Você tem acompanhado a treta “Neil Young vs Spotify”? Mudanças significativas estão sendo ponderadas após o anúncio da saída do velho Neil do maior serviço de streaming musical da atualidade.
Entenda o caso e tire suas conclusões.
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Você tem acompanhado a “treta”: Neil Young vs Spotify? Mudanças significativas estão sendo ponderadas após o velho Neil, anunciar sua saída do maior portal de streamings da atualidade, um fato que também mobilizou outros artistas e até transcendeu a música, porque, estamos falando de negacionismo e desinformação.
Antes de aprofundar o tema, precisamos nos localizar na linha do tempo da humanidade: Em 2020, um novo vírus ceifou a vida de milhares de pessoas no mundo todo. Cientistas e órgãos competentes tentaram desenvolver uma vacina eficaz, mas esse, era um vírus mutante. Então, a Organização mundial de Saúde recomendou o isolamento social. Muitos lideres políticos seguiram as recomendações da OMS, mas outros questionaram e até boicotaram.
Some-se ao momento de insegurança: desgastes políticos e melancolia por causa do isolamento social e temos um pico de relacionamentos virtuais. Redes sociais e mensageiros eletrônicos trouxeram entretenimento, aproximaram as pessoas com segurança, mas também promoveu muita desinformação e teorias conspiracionistas.
Cientes do momento histórico, agora precisamos analisar 3 personagens: Neil Young, Joe Rogan e o Spotify para então, tentarmos descobrir as razões e motivos sobre o caso que virou manchete em todos os tabloides musicais ou não.
O principal personagem, claro, é Neil Young – um canadense que migrou para os EUA nos anos 60 fazer seu roquezinho antigo que incialmente não fazia mal a ninguém e nos anos 70 tornou-se um astro do Folk/Rock. Talvez a obra de Young seja até pouco difundida aqui no Brasil, mas lembre-se que ele foi considerado o 17º melhor guitarrista do mundo segundo a revista Rolling Stone e tem uma obra que conta com 51 álbuns de estúdio. Nos anos 90 ele ressurgiu ao unir forças com o movimento Grunge e seu lema é “agitar o mundo livre”.
Desde o inicio dos anos 70, período que marca sua ascensão na indústria musical, o velho Neil já vem se envolvendo em polêmicas, porquê, muitas de suas músicas se tornaram “gritos de protesto” e várias dessas letras, contém recados indigestos, principalmente aos americanos conservadores do Sul. Se você já ouviu o episódio 41 sobre o hino do sounther rock, “Sweet Home Alabama”, sabe que essa música se trata de uma resposta do Lynyrd Skynyrd às provocações de Neil Young.
Pois bem, voltando aos fatos atuais, Neil Young que está com 76 anos, ficou puto da vida com as “desinformações” que estavam sendo propagadas em um dos podcasts americanos mais famosos da atualidade e que também é um conteúdo exclusivo do Spotify.
O famoso serviço de streaming de música foi lançado em 2008 e possui uma biblioteca com mais de 70 milhões de faixas. Hoje, o Spotify tem cerca de 365 milhões de usuários globalmente, o que lhe credencia como o mais popular site de Streaming.
Além de ser parceiro de gravadoras ajudando a atualizar a indústria musical nos tempos pós MP3. O portal também investiu em podcasts, hoje 2,2 milhões de podcasts estão no Spotify e não apenas isso, eles fizeram também contratos de exclusividade com alguns famosos podcasters. Você pode até encontrar uma isca em outras plataformas, mas se quiser ouvir “aquele podcast exclusivo”, daí você tem que ter o aplicativo do Spotify instalado no seu smartphone. E se quiser ficar livre das propagandas, daí você tem que assinar o serviço dos caras que em 2021, registrou lucro líquido de US$ 2,3 milhões, e uma receita total de US$ 2,9 bilhões.
O comediante Joe Rogan, um dos tripés dessa polêmica, recebeu cerca de US$ 100 milhões pelos direitos do seu podcast chamado “The Joe Rogan Experience” – que já era um sucesso no Youtube e logo se tornou o podcast mais popular do Spotify e dos EUA com um índice de downloads de quase 200 milhões por mês. O cara é um fenômeno, sem duvidas.
Joe Rogan é um americano de Nova Jérsei que ganhou notoriedade devido aos shows de comédia “standups”. Ele também desenvolve um trabalho como comentarista esportivo, mas foi através do podcast que Joe tornou-se famoso nos EUA. O formato é o tradicional bate papo, onde Joe deixa seus convidados desenvolverem os temas livremente e além de dar voz para conspiracionistas, saiba que, grandes personalidades mundiais já trocaram uma ideia nesse podcast.
Pois bem, a treta com Neil Young começa porque, Joe Rogan, que pode até ser um cara “da hora” pra se trocar algumas ideias, passou a propagador desinformações sobre o vírus que ainda está matando muita gente no mundo todo. Além de Neil Young, 270 médicos, cientistas e professores também se organizaram em dezembro de 2021 para pedir ao Spotify que “moderasse a desinformação em sua plataforma” evidenciando o desserviço de Joe Rogan.
Em sua carta aberta, Neil Young acusou o Spotify de “propagar informações falsas sobre vacinas ao disponibilizar os podcasts de Rogan para milhões de ouvintes.
Mas o Spotify, defendendo seus investimentos, considerou vital a manutenção de Joe Rogan, e quando Neil Young tomou ciência que sua reinvindicação não seria atendida, ele pediu ajuda para gravadora e todas as suas musicas foram removidas do site.
Estou fazendo isso porque o Spotify está espalhando informações falsas sobre vacinas — potencialmente causando a morte daqueles que acreditam que a desinformação está sendo espalhada por eles… Eles podem ter Rogan ou Young. Não os dois
Foi o que justificou Neil Young e desde então, supõe-se, que o Spotify perdeu bilhões de dólares, principalmente porque outros artistas também vêm boicotando o serviço. Entre eles, a famosa Joni Mitchell, que tem um catalogo de sucessos tão grande quanto Neil Young e disse:
Irresponsáveis estão espalhando mentiras que estão custando as vidas das pessoas
India.Arie, indicada 23 vezes ao Grammy, foi outra estrela da música que se juntou a Young e anunciou a saída do Spotify, assim como seus antigos companheiros de banda David Crosby, Stephen Stills e Graham Nash.
Preocupado com a repercussão e a desvalorização das ações, o CEO do Spotify, Daniel Ek, publicou uma carta aberta dizendo que a plataforma vai começar a adicionar um “aviso de conteúdo” a todos os podcasts do Spotify que incluírem informações sobre a COVID, além de oferecer mais transparência pública sobre as “regras da plataforma”. Só que não haviam comunicado nenhuma restrição, até recentemente, quando a empresa confirmou a retirada de 70 episódios de “The Joe Rogan Experience”, por questões racistas. No caso das vacinas, Joe Rogan até pediu desculpas, justificou que é fã de Neil Young e recentemente deu um depoimento no seu Instagram onde afirmou que:
Não estou tentando promover desinformações
E que apenas convidou ao programa figuras anti-vacina para ouvir a opinião deles. Mas vale ressaltar que menos de 24 horas depois de pedir desculpas, Joe Rogan voltou a usar o Twitter para defender o uso de medicamentos ineficazes no combate ao vírus.
Até agora é isso, e se quiser, já pode fazer seu julgamento sobre o caso, afinal, as redes sociais se tornaram isso: um grande tribunal.
Mas o que você talvez não saiba sobre esse caso é que tanto Neil Young, quanto Joni Mitchell, são da época da pólio e sofreram com a doença causada por um vírus que foi praticamente erradicado graças a vacina. Neil Young em especial, precisou reaprender a andar durante sua infância nos anos 50 e até hoje sofre com as sequelas que supostamente seria o motivo do roqueiro ser pai de dois filhos com paralisia cerebral.
Outra coisa que talvez você não saiba é que não é de hoje que Joe Rogan está com problemas na justiça por causa do seu podcast. Desde a época do YouTube ele já era acusado de islamofobia, transfobia e racismo.
E por fim, talvez você também não saiba é que 20 dias antes de comprar a briga com o Spotify e retirar todo seu catálogo de lá. Neil Young fechou negócio e vendeu todos os direitos de suas músicas por 150 milhões de dólares. Ou seja, o prejuízo que a sua saída do Spotify causou, não é mais um prejuízo do Neil Young e sim, dos donos do catalogo.
Então é isso, Neil Youg não está mais no Spotify, e até incentivou os funcionários que se demitissem de lá, após ter anunciado assinaturas gratuitas no Amazon Music para os seus seguidores nas redes sociais. Infelizmente a oferta é apenas para ouvintes dos Estados Unidos e Canadá e por fim, cá estamos, apreciamos pela janela o velho capitalismo do Tio Sam novamente movendo as peças e como sempre, se dando bem com as polemicas dos famosos.
Foi um prazer falar de música com você e até a próxima!
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A edição desse drops é do Rogério Cocão, e a produção é minha Gilson de Lazari, foi um prazer falar de música e até a proxima.
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Roteiro e locução: Gilson de Lazari
Edição de áudio: Rogério Silva
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