Em 1990, Roger Waters, o responsável pelo conceito de The Wall, realizou um grande concerto nas ruínas do muro de Berlim. Um mega espetáculo com diversos convidados especiais, que devido ao seu simbolismo poético, ficará eternizado na história da música.
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Conceitualmente, o Muro de Berlin tem pouco há ver com o álbum do Pink Floyd. Mas consequentemente, eles são bem parecidos:
The Wall narra a evolução dos eventos traumáticos do ex-líder do Pink Floyd, Roger Waters, que desde a sua infância até sua vida profissional, (metaforicamente) simbolizou cada trauma seu como apenas mais um tijolo no seu muro mental construído para protege-lo de eventos traumáticos. No álbum duplo do Pink Floyd lançado em 1979, acompanhamos essa evolução e assim que o muro fica completo, Pink (o personagem principal do álbum e do filme) torna-se um ditador, tal qual o assassino de seu pai. Vale lembrar que o pai de Waters, foi um combatente do exercito britânico e morreu em uma batalha contra os nazistas.
Já o Muro de Proteção Antifascista, também conhecido por Muro de Berlin, é um evento histórico real e traumático, porque faz parte da guerra ideológica que dividiu a Alemanha em dois países. De um lado a Alemanha Ocidental regida pelos EUA, Reino Unido e França com conceitos ideológicos capitalistas e do outro lado, a Alemanha Oriental, sob domínio da União Soviética e seus conceitos socialistas.
Os EUA jamais foram os bonzinhos da história, mas após a Segunda Guerra, foram eles que propuseram o Plano Marshal de reconstrução da Europa, fomentando a autossuficiência desses países, inclusive da Alemanha, mas os Russos, já com a bandeira unificada da União Soviética, não curtiam muito essa autossuficiência. Stalin tinha planos claros de enfraquecer o controle Britânico e queria minar a influencia dos EUA na Europa, uma disputa se inicia instaurando a tal Guerra Fria.
A Alemanha Ocidental, com ajuda dos países aliados começou a reagir economicamente e entre 1949 e 1961 houve uma debandada dos alemães orientais que não queriam mais viver no lado socialista. Mais de 2,5 milhões de pessoas fugiram em busca de uma nova vida. Para impedir isso, as autoridades comunistas determinaram a construção do muro que dividia a cidade de Berlin. Na noite de 13 de agosto de 1961, numa mobilização civil bem articulada, o muro de Berlim foi erguido em poucas horas e ao longo dos anos, evoluiu. Em 1961 era basicamente cercas de arame e poucos trechos com blocos de concreto. Mas por volta de 1980, já haviam construído 150 mil quilômetros de divisa, com várias seções estratégicas de concreto armado, cada uma com 3,6 metros de altura e 1,2 metro de largura.
O álbum duplo, The Wall, foi lançado em novembro de 1979 e é até o hoje, o álbum duplo mais vendido de todos os tempos. O conceito foi impactante, tanto artisticamente, quanto politicamente. Vale lembrar que antes de The Wall, o Pink Floyd lançou Animals, um álbum conceitual baseado no livro de George Orwell A Revolução dos Bichos que narra a jornada de um grupo de animais que decide se rebelar contra a exploração dos humanos. É uma sátira sobre o totalitarismo, mais especificamente com os rumos ditados pela Revolução Russa, de 1917.
E vale lembrar também que o Pink Floyd, nos anos 70, era a banda mais vendida do Reino Unido e tinha uma imensa legião de fãs, foram eles que promoveram os primeiros concertos de rock em estádios e mobilizaram multidões… The Wall, obviamente foi comparado com o que vinha acontecendo na Alemanha Oriental, principalmente pelo seu muro imenso que impedia o ir e vir e também porque o álbum trazia uma mensagem importante:
Derrube os muros que nos separam, aprenda a respeitar e conviver com as situações adversas.
The Wall” foi o muro que derrubou muros.
Como é sabido, o Muro caiu, e isso começou a acontecer no dia 09 de novembro de 1989, eu tinha 11 anos e estava na frente da TV quando chegou essa noticia:
O otimismo foi tão real que embalou semanas e até meses de comemorações devido a queda do Muro, artistas passaram a se apresentar nas ruínas e vejam só, Roger Waters foi convidado para fazer um show, mas não um show qualquer, um mega espetáculo onde tocaria todas as músicas de The Wall na integra para coroar a celebração da Alemanha Unificada.
O show aconteceu no terreno, que ficou conhecido como “terra sem dono”, Roger Waters contou com convidados ilustres, como Scorpions, Cindy Lauper, Joni Mitchell, Brian Adams, Sinead O’Connor entre outros, Esse concerto ficou eternizado como um dos maiores espetáculos da história da música, enfatizado pelo simbolismo poético devido à queda do muro de Berlin. É claro que como fã, eu queria o Pink Floyd tocando completo com Nich Mason, Richard Wright e David Gilmour, mas isso não foi possível porque Roger Waters saiu da banda em 1985, cinco anos antes da apresentação em comemoração à queda do Muro de Berlin.
O cantor e baixista que escreveu a maioria das canções exigia o controle artístico exclusivo, esse foi o motivo da separação. Quando saiu do Pink Floyd, ele foi indagado numa entrevista se voltaria a apresentar a ópera-rock The Wall na íntegra novamente, Waters respondeu com um decidido “não”. Mas disse que se o Muro de Berlim caísse, então ele poderia pensar a respeito.
Foi o que aconteceu, e o Show foi realizado em caráter beneficente, 220 mil ingressos foram vendidos com antecedência, e estima-se um publico de 350 mil pessoas. Roger Waters, montou um time de músicos experientes para substituir os integrantes do Pink Floyd e a produção não economizou na estrutura, um megapalco de 168 metros de largura e 41 metros de profundidade foi construído agregado a gruas e guindastes para manipular os colossais marionetes retratados no álbum, também foram usados diversos helicópteros e tudo isso foi transmitido ao vivo para 35 países e 175 rádios, no Brasil a transmissão ficou a cargo da Band.
A expectativa para esse show foi enorme, teve falhas, claro, mas nada que comprometesse. Com muito glamour o espetáculo começa com a chegada de uma enorme limusine que para na frente do palco e desce os Scorpions, uma das principais bandas de rock dos anos 80 que aclamada pela plateia correm até o palco para tocar In The Flesh, canção que abre o disco e o show. Você pode conferir na integra no You Tube, vale muito a pena, principalmente nesse atual momento de insegurança que vivemos com novas ameaças de guerra, digo isso porque após duas horas de show, é possível interprestar aquilo como uma terapia de grupo histórica. Principalmente quando, o muro cai e a multidão vai ao delírio com direito a muitas lagrimas de emoção.
É amigos, essa é a música que salva, um tremendo show de rock, que marca o fim de uma era de caos ideológico. A mensagem de hoje é essa e vale a pena tentar comparar com os momentos atuais, sempre valorizando a arte em especial a música que cura feridas há séculos.
Foi um prazer falar de música com você e até a próxima!
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Roteiro e locução: Gilson de Lazari
Edição de áudio: Rogério Silva
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