que cabelos loiros brotassem por todo o rosto. Mesmo ostentando uma barba fina e emplumada, ela se recusou a interromper sua rotina de clareamento da pele.

Bette Davis, Marilyn Monroe e George Sanders

Um dos primeiros papéis sérios de Marilyn no cinema foi quando ela interpretou Miss Caswell em “A Malvada” (1950). O filme ganhou 17 Oscars e, até Titanic, foi o filme mais premiado da academia. O nervosismo e a falta de experiência na atuação a faziam esquecer suas falas, obrigando a realizar várias tomadas para uma única cena. Além disso, Monroe era terrivelmente insegura e sempre achava que estava fazendo um péssimo trabalho, dando uma boa mão de obra para os diretores.

O mais incrível é que em “A Malvada”, foram a beleza, o charme e a vulnerabilidade de Monroe que a tornaram irresistível para o público e para o diretor, George Sanders. Tanto que sua esposa, percebendo o perigo, sempre aparecia no set para ter certeza de que nada estava acontecendo entre os dois. No mesmo ano, Marilyn apareceu no filme noir de John Huston, “O Segredo das Jóias” (1950).

Em seus primeiros 4 anos em Hollywood, Marilyn apareceu em 16 filmes e todo esse trabalho duro começou a cobrar seu preço. Ela se mostrava muito abalada e confidenciou ao seu treinador de atuação que estava ouvindo vozes. Este foi um dos primeiros sintomas da instabilidade mental que assombraria Monroe pelo resto de sua vida.

Marilyn e Johnny Hyde.

Nos próximos dois anos, Marilyn namorou seu agente, Johnny Hyde, até ele morrer repentinamente de ataque cardíaco aos 55 anos. Monroe era sua protegida e, devastada, ela chorou por dias e até gritou seu nome no funeral. Após a morte de Hyde, o treinador de atuação de Marilyn a encontrou inconsciente em sua cama com trinta pílulas para dormir na boca. Felizmente ela não engoliu o suficiente para se matar, mas esta não seria a sua única tentativa de suicídio.

Em meio a todo esse sofrimento, Marilyn precisou se superar para conseguir filmar seu papel decisivo em “Só A Mulher Peca” (1951), de Fritz Lang. Foi quando ela provou que veio para ficar. Marilyn estava tão famosa que suas fotos nuas foram resgatadas, causando um frenesi nos tabloides sensacionalistas. Os diretores do estúdio a chamaram para saber se aquela mulher com os peitos a mostra era realmente ela e Marilyn confirmou. Ao ser assediada por um jornalista, ela disse que passava por um momento muito difícil financeiramente e por isso concordou em fazer aquelas fotos, mas que estava pensando em como revelar isso ao público, pois ela não queria decepcionar seus fãs mentindo para eles e pediu que o jornalista não divulgasse isso. Rá! Foi exatamente o que ele fez. Porém, o que parecia ser uma fraqueza ou ingenuidade, na verdade engajou apoio a Marilyn, afinal todos passam por momentos difíceis. Assim, o improvável aconteceu, e as fotos deram ainda mais visibilidade para Marilyn, colocando-a no centro das atenções.

O fato é que sua vida muda completamente depois que as fotos vazam. Ela se tornou uma sensação da noite para o dia, a mulher mais desejada do Estados Unidos. Um escândalo que poderia ter arruinado a carreira de qualquer outra pessoa, para Marilyn cunhou sua nova imagem de mulher sedutora que enlouquecia os homens. Quando os repórteres perguntavam: “Marilyn, é verdade que você estava sem nada?” ela brincava dizendo: “Não, eu estava com o rádio ligado.” Essas fotos foram posteriormente usadas na capa da primeira edição da Playboy, em 1953.

No mesmo ano em que a Playboy foi lançada, Marilyn finalmente decide entrar em contato com o homem que ela acreditava ser seu pai biológico: Charles Stanley Gifford. Depois de procurá-lo por meses, quando finalmente o localizou e explicou ao telefone que ela era sua filha com Gladys, Gifford a calou, dizendo: “Olha, sou casado e tenho família. Não tenho nada a dizer a você. Ligue para meu advogado”. Aquele era o homem de olhos penetrantes e bigode fino da foto à qual ela havia se agarrado como única referência de um pai. A rejeição a esmagou e a levou a lugares sombrios.

Sua carreira ia de vento em popa, mas sua vida pessoal estava indo de mal a pior. Em primeiro lugar, Marilyn passou a sentir uma terrível dor menstrual. Isso viria a se tornar uma cláusula em seu contrato, que permitia que ela faltasse ao trabalho durante esse período do mês. Em 1952, após anos sofrendo de uma endometriose incurável, ela teve que se submeter a uma cirurgia.

Marilyn estava desesperada para ter filhos então, antes da cirurgia, ela grudou um bilhete na barriga em um último apelo aos cirurgiões, implorando que não removessem seus ovários durante o procedimento.

Já recuperada, em 1953, ela apareceu em três filmes de sucesso: “Torrentes de Paixão”, “Os Homens Preferem As Loiras” e “Como Agarrar Um Milionário”.

Os estúdios queriam que Marilyn fosse a nova estrela loira. Na época já havia o termo “loira burra”, que definia a bonitinha voada, divertida mas que não entendia muito sobre as coisas da vida. Marilyn odiava ser rotulada como uma idiota, mas sabia que teria que ir por esse caminho. Foi nessa época que ela ganhou a reputação de ser difícil de trabalhar. Ela ainda era incrivelmente insegura e precisava de seu treinador de atuação autoritário com ela o tempo todo. Marilyn exigia refazer a cena até quarenta vezes se não ganhasse o selo de aprovação do treinador.

Joe DiMaggio e Marilyn

Em 1952, seu agente marcou um encontro entre ela e o ex-jogador de beisebol do New York Yankees, Joe DiMaggio. Sua ex-mulher, a atriz Dorothy Arnold, havia pedido divórcio anos antes alegando “crueldade conjugal”, mas Marilyn, que tinha o dedo podre para relacionamentos, logo se apaixonou pelo ex-jogador e ele por ela. Foi tão fulminante que eles fugiram para São Francisco em janeiro de 1954, casaram e passaram a lua de mel no Japão. Foi quando Marilyn se apresentou para as tropas americanas na Coréia. O patriotismo vendia muito bem e, quando ela chegou de volta aos EUA, já tinha novo contrato com a Fox, com um bônus de US$ 100.000 e o papel principal em “O Pecado Mora Ao Lado” (1955).

O novo marido, Joe DiMaggio adorava ficar em casa, bebendo, fumando e assistindo TV. Ele queria uma dona de casa tradicional que ficasse em casa com ele. Por outro lado, Marilyn estava sempre em busca de autoaperfeiçoamento, psicoterapia, e tinha uma obsessão por livros e arte.

Joe odiava seus papéis, que eram altamente sexualizados, então ele estabeleceu regras para aprovar os papéis futuros de Marilyn. Além disso, ela nunca deveria aparecer semivestida e precisava acabar com sua reputação de “loira burra”. Tudo isso apenas poucas semanas depois de juntarem as escovas de dentes. Como Marilyn não acatou suas exigências, DiMaggio, sentindo que estava perdendo o controle, decretou uma greve de silêncio que durou dias.

O ponto final do relacionamento ocorreu enquanto ela filmava sua cena mais memorável de “O Pecado Mora Ao Lado”, em que o vento do metrô levanta sua saia, com a presença do marido e mais uma multidão de fãs que a incentivavam a mostrar ainda mais as roupas íntimas. Indignado, DiMaggio perguntou ao diretor: “O que diabos está acontecendo aqui?”. Após a filmagem, eles voltaram ao quarto de hotel e, quando Marilyn chegou ao set no dia seguinte, seus braços estavam cobertos de hematomas. De acordo com Joe DiMaggio Júnior, essa não foi a única vez que seu pai bateu em Marilyn.

No período em que esteve casada com esse homem controlador, Marilyn começou a beber muito e a tomar sedativos. Após anunciar o divórcio ela teve um caso com seu treinador de voz, Hal Schaefer. Ela e DiMaggio estavam separados, mas ainda casados no papel. Quando ele descobriu a infidelidade, ligou para Schaefer e ouviu Marilyn gritando ao fundo. “Não venha aqui! Se você vier ele vai te matar!”. No outono de 1954 Marilyn encerrou definitivamente seu casamento com Joe DiMaggio, depois de apenas nove meses, citando “crueldade mental”.

Hal Schaefer e Marilyn

Mas, não pense que a história do casal acaba aqui, não, pois Joe DiMaggio nunca quis se separar. Após o divórcio, ele perseguiu Marilyn usando uma barba postiça e a esperou no saguão de sua nova casa. Ele tinha seus telefones grampeados e queria pegá-la com outros homens. Transtornado, Joe voltou-se para o único homem que entendia a sua situação: Frank Sinatra, “O Velho dos Olhos Azuis”. Ambos haviam contratado um investigador particular para rastrear suas ex. No caso de Frank Sinatra, a grande obsessão era por Ava Gardner.

Joe DiMaggio e Frank Sinatra

Em uma noite de embriaguez, DiMaggio, Sinatra e cinco gangsteres foram de carro até West Hollywood para se vingar de Hal Schaefer, o treinador de voz que teve um caso com Marilyn enquanto eles ainda estavam casados no papel. Sinatra ficou alarmado com a raiva de DiMaggio, mas não conseguiu acalmá-lo. Então, às 23h30, Florence Katz, uma mulher de 50 anos, acorda com “a porta quebrada e Joe DiMaggio e Frank Sinatra em frente a ela, prontos para atacar”. Ela gritou e os policiais vieram, mas aliviaram para os astros que não foram fichados. Sinatra pagou de forma secreta US$ 7.500 pelos estragos, mas acabou por revelar que eles bateram na porta errada. DiMaggio por sua vez nunca assumiu oficialmente que também estava lá.

Marilyn e Marlon Brando

Marilyn Monroe se renovou ao ficar com o jovem ator mais sensual de Hollywood, Marlon Brando e, posteriormente, com o dramaturgo Arthur Miller. Seu caso com Miller tornou-se mais sério em outubro de 1955, quando seu divórcio foi finalizado. Miller estava sendo investigado pelo FBI e pelo “Comitê de Atividades Não Americanas” por alegações de comunismo. O estúdio foi aconselhado a intervir no relacionamento para preservar Marilyn, mas ela se recusou, e então o FBI abriu investigação sobre ela também.

Em 1956 eles se casaram em Nova York e se converteram ao Judaísmo. Esse era o casamento mais improvável dos últimos tempos: Arthur era um escritor intelectual e Marilyn, era ela mesma…

No mesmo ano em que se casaram, Marilyn mudou legalmente seu nome de Norma Jeane para Marilyn Monroe. A surpresa foi quando um fã pediu um autógrafo e ela teve que perguntar como soletrava seu nome. Isso não caiu nada bem com seu marido literato.

Marilyn e Arthur Miller

Arthur Miller rapidamente se arrependeu de ter se casado com a mulher mais linda e desejada do mundo. Ele escreveu coisas indescritivelmente cruéis sobre ela em seu diário: que ela era decepcionante, pegajosa, imprevisível, constrangedora… e ele sentia vontade de machucá-la. Marilyn encontrou o diário e leu os pensamentos do marido sobre seu casamento. Desnecessário dizer que ela ficou com o coração partido, mas não se separaram, ainda.

Após o sucesso de “Nunca Fui Santa”, Marilyn fez “O Príncipe Encantado” ambos em 1956. Estressada e tomando todo tipo de pílulas, seu peso variava muito: a estilista teve que criar seus figurinos em vários tamanhos. Marilyn desentendeu-se com Sir Laurence Olivier. O Diretor inglês odiava seus atrasos constantes e o esquecimento de suas falas. Olivier chegou a gritar com ela: “Só seja sexy!”. Em três palavras ele encontrou o calcanhar de Aquiles de Marilyn, que vinha tentando se livrar do título de loira burra.

Para piorar, o sonho de ter um filho ficava cada vez mais distante. Marilyn engravidou três vezes, em 1956, 1957 e 1958. Tragicamente, foram dois abortos espontâneos e uma gravidez ectópica. Depois da terceira gravidez fracassada, ela parou de tentar.

Jack Lemmon, Tony Curtis e Marilyn Monroe, em Quanto Mais Quente Melhor

Em 1958, ela filmou seu papel mais aclamado em “Quanto Mais Quente Melhor”. Para controlar seu frágil estado emocional e insônia, ela tomou uma série de medicamentos e por isso levou 60 tomadas para gravar a frase: “Sou eu, Docinho”. A vida de Marilyn estava fora de controle e ela frequentemente se dissolvia em explosões erráticas. Seus atrasos custaram à produção meio milhão de dólares extras.

O elenco e a equipe a odiavam. Quando Tony Curtis teve que beijá-la, ele declarou que “preferia beijar Hitler”, embora mais tarde tenha afirmado que os dois estavam tendo um caso. Marilyn era tão desprezada pela equipe que não foi sequer convidada para a festa de encerramento das filmagens. O diretor do longa, Billy Wilder, começou a zombar dela em entrevistas dizendo que qualquer um pode se lembrar das falas, mas é preciso um verdadeiro artista para vir ao set e não saber nenhuma. Ainda assim, o filme teve o desempenho que teve. Para se vingar, Marilyn ligou para a casa de Wilder e pediu à esposa que lhe entregasse a seguinte mensagem: Billy Wilder, “vá se foder”.

Monroe estava pronta para interpretar Holly Golightly em “Bonequinha de Luxo” (1961), mas, por causa de seu comportamento no set de “Quanto Mais Quente Melhor”, o estúdio se recusou a contratá-la. Então, seu próximo filme foi – um tanto ironicamente – chamado “Adorável Pecadora” (1959).

Enquanto isso, seu casamento com Arthur Miller estava terminando. O comportamento cruel do marido a fez se sentir sozinha, não amada e com vergonha. Ela embarcou em um caso com seu colega de elenco, Yves Montand, que a engravidou. Infelizmente, como todas as suas tentativas anteriores, essa gravidez também não foi à frente e tudo isso teve seu preço.

Seu próximo filme – “Os Desajustados” (1961) – foi um desastre completo e absoluto. No elenco, Marilyn Monroe, Clark Gable e Montgomery Clift. O diretor foi John Huston, que era um alcoólatra e raramente aparecia para trabalhar. Marilyn Monroe e Montgomery Clift tinham problemas de saúde mental e precisavam de medicação somente para sobreviver ao dia e, para piorar, o roteirista do filme era o marido de Marilyn, Arthur Miller – o que significa que o casal profundamente infeliz tinha que passar todos os dias juntos no set. A trama mostra uma jovem ferida (interpretada por Monroe) que se apaixona por um homem muito mais velho, interpretado Clark Cable, que na infância era o pai imaginário de Marilyn.

Miller escreveu “Os Desajustados” para dar a Marilyn um papel adequado de atuação, na esperança de que eles pudessem se reconciliar. Em vez disso, a experiência encerrou seu relacionamento para sempre. Miller teve um caso com a fotógrafa, Inge Morath, e cruelmente explorou as inseguranças de sua esposa, dando de propósito a ela mudanças de roteiro de última hora.

Marilyn havia desenvolvido dependência de barbitúricos e as filmagens foram interrompidas porque ela precisou passar uma semana fazendo desintoxicação. No entanto, apesar de seus muitos problemas, assim que voltou ela deu o melhor desempenho de sua vida. As interpretações emotivas de Marilyn em os Desajustados marcaram uma de suas melhores atuações. O diretor John Huston justifica que, quando Monroe entrava no personagem, ela não estava fingindo a emoção. Ela trazia aquilo para a realidade, indo fundo dentro de si mesma.

Pode-se dizer que algo bom saiu das filmagens de “Os Desajustados”. Marilyn finalmente encontrou em Clark Gable a figura paterna que sempre desejou. Enquanto o resto da equipe a tratava com desprezo, Gable era gentil, generoso e carinhoso.

Infelizmente, Clark Gable teve um ataque cardíaco fatal poucos dias após o encerramento de “Os Desajustados”. Alguns atribuem ao fato de que Gable não usava dublês e, aos 59 anos, teria exagerado nas acrobacias. Quando ele morreu, Marilyn chorou compulsivamente. Na sequência Miller e Monroe anunciaram que haviam se separado.

Clark Gable e Marilyn

Como já estava profundamente vulnerável, filmar “Os Desajustados” levou Marilyn ao limite e, durante a produção, ela disse ao psiquiatra que estava ouvindo vozes novamente. Para combater seu estado mental em constante deterioração, ela tomou três vezes a dosagem máxima do comprimido de dormir, Pentobarbital, e os resultados foram catastróficos.

Marilyn flagrada no manicômio

Dopada, Marilyn concordou em se internar em uma clínica de reabilitação. Acreditando que estava indo para um lugar para se recuperar, a mulher mais desejada do mundo foi “forçada a entrar em uma cela acolchoada e ameaçada com uma camisa de força”. Marilyn Monroe foi diagnosticada por dois psiquiatras importantes como esquizofrênica paranoide, assim como sua mãe.

A experiência de Marilyn no manicômio foi um dos momentos mais sombrios, angustiantes e humilhantes de sua curta vida. Em cartas recentemente descobertas, Marilyn escreveu sobre a “desumanidade” da ala psiquiátrica. Em uma tentativa desesperada de escapar, ela quebrou uma vidraça e ameaçou se machucar a menos que lhe fosse dado o direito de fazer um telefonema. Então, ela faz uma ligação improvável para o cavaleiro que a resgatou, seu ex-marido, Joe DiMaggio, com quem não falava há 6 anos.

Marilyn e DiMaggio fugindo dos paparazzis

Aflita, Marilyn, ainda aceitou assinar contrato para fazer “Alguém Tem Que Ceder” (1962), mas não apareceu nas primeiras duas semanas de filmagem, pois sua queda para a bebida e as drogas havia ficado incontrolável. Seu maquiador aplicava a maquiagem enquanto ela estava semiacordada em sua cama e só reagia a base de mais drogas. O estúdio demitiu Marilyn Monroe. O filme permanece inacabado, mas foi transformado em um curta-metragem.

Marilyn e Frank Sinatra

Mesmo com todos esses problemas, Monroe era a maior estrela de sua geração e a Fox voltou atrás, reabrindo as negociações e dando a ela um novo contrato, incluindo um papel principal em uma comédia de humor negro. Infelizmente, ela nunca faria outro filme porque seus demônios haviam levado o melhor dela. O nome do filme que ela nunca conseguiu fazer foi “A Senhora E Seus Maridos”.

Ainda assim, enquanto Marilyn mergulhava no abismo, ela namorou o melhor amigo de Joe DiMaggio, Frank Sinatra. Seu terapeuta descobriu que o desejo de fazer sexo casual com pessoas desconhecidas estava relacionado com o medo dos homens que Marilyn combatia tentando seduzi-los. Ela supostamente dormiu com o satanista Anton LaVey, com o ator Jerry Lewis, com o cineasta José Bolaños, com Darryl F. Zanuck e Howard Hughes. Mas seu caso mais famoso, claro, foi com JFK, a quem ela conheceu por intermédio de uma das irmãs dele, Pat Kennedy Lawford, e seu marido, o ator Peter Lawford, que também era o cafetão dos Kennedy.

Marilyn com o famoso vestido que usou no aniversário de JFK

Em maio de 1962 ela fez a famosa serenata para o presidente Kennedy, em sua festa de 45 anos, cantando a sua versão sexy de “Happy Birthday, Mr. President“. Esse episódio mítico é recheado de curiosidades. O vestido que Monroe usou naquela noite custou 6 mil dólares, foi coberto com 2.500 strass e era tão apertado que teve que ser costurado nela. Para não marcar, Marilyn não usou roupas íntimas, mexendo ainda mais com a imaginação das pessoas. Em 1999, esse mesmo vestido foi vendido em um leilão por 1 milhão e 260 mil dólares.

Marilyn era famosa por seus atrasos e, claro, também chegou atrasada para entrar no palco nessa noite. Por isso, teve que correr. Ofegante, ela foi direto para frente da plateia e cantou, aparentando ser mais provocativa do que pretendia. Mas, outra versão diz que ela teve uma crise de pânico minutos antes de entrar no palco. Estar naquela festa de gala se tornou uma obsessão para Marilyn que, entre seus delírios, acreditava que realmente se tornaria a primeira-dama, mas ele teve que pagar mil dólares para estar lá.

Os irmãos Kennedy

A forma sexy e provocativa como ela cantou para o presidente dos Estados Unidos gerou muita polêmica na época. Então, obviamente, a imprensa lançou rumores de que os dois estavam tendo um caso. E de fato eles estavam, o que culminou em um dramático confronto com a ex-primeira-dama, Jackie Kennedy…

Na biografia de Christopher Andersen de 2013, “O Último Ano de Jack com Jackie”, ele afirma que Marilyn ligou para Jackie Kennedy e disse a ela que JFK havia prometido se casar com ela. Fria, a Primeira-Dama respondeu: “Marilyn, que ótimo… Assim você se mudará para a Casa Branca, assumirá as responsabilidades de primeira-dama e terá todos os meus problemas para você.”

Marilyn estava na sua fase mais doideira, ouvindo vozes e cometendo todas as gafes possíveis. Ela não estava apenas dormindo com JFK: ela também estava dormindo com seu irmão mais novo, Bobby Kennedy. À medida que sua saúde mental piorava, ela tentava se agarrar aos dois irmãos, mas as suas posições elevadas significavam que eles não podiam lhe jurar fidelidade. Iludida e acreditando novamente que havia encontrado duas figuras paternas para cuidar dela, Monroe acaba sendo abandonada pelos irmãos Kennedy.

A traição dos Kennedy levou Marilyn mais uma vez ao limite. Ela escreveu o seguinte poema

“me ajude, me ajude, sinto que o fim está chegando perto e tudo que quero é morrer, morrer. Por que, por quê!”

Ela entrava nos quartos de casais alheios no meio da noite e ficava ao pé da cama, olhando para eles e perguntando “Por que eu não posso ser tão feliz quanto vocês dois?”. Então, poucos dias antes de morrer, Monroe ligou para um amigo fotógrafo tarde da noite. Ela queria tirar fotos triste e bêbada.

Suposta foto de Marilyn morta em sua cama

Em 5 de agosto de 1962, o corpo de Marilyn Monroe foi descoberto em sua casa em Brentwood, Los Angeles, por seu psicólogo. Ela tinha apenas 36 anos. Foi encontrada em sua cama nua e com o telefone nas mãos. O ator Peter Lawford, amigo de Marilyn, cafetão dos Kennedy, atendeu um telefonema dela naquela noite e sabia que algo estava muito errado. Ele tentou ir até sua casa para ver como ela estava, mas foi convencido a desistir devido às potenciais ramificações políticas.

Ela havia ido muitas vezes até o limite de seu corpo e o legista afirmou que Marilyn Monroe cometera suicídio por overdose de barbitúricos. Mas, as teorias da conspiração cercam sua morte até hoje. Até mesmo Marlon Brando, que falou com ela por telefone poucos dias antes de sua morte, disse que ela estava bem e acreditava que Marilyn fora assassinada. A conspiração mais famosa é que os Kennedy a mataram e encenaram um suicídio. Certamente eles tinham um bom motivo para isso.

O artista francês Jean Cocteau afirmou que a morte prematura de Marilyn “deveria servir como uma lição para todos aqueles cuja principal ocupação consiste em espionar e atormentar estrelas de cinema”. O diretor de “Nunca Fui Santa”, Joshua Logan, chamou Marilyn de “uma das pessoas mais desvalorizadas do mundo”.

Seu funeral foi realizado no cemitério Westwood Village Memorial Park, em Los Angeles, e organizado pelo ex-marido, Joe DiMaggio. Dentro do caixão aberto, Marilyn Monroe usava um vestido verde maçã e segurava rosas cor de rosa. Infelizmente, como seu cabelo loiro platinado tinha sido parcialmente raspado para a autópsia, ela usava uma peruca. Apenas cerca de 30 pessoas a viram deitada em seu caixão porque seu funeral foi limitado a seus amigos íntimos e familiares.

Por falar em Joe DiMaggio, você se lembra da noite em que ele perseguiu Marilyn de forma obsessiva, quando ele e Sinatra derrubaram a porta errada? Bem, para crédito de Joe, esse episódio sombrio o assustou tanto que ele confrontou seus demônios, parou de beber e começou a fazer terapia de controle da raiva. Ele e Monroe se tornaram amigos e, quando ela morreu, ele ficou com o coração partido. No entanto, Joe sempre acreditou que eles um dia ficariam juntos novamente. Os rumores sugerem que eles reacenderam o amor mútuo apenas algumas semanas antes de ela morrer.

Após a morte de Marilyn, Joe DiMaggio sempre mandou rosas para sua sepultura três vezes por semana, nunca se casou novamente e nunca mais falou sobre ela. Joe morreu em 1999 e a lenda diz que suas últimas palavras foram, “Eu vou finalmente ver Marilyn.”

Nas décadas seguintes desde sua morte, muitos artistas prestaram lindas homenagens a Marilyn. Notavelmente, “Candle in The Wind” de Elton John, que estamos ouvindo, é uma das mais delicadas e importantes. Madonna, como sabemos, baseou todo o seu estilo visual em Monroe, e isso, sim, é uma grande homenagem, tendo em vista a importância de Madonna para a cultura pop. Porém, algumas homenagens são simplesmente assustadoras. Por exemplo, o fundador da Playboy, Hugh Hefner, comprou a sepultura ao lado do túmulo de Monroe.

Outras homenagens foram rudes! A peça “Depois da Queda”, de 1964, escrita pelo ex-marido de Marilyn, Arthur Miller, é baseada no tempo em que viveram juntos. E não foi exatamente uma homenagem. James Baldwin saiu no meio da peça dizendo que a personagem Maggie –– claramente baseada em Monroe –– foi escrita de forma muito cruel.

Como sabemos, o mais ilustre amante de Marilyn, John F. Kennedy, foi assassinado em 1963, e seu irmão Bobby Kennedy foi assassinado em 1968. Mas isso não impediu as revelações bombásticas e as teorias da conspiração. Existe um boato de que ela estava grávida de JFK e ligou para ele ameaçando chamar uma coletiva de imprensa para revelar tudo. John Kennedy teria então pedido ao irmão Bobby que resolvesse esse problema.

Em 1972, a atriz Veronica Hamel comprou a antiga casa de Marilyn e, quando a renovou, fez uma descoberta chocante. Um extenso sistema de fios telefônicos estava escondido pela casa. Ninguém sabe se a CIA, o FBI ou mesmo Joe DiMaggio, com a ajuda de Frank Sinatra, grampeou a casa de Marilyn. Isso deu força para as teorias de assassinato, que se sustentam até hoje.

Porém, devemos lembrar também do histórico de suicídio na família. Seu avô, seu tio e sua bisavó materna tiraram a própria vida. Sua mãe, Gladys Eley, também tentou se suicidar e, quando Marilyn morreu, ela ainda estava internada num sanatório de luxo, pago por Marilyn. Ao receber a notícia sobre a filha famosa ela disse: “Eu nunca ouvi falar de Marilyn Monroe.”

Um fim trágico para uma história incrível. Além de ter sido uma das mulheres mais lindas do cinema, Marilyn foi também uma das mais deprimidas dos holofotes. Em muitas obras baseadas nela, podemos notar que ela era um tanto ninfomaníaca. O prazer, o dinheiro, a fama e os excessos contrastam com sua busca pelo básico: o amor paterno e o sonho de ser mãe.

Frank Sinatra dizia: “Marilyn era como um meteoro, e era impossível não ficar fascinado com sua jornada. Sabia-se que ela ia se chocar e se queimar, mas não se sabia quando. A única certeza era que sua jornada seria cintilante e incrível”.

Então, é isso… Espero que você tenha gostado desse mergulho na vida de Marilyn Monroe e que indique esse episódio para pessoas legais que também precisam ouvir essa história.

Quero agradecer aos sócios diretores que fazem parte da mais alta patente desse clube. São eles: Matheus Godoy, Henrique Vieira Lima, Caio Camasso, Marcelo Leonardo, Luis Machado, Lucas Valente, Antonio Valmir Salgado Jr., João Junior Vasconcelos Santos, Diego Vinicius, Jaques Liston, Liston Jr. e André Fonseca.

Foi um prazer falar de música com você e até a próxima!

Gilson de Lazari

 

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Roteiro e locução: Gilson de Lazari

Revisão: Camilla Spinola e Gus Ferroni

Transcrição: Camilla Spinola

Arte da vitrine: Patrick Lima

Edição de áudio: Rogério Silva

 

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