Dona de uma voz inigualável, ela se tornou uma das maiores referências do Rock mundial. Sua trajetória foi curta, mas intensa e hoje ela faz parte do “Clube dos 27.”
Conheça a história de “Janis Joplin,” a hippie doidona, que presenteou o mundo com suas mais lindas pérolas.
Formato: MP3/ZIP
Tamanho: 64,9 MB
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Roteiro e locução: Gilson de Lazari
Revisão: Camilla Spinola e Gus Ferroni
Transcrição: Camilla Spinola
Arte da vitrine: Patrick Lima e Caio Camasso>
Edição de áudio: Rogério Silva
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Olá, eu sou o Gilson de Lazari, seja bem vindo a mais um capítulo da temporada das mina! Esse, é o segundo de 10 episódios exclusivos sobre as grandes cantoras da musica mundial.
Você sabia, que em 2020, serão 50 anos da morte de Janis Joplin? Se ela estivesse viva, teria hoje 76 anos, mas Janis Morreu de forma precoce, com apenas 27 anos. Sabe quem também morreu com essa mesma idade? Jim Morrison, Jimi Hendrix, Brian Jones, Kurt Cobain, Amy Winehouse… é uma data cabalística, chamam de: “clube dos 27,” que se refere a uma incomum quantidade de músicos famosos, que morreram aos 27 anos, envolvidos pelo excesso de álcool e drogas. Nós já falamos um pouco sobre Kurt Cobain, no episódio 13 do Clube e hoje, é a vez de Janis Joplin.
O Clube da Música Autoral, faz parte do “Overcast,” uma rede de podcasts, que foge do padrão da podosfera atual. Conheça mais em: overcast.com.br
Meus sinceros agradecimentos, aos diretores do Clube da Música Autoral… Caio Camasso, Emerson Castro, Henrique vieira Lima, Luiz Prandini, Antonio Valmir Salgado, Matheus Godoy, João Jr Vasconcelos Santos e Vinicius Gomes; mais que sócios, eles são diretores do Clube e além dos nomes citados em todos os episódios, podem ouvir antes do lançamento e recebem uma camiseta exclusiva. Quem escolheu as musas e a ordem dessa temporada, foram os sócios, através da enquete de apoio e olha, pela diferença de apenas um voto, a diva de hoje, seria a “Pitty!” Pois é…
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Quero lembrá-los, que estou tentando publicar o meu livro, “Os Delírios Musicais.” Acesse: catarse.me/osdeliriosmusicais e participe do financiamento. Bote fé, o projeto é legal e precisa do seu apoio.
As novas artes de vitrine dessa temporada, estão sendo pintadas a óleo, pelo artista plástico “Caio Camasso.” Se você curtiu e quer conhecer mais sobre a arte do Caio, segue ele no Instagram: @artecamasso e se você por acaso, quiser adquirir um dos quadros do Caio, aviso que sócios do Clube, tem desconto de 20%.
No primeiro episódio dessa temporada, eu falei sobre Nina Simone e já recebemos alguns testemunhos legais sobre Nina, então, já deixo avisado, mande um email, uma carta, um sinal de fumaça, uma twitada, enfim… divida com a gente, sua opinião e sentimentos. As mensagens mais legais, serão lidas no episódio extra sobre a terceira temporada.
Todos os links que eu falei aqui, você encontra no nosso site: clubedamusicaautoral.com.br
Legal. Tudo pronto aí, Cocão? Segura o Disco um pouquinho…
Hoje, falaremos sobre a história intensa e curta, de uma artista, que se envolveu inconsequentemente, no mundo das drogas. Com certeza, sua morte, foi uma perda irreparável para a música, mas sua partida precoce, vai nos ajudar a reconhecer, o valor de estar vivo e digo mais, de fazermos valer esse ar, que nos enche os pulmões. Com vocês… Janis Joplin! Com respeito e sem ser vago.
Acredito que ser adolescente, independente da época, nunca deve ter sido fácil. Eu tenho meus traumas de adolescente e acho que você, deve ter os seus também. O fato discutível aqui, é… até que ponto,, seus traumas de adolescente, vai influenciar na sua vida adulta.
Tente imaginar uma high school, típica americana, com o grupo das animadoras de torcida, o grupo dos jogadores de futebol, o grupo dos nerds, o grupo dos bagunceiros e claro, o grupo dos esquisitos… geralmente, formado por tímidos adolescentes, fora dos padrões de beleza.
Janis Joplin, era uma adolescente fora dos padrões. Ela tinha o cabelo grande e armado, era gordinha, tinha a estatura baixa e o rosto repleto de espinhas, ou seja, ela era do grupo dos esquisitos. Daí, já sabemos o quanto adolescentes em grupos, podem ser cruéis, não? Janis e seus colegas esquisitos, eram vitimas de bullying.
Aqui no Brasil, conhecemos bem essa tradição americana, principalmente, por causa dos filmes e séries que assistimos. Acho que nem preciso explicar, os famosos bailes de verão, uma tradição americana, principalmente nos anos 50 e 60; eventos que se tornavam inesquecíveis para os adolescentes, pois bem, era o momento em que esses jovens, tomavam seus primeiros porres, levavam seus primeiros foras e davam seus primeiros beijos. Nessas ocasiões, também aconteciam as famosas eleições, do rei e rainha do baile. A única certeza, era que alguém, ou alguns, sairiam traumatizados desses bailes. Janis, por ser considerada Esquisita, nunca foi convidada para o baile, mas a turma da zoeira, resolveu eleger, o homem mais feio da escola. Mesmo que você levasse na brincadeira, ser considerado o garoto mais feio, deixaria qualquer um com a autoestima baixa, concorda?
Agora, tente imaginar, ser eleito o homem mais feio da escola, sendo você, uma garota. Cara, a maldade não tinha limites e foi o que aconteceu com Janis; ela, foi eleita o homem mais feio do colégio. Isso, não só arruinou sua autoestima, como também, alimentou um trauma, que a acompanharia pelo o resto da sua vida.
Estamos ouvindo, “Bessie Smith,” conhecida como: “a imperatriz do Blues.” Ao lado de “Louis Armstrong,” era a voz mais famosa da década de 20 e 30. Nos seus momentos de Agonia e baixa estima, era o tipo de som, que Janis gostava de ouvir.
Bessie Smith, também teve uma história incrível, pois além de negra, ela era bissexual. Mas mesmo assim, se tornou a mais bem paga artista negra de sua época. Bessie, morreu em um fatal acidente de carro, em 1933, quando tinha apenas 43 anos e foi enterrada em uma vala sem lápide. Não apenas suas músicas, mas seu estilo de vida, influenciaram demais, a adolescente Janis Joplin, que no futuro, comprou uma lápide, que foi colocada no local, onde sua musa inspiradora, foi sepultada.
Janis, nasceu em Port Arthur, no Texas, no dia 19 de janeiro de 1943 e foi batizada como: “Janis Lyn Joplin.” Seu pai, Seth Ward Joplin, gerenciava uma refinaria de petróleo. Port Arthur, era uma pequena cidade,, conhecida pela grande quantidade de refinarias; eram tantas, que o cheiro de petróleo e a fumaça, frequentemente, cobriam a cidade, algo que Janis detestava.
Filha mais velha de três irmãos, sua mãe, logo percebeu que ela não parecia ser uma criança normal. Na adolescência, ela se interessou por artes; escrevia poemas e principalmente, pintava quadros.
No colégio, Janis, tinha poucos amigos; ela não queria ser como as demais garotas e evitava o modismo. Gostava de usar minissaia (um tabu para a época) e as vezes, ia para o colégio descalça; isso, incomodava os outros alunos, que a chamavam de estranha. Seus pais, lembram que Janis, era uma revolucionária não compreendida, que por causa do bullying, isolou-se com a música.
Quando Janis morreu, a grande mídia sensacionalista, vasculhou sua vida e a caluniaram, inventando histórias absurdas, como que ela havia fugido de casa aos 11 anos de idade. Isso não é verdade; ao acabar o colégio, Janis, fez alguns cursos em cidades vizinhas, inclusive, em Los Angeles, mas, acabou voltando para Port Arthur. Só em 1962, ela, resolve se mudar para Austin e fazer artes, na Universidade do Texas. Lá, ela se envolveu com a turma do fundão, mas segundo os seus pais, todas as viagens dela, foram com aval e financiamento deles.
O que aconteceu também no Texas, foi que, Janis, passou a frequentar umas festas estranhas, com uns caras esquisitos… foi quando nasceu, a Janis Joplin cantora. Ouça sua primeira gravação…
Antes de começar, Janis diz:
– Essa é uma música chamada: “o que de bom pode ter na bebedeira?” Que eu escrevi uma noite dessas, depois de encher a cara.
Esse tape, foi gravado em um bar no Texas. Janis, estava descobrindo sua voz; notem, que não tem nada a ver com aquela voz rasgada característica. Nessa gravação, ela, toca um instrumento chamado: “auto-harp,” que estava sempre com ela a tira colo. Se você não conhece, o auto-harp, é uma espécie de Harpa em miniatura; é muito simples de ser tocada, basta pressionar os botões equivalente as notas e os acordes, soam automaticamente… é bem legal.
Em Austin, Joplin, se apresentava em encontros musicais casuais, mas, de vez em quando, também rolava, um showzinho remunerado. Desde os tempos do colégio, ela, já se arriscava a imitar Bessie Smith, – Mas, a brincadeira ficou séria, quando ela, passou a dar canjas com os “Waller Creek Boys,” um trio musical profissional.
O que dizem, é que Janis, mesmo sem saber as canções direito, se metia a cantar e acabava surpreendendo a plateia, com seus improvisos. Ela, era diferente de qualquer outra vocalista feminina branca da época, pois, tinha o feeling do Blues e conseguia cantar como as negras, principalmente, depois que já estava bêbada e sua voz rouca, mostrava uma personalidade única.
Em janeiro de 1963, Joplin, abandonou de vez a universidade, para tentar carreira como cantora. Havia uma cena cultural emergente, em São Francisco e todos os artistas da nova geração, estavam indo pra lá. Janis, pegou seu violão, algumas peças de roupa e partiu, ao lado de seu novo amigo, “Chet Helms.”
Chegando em São Francisco, Chet, se tornou vendedor de maconha. Janis, cantava quase o tempo todo nas praças, de graça e dificilmente fazia apresentações remuneradas. Apesar das dificuldades, ela, conseguiu criar uma pequena legião de fãs, pois também, era muito espirituosa e tinha o dom de atrair as pessoas certas; seu carisma e ingenuidade, cativava a todos. Um desses, foi o guitarrista “Jorma Kaukonen,” futuro guitarrista do “Jefferson Airplaine.” Acontece que, na ocasião, a dupla, havia marcado uma apresentação em um famoso Clube de São Francisco e resolveram ensaiar na casa de Jorma. Sua esposa Sueca, estava escrevendo uma carta para sua mãe, na má’quina de datilografia e sem interrompê-la, gravaram o ensaio. Ouça uma dessas canções e repare na máquina de escrever ao fundo.
Essa fita, acabou sendo pirateada entre fãs e ficou apelidada, de: “Typewriter Tapes.” Apesar da qualidade, reparem como o estilo de Janis, evoluiu; aqui, podemos ouvir uma performance, bem próxima do que a que a deixou famosa.
Janis, até descolou uma pequena apresentação, no “Festival de Monterey de 1963,” – mas isso, não deu muita força para sua carreira, pois ela, estava também, muito doida. Janis, havia se tornado hippie e passou a viajar por alguns estados. Logo, seu estilo de vida desregrado, começou a prejudicar sua música, isso, fez com que ela, desse um tempo em Nova Iorque, onde esperava ter mais sorte como cantora e também, diminuir o consumo de bebidas e drogas, mas infelizmente, não deu certo e para piorar, Janis, acabou se envolvendo com heroína, uma droga bem mais pesada e pouco estudada na época. Para piorar mais ainda, ela, foi presa, tentando roubar uma loja de roupas.
Em 1965, Janis, voltou para São Francisco e seus amigos, ao verem seu estado físico, fizeram uma vaquinha e pagaram a passagem, mandando ela de volta para a casa de seus pais. Ao chegar em Port Arthur, além de estar psicologicamente abalada, pesava apenas 40 quilos. Aparentemente, aquele, era o fim da carreira musical, de Janis Joplin.
Recapitulando nossa história até aqui, vemos uma mina muito doida, desde os tempos de colégio, que foi pra faculdade e com um talento incrível, começou a cantar profissionalmente, mas se envolveu no mundo das drogas e desistiu de tudo, voltando para a casa dos pais, praticamente destruída. Parece mórbido e decadente, mas, é bom lembrar, que nos anos 60, rolava um movimento, que era a favor do uso de drogas; um lance paz e amor, que de tão descolado e moderno, atraía a maioria dos jovens da época, para aquela vida maluca.
– Cocão, acho que seria uma boa ideia, voltarmos a fita, para podermos explicar, o que foi esse tal “movimento hippie.”
Resumindo, o movimento hippie, foi o principal movimento comportamental coletivo de contracultura dos anos 60, nos E.U.A.
A origem do movimento, tem a ver com a segregação racial, que implodia nessa década, principalmente, com os movimentos dos direitos civis americanos.
A principal explicação para a origem do nome “hippie,” é uma adaptação da palavra inglesa, “hipster,” que era usada para se referir, às pessoas que se envolviam com a cultura negra.
O movimento hippie, é uma evolução da chamada: “Geração Beat,” os “beatniks;” uma leva de escritores e artistas, que assumiram comportamentos, que iam contra as regras conservadoras e que viriam a ser copiados posteriormente, pelos hippies.
Inclusive, foi usando a referência do movimento “beat,” que “John Lennon,” um dos principais porta-vozes pop, do movimento hippie, se inspirou para sugerir o nome da sua nova banda… os “The Beatles.”
O símbolo da paz, que era também o símbolo hippie, foi desenvolvido na Inglaterra, como logotipo para uma campanha pelo Desarmamento no mundo. Os E.U.A, como todos sabemos, teve sua ascensão, com a venda de armas e o movimento hippie, era contra armas. Os artistas do movimento, adoravam desenvolver temas, que fizessem as pessoas refletirem sobre o poder destrutivo de armas e guerras… enfim.
Os hippies, defendiam o amor livre e a não violência. O lema: “paz e amor,” sintetiza bem, a postura política deles, que ajudaram muito no movimento pelos direitos civis, pregando igualdade e anti-militarismo, tendo como referências, as lutas de Gandhi e Martin Luther King, mas os hippies, não eram nada organizados e mantinham uma postura mais festiva, do que confrontativa.
Em comum, usavam cabelos longos e barbas compridas, algo que se tornou moda, no final dos anos 60 e voltou recentemente.
Já, a ala conservadora americana, considerava os cabelos e barbas compridos, uma ofensa, em parte, por causa da atitude dos hippies, e também, os chamavam de “anti-higiênicos,” por se banharem nos rios e praticarem o nudismo.
Mas, em 1966, aconteceu uma virada na opinião pública, quando foi lançada a peça da Broadway, chamada: “Hair,” que evidenciava a contracultura Hippie e acabou ajudando muito, a massificar o movimento.
Os Hippies americanos, tiveram como maior bandeira, o combate contra a Guerra do Vietnã, isso, porquê, muitos americanos, estavam morrendo e muitos ex-combatentes ,que conseguiam voltar da guerra, estavam se juntando aos hippies; eram soldados que haviam tido contato com os indianos e conhecido a cultura oriental, que também influenciou e inspirou a filosofia hippie.
Janis Joplin, ao mudar-se para São Francisco, virou uma autentica hiponga, pois lá, era o grande polo de encontro do movimento. Inclusive, um namorado dela, na época, foi convocado para combater no Vietnã e ele foi, como representante do movimento hippie, mas infelizmente, ele não voltou de lá.
Entre os hippies, o amor, era livre e sem distinções, ou seja, rolava homem com homem e mulher com mulher. Janis, confirmou ter se envolvido com mulheres também, até aí, tudo bem, a parte perigosa do movimento hippie, na verdade, foi a falta de conhecimento sobre os efeitos colaterais das drogas que eles usavam e defendiam.
Para os hippies,, essas substancias, tinham uma utilidade vital na liberação da mente. Entre as drogas mais utilizadas, estavam a maconha, o haxixe, o LSD, e a Psilocibina, mais conhecida como: “chá de cogumelo.”
“Timothy Leary,” era um psicólogo famoso da época, que defendia os benefícios terapêuticos e espirituais do LSD. Ele, acabou preso, mas não antes, de influenciar muitos jovens. Já o uso da maconha, era exaltado, principalmente, por ser uma erva natural.
Acho que dá pra imaginar, porquê tantos jovens americanos, aderiram ao movimento hippie da década de 60, não? Aliás, movimento esse, que se espalhou por todo o mundo e aqui no Brasil, influenciou a nossa Tropicália, por exemplo.
Mas, sabemos que até ser livre, tem suas consequências. Em 1968, os hippies americanos, começaram a se dispersar, pois, a guerra do Vietnã, chegava ao fim e várias mortes foram registradas, por abuso de drogas. A imagem dos hippies, perante a sociedade, estava manchada e dentro dos próprios movimentos, começaram a surgir alas reguladoras, impondo limites e não permitindo o uso de certas substâncias, ou seja, regras, num mundo, que era para ser totalmente livre.
Janis Joplin, ao fugir de São Francisco, estava tentando escapar do mundo sem regras dos hippies, que quase a matou. Assim que ela se recuperou da dependência química, também resolveu mudar seu estilo; ela, adotou um penteado estilo coque e passou a usar roupas tradicionais texanas; ela, queria ter uma vida normal. Voltou para faculdade e inclusive, passou por sessões terapêuticas. Janis, acreditava que jamais conseguiria voltar a cantar sem usar drogas; as sessões serviam para encorajá-la a seguir sua carreira limpa.
Por fim, um ano depois, Janis, voltou a fazer pequenas apresentações e até chegou a gravar algumas músicas sóbria. Inicialmente, era apenas violão e voz, mas essa gravação, acabou lançada depois de sua morte, com a adição de outros instrumentos, e sob o titulo de: “This is Janis Joplin.”
Essa que estamos ouvindo, se chama: “Turtle Blues,” uma composição de Janis, que viria a se tornar famosa no futuro, Mas nessa época sóbria, ela, estava pouco confiante em sua carreira musical. Chegou a ficar noiva de um rapaz, que pediu sua mão aos pais de Janis e tals… mas pouco tempo depois, ele, desapareceu sem dar notícias. Janis, acabou descobrindo que ele, tinha outra família.
Além dos problemas com drogas, Janis, também tinha seus traumas de infância; a rejeição, a incomodava demais. Ela, sempre deixou claro, que odiava Port Arthur e não via a hora, de sumir daquele lugar.
Mas o destino, tinha planos para Janis; lá em São Francisco, uma banda chamava a atenção, após ser o destaque do “Trips Festival de 1966,” eles, haviam descolado uma data fixa, no renomado “Avalon Ballroom,” a principal casa de show de São Francisco na época. Eles, se chamavam: “Big Brother & The Holding Company” e estavam a procura de uma vocalista.
E não por uma coincidência, acredito que por conta do destino mesmo, o novo empresário do Big Brother, era Chet Helms, aquele amigo da Janis Joplin, que virou vendedor de maconha… Chet Helms, não teve duvidas e indicou Janis. A banda não a conhecia, mas topou fazer um teste com ela.
Travis Rivers, um amigo em comum, foi encarregado de ir convidá-la para o teste. Janis, nunca havia cantado com uma banda elétrica, mas topou fazer o teste. De volta a São Francisco, após maus bocados, ela, estava irreconhecível, quieta e totalmente diferente, da doidona hippie que era, mas cantou bem no teste e foi contratada pela banda. Ela, fez uma única exigência… que a banda, não usasse drogas injetáveis, na sua presença.
Inicialmente, nos shows,, Janis, cantava poucas musicas e na maior parte do tempo, ficava no fundo do palco, tocando panderola e fazendo backing vocais. Algo, digamos assim, inimaginável, pelo talento de Janis Joplin, mas pouco a pouco, ela, foi conquistando espaço na banda e logo,, adaptou-se as guitarras elétricas. Janis, percebeu que, para ser vocalista de uma banda de Rock, ela, precisava cantar mais alto que eles e balançar os cabelos, como uma louca, então, ela, voltou a beber e a ser a velha Janis doidona.
Essa que estamos ouvindo, se chama: “Intruder” e faz parte do primeiro disco da Big Brother.
A história desse disco, é curiosa. Vale lembrar, que apesar de terem empresários e produtores, a Big Brother, tinha um estilo hippie de vida; seus integrantes, viviam em uma casa comunitária e a festa rolava solta, inclusive, eram vizinhos de outra banda famosa da época, o “Gratefull Dead,” então, dá pra imaginar o nível das festas, né?
Num momento de poucos shows e muita doidera, a banda, resolveu aceitar uma péssima proposta, de uma gravadora de Jazz, chamada: “Maimstream Records,” cujo o dono, “Bob Shaids,” não tinha nenhuma experiência com o Rock. O Big Brother, entrou em estúdio, gravou o disco, mas a Maimstream Records, lançou apenas um single, que foi um fiasco.
Acontece, que poucos meses depois, a Big Brother, foi convidada para tocar no lendário “Monterey Pop Festival de 1967,” aquele famoso festival, responsável por lançar ao estrelato, Jimi Hendrix, The Who e claro, a Big Brother & The Holding Company, que, foram tão elogiados, que se transformaram nos queridinhos da mídia especializada. Tem até gravação desse festival. Se liga só como foi…
Na plateia do Monterey Pop, estava ninguém menos, que “Albert Grossman,” um dos grandes executivos da “Columbia Records,” que imediatamente, tentou contratar a Big Brother, forçando-os a romper aquele péssimo contrato com a antiga gravadora. Então, o primeiro disco do Big Brother, aquele que estava engavetado, foi lançado pela Mainstream Records e dessa vez, foi um estouro de vendas; reflexo da repercussão do Monterey Pop, porém, os integrantes do Big Brother, nunca receberam um centavo pelas vendas. A mú’sica que mais se destacou nesse disco, foi uma composição de Janis Joplin, chamada: “Baby By By.”
Já na Columbia,, a nova gravadora, reformulou a equipe técnica do Big Brother, mandando embora todos os hippies que faziam parte da produção. Agora, os doidões, eram apenas os integrantes da banda. Janis, que até então, evitava drogas pesadas e em suas entrevistas, dizia beber, apenas whisky, chegou a ser procurada por sua marca de whisky preferida, a “Southern Comfort,” que queria patrociná-la. Imagina ser patrocinada por uma marca de whisky…
Mas, conforme a Big Brother, começou a ganhar dinheiro, Janis, fraquejou e rompeu sua promessa; ela, voltou a usar heroína.
Enquanto isso, Albert Grossman, tentando aproveitar o momento de ascensão do Big Brother, contratou “John Simon,” o melhor produtor musical da época e entraram em estúdio, para produzir o segundo disco da Big Brother, o qual, muitos fãs, consideram a melhor fase de Janis Joplin. Ele, foi lançado em 1968, com o título: “Cheap Thrills.” É nesse disco, que aparece o maior clássico do Big Brother, “Piece of my Heart.”
O Cheap Thrills, ao contrário do primeiro álbum do Big Brother, conseguiu captar a áurea roqueira da banda. Algumas faixas, foram masterizadas com a adição de um falso público, para parecer ao vivo. Cheap Thrills, foi lançado no verão de 1968, alcançou o primeiro lugar nas paradas da Billboard e manteve-se lá, por oito semanas (não consecutivas). Esse, foi o álbum de maior sucesso, de 1968, tendo vendido quase um milhão de cópias.
Algumas edições desse álbum, foram lançadas com o nome de Janis em destaque na capa; era o anúncio de uma inevitável carreira solo, principalmente, por causa do sucesso arrebatador, da canção “Summertime.” Aliás, essa canção, originalmente, foi escrita para o espetáculo da Broadway, “Porgy and Bess,” veja bem, a mesma peça que lançou Nina Simone, também impulsionou a carreira de Janis Joplin.
Com o sucesso, Janis e os Brothers, saíram em turnê, mas a mídia, fazia questão de separá-la da banda. A revista Time, publicou: “Janis Joplin, é a voz mais poderosa do Rock branco,” a Vogue, deu manchete na capa: “A mulher mais surpreendente do Rock.”
Aquela supervalorização, estava causando um mal-estar na banda, pois além disso, produtores carniceiros, tentavam promover Janis em eventos separados. Ela, em contrapartida, no mais puro estilo hippie, só queria ficar doidona e afirmava aos jornalistas, não querer deixar a banda, mas isso, estava além de sua vontade. No dia 1º de setembro de 1968, Janis Joplin, anunciou sua saída do Big Brother e o início de sua carreira solo.
Foi um momento difícil para Janis, pois, eles eram como uma família, então, se afundou ainda mais na heroína.
Seus novos empresários, tentaram deixar Janis longe das drogas, para também,, valorizar seus shows. Janis, estava sendo convidada com frequência, para participar de programas de TV e rádio; sua imagem, estava em alta, estampando capas de revistas e em 1969, acabou convidada para participar, do que muitos consideram, o festival musical, mais importante de todos os tempos… o “Woodstock.”
Janis Joplin, subiu ao palco do Woodstock, no segundo dia de Festival, por volta das duas da manhã, logo após o “Creedence Clearwater Revival.” Janis, estava empolgada com o público presente, mas, devido aos atrasos, acabou entrando no palco doidona, mas nem por isso, fez um mau show. Ela, estava acompanhada de sua nova banda, a “Kozmick Blues Band.” O público presente, era incalculável; autoridades, sugeriram algo em torno de 400 mil pessoas. Cara, você consegue imaginar, uma mobilização de 400 mil pessoas querendo ouvir música?
Aproveitando a exposição midiática de Janis, a Columbia, que vinha trabalhando no seu próximo disco, o primeiro da sua carreira solo, resolveu adiantá-lo e um mês após o Woodstock, chegava nas lojas, “I Got Dem Ol’ Kozmic Blues Again Mama!” O grande diferencial desse álbum, é a adição de instrumentos de sopro, algo que a sua antiga banda, não permitia. Então, Janis,, em parceria com o produtor “Gabriel Mekler,” trouxeram essa novidade para suas músicas e olha, não é que ficou bom mesmo…
Apesar de Janis, estar em alta, de ter conquistado o disco de ouro e ser elogiada pela maioria dos críticos musicais, seu primeiro disco solo, ficou longe do sucesso de Cheap Thrills; alguns fãs e críticos, sugeriam que Janis, deveria voltar a Big Brother, mas isso, não aconteceu. Janis, se viu entre críticas vorazes e elogios falsos. Ela, tentava se garantir como intérprete feminina, num ramo predominantemente masculino, então, apelava para as drogas.
Definitivamente, a personalidade frágil de Janis, não a estava ajudando nesse ramo cruel. Seu disco, estava fazendo mais sucesso na Europa, então, ela, ficou dois meses por lá.
De volta aos E.U.A e sentindo-se exausta, Janis, foi literalmente resgatada, por sua amiga e coreógrafa, “Linda Gravenites,” que a levou em férias para o Brasil… olha só que beleza. Inclusive, o grande mito dessa visita, é que Janis, teria tido um caso com o malucão do “Serguey,” uma história que acabou o deixando famoso, apesar do mesmo, já ter contado umas par de versões diferentes dessa história.
Ouvir as histórias do Serguey, é garantia de diversão, mas falando sério, Janis, veio pelo carnaval do Rio. Era 1970 e ela, pretendia largar as drogas definitivamente. Então, além do Serguey, Janis, conheceu um turista norte-americano, chamado: “David George Niehaus,” que estava viajando pelo mundo. David, era perfeito para Janis, pois, apesar do espírito livre, era contra o uso de drogas.
Tudo aparentava, que finalmente, Janis, havia encontrado sua alma-gêmea; juntos, voltaram para os E.U.A. Ela, precisava cumprir seus compromissos com a gravadora e o principal deles, era um novo disco, que deveria ser lançado, ainda naquele ano, mas de volta a rotina de shows, Janis, desabou novamente, voltando a usar heroína. Para piorar, Janis, que era bissexual, traiu David, com sua antiga namorada. Ele, fez o que pôde; tentou salvar Janis, mas, ela não era forte o suficiente.
Para piorar, a Kozmick Blues Band, também se desfez e para coroar a maré de negatividade, Janis, havia aceitado o convite para retornar a Port Arthur, para participar do encontro de 10 anos da sua turma do colégio. Teve sua vida vasculhada e ela, precisou se reencontrar com seus traumas do passado, enquanto David, seu grande amor, a deixava e partia para a África.
A separação amorosa, havia florescido ainda mais as emoções em Janis. Essa que estamos ouvindo, é apenas uma das canções, que ela escreveu baseada nesse relacionamento, que foi sem duvidas, a grande paixão de Janis.
Intensidade, era seu sobrenome, mas, aquele 1970, foi dose dupla; com certeza, o ano mais intenso da vida de Janis. Fim do relacionamento, fim da Kozmic Blues Band, aparições em TVs, escândalos nos bastidores e empresários ambiciosos, querendo mais e mais de Janis.
Ela, chegou a montar outra banda, “A Full Tilt Boogie Band,” um grupo mais enxuto e eficiente, para os interesses da gravadora, que queriam o próximo disco.
Em setembro, alugaram um quarto de hotel para Janis, em Los Angeles, onde seu novo disco, estava em fase de produção, Mas, como não é novidade para ninguém, Janis Joplin, morreu aos 27 anos, antes mesmo de concluir as gravações.
E assim, vamos chegando ao fim dessa curta e intensa trajetória…
Você está ouvindo: “As Bahias e a Cozinha Mineira,” nossa indicação autoral, para você ouvir na playlist desse episódio, que já está disponível no Deezer e no Spotify. Além de ser um baita som legal, as duas vocalistas dessa banda, são transsexuais. A banda, foi montada em São Paulo por volta de 2011, quando morreu Amy Winehouse e resolveram se juntar para um tributo. Conheça As Bahias, é sensacional!
Antes de me despedir, quero reforçar os recados…
O Clube da Música Autoral, chega até você, graças ao apoio que recebemos dos sócios, que entenderam a causa e nos ajudam a manter esse projeto vivo. Seja também um sócio do Clube.
Está rolando no Catarse, o financiamento coletivo do meu livro, “Os Delírios Musicais,” um projeto digno, que merece seu apoio.
Nas redes, completamos todas as informações, que foram narradas aqui. Procure por Clube da Música Autoral, que só de seguir, você, já começa a fazer parte desse clube.
Acesse nosso site: clubedamusicaautoral.com.br que lá, você encontra todos os links que foram citados nesse episódio.
O maior problema de Janis Joplin, era lidar com suas horas livres. Ela, não se conformava, que após acabar os shows ou as sessões de gravações, todos, iam encontrar suas namoradas e famílias e ela, ficava só.
No domingo, mais uma sessão de gravação, estava marcada, mas Janis, não apareceu; isso, era incomum, pois Janis, adorava gravar, discutir os arranjos e sugerir pautas. Ela, estava muito empolgada, com a recém gravada canção, “Me and Bobby McGee,,” pois ela, parecia ter sido escrita para ela e David.
Como Janis não apareceu no estúdio e não atendia o telefone, ao fim do dia, o produtor “John Cooke,” foi até o hotel, conferir se estava tudo bem. As luzes do quarto estavam acesas e a porta trancada. Usando a chave reserva, ele entrou. Aparentemente, o quarto estava vazio. John, andou em direção a cama e viu que havia alguém caído do outro lado… era Janis. Ele, se abaixou e confirmou, que realmente, aquele quarto, estava vazio.
Dias depois, foi confirmado que a causa da morte foi realmente, Overdose de Heroína. A curiosidade, é que, não havia vestígios disso. Janis, segurava 4 dólares em suas mãos e na escrivaninha, havia uma carta de David, pedindo que ela, jamais duvidasse do quanto ele a amava.
Janis Joplin, morreu no dia 4 de outubro de 1970 e faz parte do fatídico, “clube dos 27.”
3 Meses depois, foi lançado “Pearl,” seu disco póstumo, que vendeu milhões de cópias e a canção mais bem sucedida de toda sua carreira, “Me and David,” ou se preferir, “Me and Bobby McGee,” retrata a vida de Janis Joplin.
A produção do Clube da Música Autoral, é minha, Gilson de Lazari e a edição é do Cocão (Rogério Silva).
Foi um prazer falar de música com vocês… e até a próxima!