Antes de falar sobre Heavy Metal, era necessário falar sobre Black Sabbath, os criadores do estilo e da icônica “Paranoid.”
Conheça a história do acaso mais bem sucedido da história do Rock!
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Roteiro e locução: Gilson de Lazari
Revisão: Camilla Spinola e Gus Ferroni
Transcrição: Camilla Spinola
Arte da vitrine: Patrick Lima e Caio Camasso>
Edição de áudio: Rogério Silva
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Olha, o plano, não era falar sobre Black Sabbath agora, mas recebi muitas solicitações de episódios com bandas do metal… essa galera do metal, é fiel, realmente. Mas como falar sobre qualquer vertente do metal, sem antes falar do Black Sabbath? Seria impossível. Seria como falar dos frutos, sem saborear, sem valorizar a terra. Afinal, Black Sabbath, está para o Heavy Metal, como o Kraftwerk, está para a música eletrônica, ou como Chuck Berry, está para o Rock. São expoentes do estilo. Mas o Sabbath, não tem apenas o titulo de inventor do estilo Metal, eles também, descobriram o encanto do ocultismo e usaram isso comercialmente, para angariar fãs. Parece coisa de louco e eu acho que é mesmo, porque os caras, jamais viveram realmente o que eles pregavam e ao contrário, eles eram até medrosos, em relação ao ocultismo.
“Ozzy Osbourne,” talvez, seja a figura mais autêntica do Heavy Metal, e “Tony Iommi,” pioneiro em criar riffs destruidores na guitarra; foram suas sequências de notas ritmadas, que embalaram o Heavy Metal, como o conhecemos hoje.
Mas antes de falar sobre o Sabbath, tenho alguns recados importantes. O primeiro, é que agora, você que mora fora do Brasil, pode ser um assinante solidário do Clube, através do “PayPal.” Olha, vejam que estatística legal… depois do Brasil, os dois países que mais ouvem o Clube, são Estados Unidos e Japão; praticamente empatados. Daí, vem na sequência: Austrália, Portugal, Canadá, Reino Unido, Alemanha, França… e por aí vai. Cara, que legal ter a audiência de vocês, juro mesmo.
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Um forte abraço para o Caio Camasso, Luiz Prandini, Henrique Vieira e Emerson Castro; ilustríssimos diretores do Clube da Música Autoral.
Aviso também, que é no site que você encontra todos os episódios, inclusive, a playlist com as músicas que eu usei para confeccionar esse episódio. O único episódio até agora, sem playlist no Spotify, é o “Que Beleza” do Tim Maia, que fala sobre a fase Racional e que infelizmente, por causa de brigas judiciais, dos herdeiros do Tião, ainda não existe distribuição digital das músicas dessa fase, então, se um dia rolar, pode crer que farei. E para todos que pedem playlist no Deezer, pode deixar, que o Cocão, já está agilizando. Logo menos, estaremos por aí também.
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E nas redes sociais, completo as informações que foram narradas aqui, nesse podcast, aliás, lá também, é um bom lugar pra você interagir comigo. Mande um comentário, pois, no final dessa temporada, vai rolar um episódio extra e o Cocão e eu, vamos ler as melhores mensagens que chegaram. O Clube, está no Twitter, no Instagram, no Facebook e no YouTube. Procure por: “Clube da Música Autoral” e só de acompanhar, você, já começa a fazer parte desse Clube.
Ok, então é isso… vamos ao que interessa, porquê, hoje é dia de vasculhar as origens do Heavy Metal, mother-fucker!
Black Sabbath… O nome por si só, já causava estranheza, afinal, mexe com nossas crenças. E se você pretende arrumar uma treta, existe um atalho, mexa com as crenças alheias… Na religião Judaica, o Sabbath, corresponde ao último dia da criação, no qual, Deus, após finalmente ter criado o mundo, repousou. Segundo a Bíblia, nesse dia, em que Deus repousou, também o Homem, deve cessar toda e qualquer atividade,, para apenas se dedicar á adoração de Deus. A maioria, atribui esse dia ao sábado.
Porém, muitas outras religiões, possuem este conceito sabbathiano e praticam-o, de acordo com as suas crenças teológicas. Uma das mais emblemáticas e polêmicas, é a “Bruxaria;” ( Uma religião de natureza espírita e necromântica. Para eles, o Sabbath, é um momento de reunião e comunhão entre bruxas, em que se pratica a comunicação com os seres espirituais, de onde provém o seu poder existencial…
Essa canção horripilante que estamos ouvindo, se chama “Black Sabbath.” Ela nasceu durante um ensaio, quando o baterista”Bill Ward e o vocalista Ozzy Osbourne, estavam ouvindo o guitarrista Tony Iommi e o Baixista Geezer Butler, testarem novas notas para uma determinada canção. De repente, os dois tocaram a mesma sequência de notas simultaneamente, assim por acaso. Todos, acharam aquilo incrível e profético. Tony, ao se lembrar dessa história, diz que os pelos do braço, chegaram a se arrepiar.
Os ensaios daquela banda de garotos, eram em um estúdio improvisado, que ficava em frente de um cinema. Gezzer e Ozzy, haviam acabado de assistir um filme de terror, chamado “As Três Máscaras do Terror,” de 1963, que na Inglaterra, recebeu o título de “Black Sabbath.” Então, pela primeira vez, escreveram uma letra sobre ocultismo, mas a banda, diz que essa música, expressa na verdade, um medo saudável do diabo.
Então, Tony Iommi, que da janela do estúdio, olhava a enorme fila de pessoas no cinema,, indo assistir filmes de terror, pensou:
“Poxa, se as pessoas pagam para serem assustadas, porquê não fazemos músicas para assustá-las também?”
Então, nasceu um conceito e o grupo, que estava sem nome até então, passou a se chamar também, “Black Sabbath.”
Em 1969, lançaram o primeiro compacto, com essa canção que estamos ouvindo… “Evil Woman.”
Em janeiro de 1970, o Sabbath, entrou em estúdio para gravar o seu primeiro disco. Eles estavam tão afiados, que gravaram ao vivo, inclusive, os vocais de Ozzy, foram captados junto com a banda. Reservaram dois dias de estúdio para gravação e um dia para mixagem. Como conseguiram gravar tudo em apenas 8 horas, pra não ficarem parados, a noite, fizeram uma apresentação em um pub local, pelo cachê de apenas 20 libras.
Na mixagem do dia seguinte, o produtor “Rodger Bain,” sugeriu barulhos de sinos, chuva… e assim, o conceito ia se definindo… “música de terror.”
Para não quebrar a corrente profética, o álbum, a banda e a música de abertura do disco, se chamaram “Black Sabbath.”
A recepção foi fria, afinal, era um som completamente novo, que usava riffs sombrios e temas assustadores. Antes deles, no Rock, Ninguém tinha feito nada parecido com isso e já sabemos… o medo do desconhecido, causa essa estranheza, né? Além disso, os críticos musicais da época, detonaram o Sabbath, tanto que isso, causou um efeito reverso; as pessoas ficaram curiosas para saber, porquê a tal banda Black Sabbath, era considerado a pior banda do Reino Unido, segundo os críticos. Então, aconteceu o inesperado, seguidores de seitas ocultistas, começaram a frequentar os shows da banda, logo, chamou a atenção da mídia e junto, veio uma bagagem extra, que acompanha o Black Sabbath até hoje, o repúdio dos fanáticos religiosos.
Mas, ainda era tudo muito novo e quanto mais repercutia a polemica por trás das músicas do Sabbath, mais seus discos eram vendidos. Apesar de outras bandas como os Beatles e o Led Zepplin, já terem abordado o tema ocultista em suas letras, o Sabbath, era o único que assumia isso como um estilo.
Detonados pela imprensa, mas adorados por fãs doidões, voltaram para o estúdio no mesmo ano (1970), para gravar seu segundo álbum, que seria lançado com o nome de “War Pigs.”
Novamente, fizeram o esquema de captação ao vivo e gravaram o álbum, em menos de dois dias, mas, o produtor Rodger Bain, achou o disco curto demais, apesar de algumas músicas, terem mais de 6 minutos de duração. Rodger, achou que apenas 7 músicas, poderiam gerar poucas vendas para um álbum, então, aconselhou que fizessem ao menos mais uma música, assim, nasceu “Paranoid,” mas, não falarei dela agora.
O baixista Geezer, era tido como o intelectual da banda; Tony Iommi, a máquina de criar riffs e Bill Ward, a cola que unia aquele som novo. Ozzy, por sua vez, era o mais autêntico jovem antissocial e satanista da Inglaterra, mas era só a casca, pois pessoalmente, era um cara engraçado e alto astral. O disco, por fim, acabou tendo seu título alterado para “Paranoid.”
Paranoid, foi bem sucedido no Reino Unido, mas o Sabbath, continuava sendo alvo de ataques dos conservadores britânicos, inclusive, de boa parte da imprensa. Mas já no E.U.A, a história foi um pouco diferente, a canção Paranoid, até agradou, mas quem teve destaque na América, foi outra canção, escuta só…
Na América, com “Iron” Man, o grupo, foi além da atmosfera sombria das músicas, eles, abordaram temas como, o futuro e a guerra do Vietnã. Isso, em um momento, em que a América se dividia, nessa tal guerra. Aí,, pronto, estava feita a cama do Black Sabbath na América.
Com a boa aceitação na América, em 1971, o Sabbath, lançou seu terceiro álbum, “Master of Reality.”
Foi então, que nasceu o termo: “Rock pesado.” Favor, não confundir com “Rock pauleira,” que a sua vó já dizia. O Rock pesado, ele traz densidade sonora e se você é guitarrista, talvez já tenha ouvido falar do “Drop D.” Para quem não é guitarrista, o Drop D, é a técnica de se abaixar um tom da primeira corda da guitarra, de Mi pra Ré e assim, diminuir a tensão da corda, fazendo ela soar com mais densidade, mais grave… sabe? Algo até comum pra época, mas incomum, foi o que Tony Iommi, fez quando ele abaixou um tom e meio de todas as cordas, ou seja, a afinação do baixo e da guitarra, no disco Master of Reality, é Dó sustenido. Isso, foi uma inovação do Black Sabbath e influenciou diretamente, o nascimento de novas vertentes do Heavy Metal, como o “Doon Metal” e o “Stoner Rock.” A canção, “Children of the Grave,” é um ótimo exemplo dessa sonoridade pesada.
O Black Sabbath é progressivo? Não sei, mas eles, ganharam esse título no próximo álbum, de 1972, que deveria se chamar “Snowblind,” uma clara referência ao uso de cocaína, mas, a gravadora vetou e sem uma ideia melhor, batizaram de “Volume 4.”
Vol 4, ou “Vol Four, é o primeiro disco da banda gravado na América, pra ser mais exato, em Los Angeles. Após várias turnês nos E.U.A, a banda, mudou-se definitivamente pra lá. No início, foi bom, mas Ozzy, logo que passou a ganhar dinheiro, ele ficou muito louco e se afundou nas drogas.
Um destaque inusitado desse disco, foi a balada “Changes,” composta por Tony Iommi, enquanto ele brincava no piano. E a letra, como sempre, escrita por Geezer Butler, narrava o fim do casamento do baterista Bill Ward, mas também, causava estranheza nos fãs. Estaria o Black Sabbath, amolecendo?
Amolecendo nada, no ano seguinte, a banda lançou o disco “Sabbath Bloody Sabbath” e a canção tema… cara, tem na minha opinião, um dos melhores riffs do Metal.
O tecladista do “Yes,” “Rick Wakeman,” fez uma participação nesse disco… você sabia? E a tal mídia inglesa, finalmente se rendeu ao Black Sabbath.
Mas esse disco, tem histórias legais nos bastidores. O envolvimento da banda com as drogas, começou a prejudicá-los nas composições, então, tiveram a ideia de voltar para a Inglaterra e se hospedarem em um castelo, dito mau-assombrado. A ideia, era compor na pressão, no medo. Deu certo… e todas as músicas desse disco, foram escritas e compostas no castelo assombrado. Mas Bill Ward, o mais medroso de todos, não conseguia dormir no castelo. Ele, fazia todo dia, um longo trajeto de carro até o hotel mais próximo, pois afirmava piamente, que havia tido um contado de primeiro grau, com um poltergeist.
Em 1975, o Sabbath, lançou o sexto álbum, “Sabotage,” nessa época, Ozzy e o baterista, Bill Ward, usavam LSD todos os dias, mas, puta merda, cara! É um disco sensacional!
Foi também, Nessa época, que a banda descobriu que estavam sendo roubados por seus agentes, em conivência com sua gravadora, a “Vertigo,” então, o Sabbath, sentindo-se sabotados,, deram esse nome ao álbum, que muitos dizem, ser o trabalho mais Pop da banda, misturando inclusive, cantos gregorianos.
A relação entre os integrantes, estava visualmente desgastada. Tony Iommi, assumiu a maior parte das responsabilidades; Ozzy, tornou-se turista. Nesse clima, lançaram o álbum “Technical Ecstasy,” de 1976, que não agradou os fãs tradicionais da banda.
Após uma turnê turbulenta e cheia de excessos, especialmente por parte do Ozzy, que era muito louco. Ele, resolveu se afastar da banda, quando seu pai faleceu. Nessa época, o Sabbath, testou outro vocalista, “Dave Walker,” ex-Flatwood Mac e até compuseram juntos, mas Ozzy, mudou de ideia e resolveu voltar para a banda. Então, em 1978, gravaram o último álbum com a formação original, “Never Say Die.”
O clima era péssimo. Tony Iommi, exigia que Ozzy, gravasse as canções escritas por Dave Walker e ele, se recusou. De jeito nenhum, ele queria gravar uma música feita por outro vocalista. Então, o baterista Bill Ward, acabou cantando “Swinging the Chain.” Isso, deixou Ozzy puto da vida.
Ao chegar nas lojas, o álbum, foi detonado pela crítica, mesmo assim, saíram em turnê, mas, em todos os hotéis que a banda se hospedava, os produtores, deixavam claro, que algumas portas poderiam ser quebradas, caso Ozzy, desse PT.
Foi o que aconteceu no último e maior show daquela turnê; Ozzy, loucasso como sempre, esqueceu onde era seu quarto e acabou entrando no primeiro que encontrou aberto. Pra piorar, ele, estava no andar errado. Os produtores, arrombaram diversas portas, procurando por Ozzy, mas, eles não o encontraram. Cerca de 24 horas depois, Ozzy, acordou e ligou para a banda, perguntando o que havia acontecido, então Ozzy, foi convidado a se retirar do Black Sabbath.
Em 1980, o Sabbath, contratou o vocalista “Ronnie James” Dio” e lançaram “Heaven in Hell,” um baita disco, mas isso, é assunto para outro episódio, pois agora, quero falar sobre o grito de rebeldia, de uma geração fadada ao trabalho forçado, numa época nebulosa e sem perspectiva. O Sabbath, deu certo, apesar de Ozzy, mas antes disso, construíram suas personalidades a duras penas. Para entendermos melhor do que estou falando, vocês sabem, né? Né? Teremos que voltar a fita…
Essa história, começa em Birmingham, uma cidade do Reino Unido, que ficou conhecida como, a “Oficina do Mundo.” Por volta dos anos 50 e 60, aquele foi um dos mais importantes pólos da indústria metalúrgica, na terra de Sua Majestade.
Pois bem, pode parecer moderno, mas na verdade, era um cenário de caos e fome. Operários, ganhavam mal, se arriscando nos únicos cargos disponíveis. Linhas de montagens precárias em metalúrgicas. Eles, não tinham qualquer segurança para trabalhar. As mulheres, engravidavam cedo, para sair da casa dos pais, ou também, tinham que se arriscar, trabalhando nas metalúrgicas.
Seus filhos, nasciam fadados ao mesmo destino. Entre eles, estava o jovem “John Michael Osbourne.” Nascido em 3 de dezembro de 1948, aos quinze anos, John, desenvolveu um singular gosto pela musica, mas sua atividade predileta, era vagar pelas ruas em gangues. Era a época do hooligans, da rivalidade entre gangues urbanas. Além das brigas, essas gangues, também saqueavam lojas, restaurantes ou até, pessoas comuns.
Na verdade, toda essa violência, era a forma mais direta de expressão de uma geração desenganada e muito inconformada diante do destino. Mas em 1963, o jovem John, ouviu um acorde que mudou sua vida…
Eram eles, né? Os “Beatles!” E quando chegaram às lojas, Ozzy, ouviu e simplesmente, saiu correndo para sua casa, agarrou os braços de sua mãe e disse:
– “Quero ser como esses caras, mãe!”
John, Tinha mais 5 irmãos e foi na infância, que ele, ganhou o apelido “Ozzy,” Simplesmente, por ser uma abreviação de “Osbourne.”
Ozzy, frequentava pubs londrinos, que aqui no Brasil, seria a mesma coisa que o boteco depois do trampo. Aqui, ouvimos músicas do Norte, ou Sertanejo raiz, lá, na década de 50, eles ouviam Jazz, Blues, Country… era, a música americana, ganhando os ingleses. Mas nos pubs, também rolava o encontro de gangues e era onde bolavam seus planos. Um belo dia, já bêbados, saíram para saquear lojas. Ozzy, era um molecão meio desajuizado, sabe? Ele, acabou preso, mas como era primário, ficou apenas 6 semanas detido.
Quando foi solto, sua vida que já era ruim, piorou, pois agora, tinha também, o fardo de ser taxado como um criminoso, um ex-detento. De volta ao pub, Ozzy, encontrou um amigo e ao contar sua história, riram muito, pois Ozzy, apesar de tudo, era muito espirituoso. Então, o amigo que dividia os mesmos gostos musicais, acreditou que Ozzy, poderia ser um bom vocalista para sua banda, afinal, ele era um autêntico jovem renegado, bad boy, ex-presidiário e carismático. A banda, se chamava “Approach.” Eles, tocavam sucessos de Chuck Berry, Beatles, Rolling Stones, Jimi Hendrix, essas coisas. Eram todos iniciantes, então Ozzy, pôde desenvolver seu estilo.
Ele, trocou de banda algumas vezes. Pra falar a verdade, ele tocava em todas as bandas que o convidavam pra ir. No futuro, ele até brincava, que ele, foi “o homem das mil bandas.” Isso, até conhecer um guitarrista muito requisitado, que sabia tocar todas as músicas do momento; seu nome, era “Geezer Butler,” sim, ele era guitarrista de uma banda chamada “Music Machine.” Uma curiosidade sobre Geezer, é que ele, na adolescência, queria ser padre… vê se pode?
Ozzy, se tornou o novo vocalista da Music Machine e consequentemente, os dois, viraram grandes amigos; melhores amigos.
Do outro lado da cidade, seguindo a mesma dura rotina das metalúrgicas, Tony Iommi, um jovem sonhador, trabalhava nas fábricas, mas infelizmente, sofreu um sério acidente. A prensa, pegou sua mão direita e arrancou fora as pontas de seus dedos. Tony, ficou depressivo, pois ele, sonhava em ser guitarrista, mas logo se adaptou, usando próteses que ele mesmo desenvolveu, nas pontas dos dedos. Tony, não conseguia fazer os acordes completos, então, passou a tocar no estilo, que logo, veio a se chamar, “Power Chor,.” um tipo de acorde comum no Metal, onde, apenas as notas tônica e quinta, eram tocadas nas cordas graves, com muita distorção. Tony, desenvolveu essa técnica, que no futuro, por uma geração de guitarristas e pouco a pouco, foi voltando a tocar sua guitarra. Então, conheceu Bill Ward, um baterista talentoso, que gostava de Jazz e vivia lá, nas redondezas. Juntos, montaram o “The Rest” e como todas as outras bandas britânicas, também tocavam cover dos Stones, dos Beatles, Chuck Berry, etc. Mas Tony, tinha umas ideias um pouco mais loucas e avançadas. Ele, queria misturar estilos. Então, ele fundou outra banda, o “Mythology,” uma nova banda, que misturava o Blues com Jazz e umas pirações psicodélicas. Dá uma sacada no som…
O Bairrismo, impediu que as duas bandas, a de Ozzy e a de Tony, se encontrassem naturalmente,, pois nessa época, quase tudo acabava em briga, principalmente, se misturassem futebol e gangues de outros bairros. Mas Ozzy, que acabou ficando sem banda, teve a ideia genial, de ir até o Jornal e anunciar nos classificados: “Vocalista com equipamento próprio, procura banda.” Rá! Quem que leu? Tony Iommi! Eles, marcaram por telefone e se encontraram. Para a surpresa de ambos, Tony, havia dado uma surra em Ozzy, na época do colégio. Eles, quando lembraram disso, riram e Ozzy, disse que teria revanche. Tony, trouxe Bill Ward para a banda e Ozzy, trouxe Geezer Butler. Mas eram dois guitarristas, lembram? No começo, entrou na banda também, um baixista e um saxofonista. Então, batizaram como “Polka Tulk.” O som, era o tal do Jazz misturado com Blues do Tony Iommi, que flertava com momentos viajantes de solos de saxofone, algo que Ozzy, detestava, pois ele, queria soar agressivo; os “Yardbirds,” era uma referência para Ozzy. Então, ele conspirou para a saída dos integrantes extras e Geezer, finalmente topou assumir o baixo. Cara, Geezer Butler, é um dos meus baixistas preferidos. O solo do início de “N.I.B,” é mitológico!
Com a mudança dos integrantes, o nome também mudou, agora, eles se denominavam “Earth” e a sonoridade, ficava cada vez mais pesada. Ozzy, acreditava que tinham que chamar a atenção do publico e tocar o mais alto que podiam. Então, assumiu o papel de vocalista rebelde, que frequentemente discutia com a plateia e fazia bizarrices no palco. Logo, os adolescentes, começaram a acompanhar os shows da banda, pois ao som do Earth, podiam pular, se bater, e extravasar suas emoções. Era o nascimento do Heavy Metal… 1968.
Um belo dia, eles foram contratados para fazer um show em uma cidade distante, antes de começarem, estranhamente, foram recepcionados por pessoas formais, de ternos bem alinhados, que queriam cumprimentá-los e dizer que eram fãs. Ozzy e os outros integrantes, acharam aquilo estranho, pois, estavam acostumados com os fãs doidões e maltrapilhos, mas logo que subiram ao palco, descobriram o motivo; já existia outra banda com o nome “Earth.” E pior, fazia um som totalmente diferente do deles; um Folk/Country. Olha, deu um baita rolo. Então, ficou claro, que não poderiam continuar com o nome Earth. E é aí, que nos encontramos novamente, naquele estúdio de ensaio, em frente ao cinema, em que as pessoas faziam filas para assistirem filmes de terror. Foi lá, que Tony Iommi, teve a ideia genial de fazer musicas que causassem medo e assim, nasceu a música, o álbum e o nome da banda, “Black Sabbath.”
Black Sabbath é demais! E principalmente, no segundo disco, foi lá, que lançaram uma música feita as pressas, que mudou a história do Rock. Puxe as calças, caro ouvinte do Clube, porque vai entrar a vinheta e é hora de falarmos sobre… “Paranoid!”
Vamos voltar a 1970. O Black Sabbath, trabalhava em seu segundo disco. O título, seria “War Pigs” e a capa, estava pronta; era a foto de um sujeito, que saía de trás das sombras, com um capacete, um escudo e uma espada, lutando. Ele, representava o porco da guerra.
Mas, o produtor musical Rodger Bain, não estava convencido sobre o conteúdo do álbum. O Sabbath, tinha gravado em dois dias, praticamente ao vivo, 7 músicas e algumas, tinham mais de 6 minutos; no geral, cobriam todo lado A e B da bolachona, mas existia um misticismo, de que pessoas preferiam álbuns contendo mais músicas, então, Rodger perguntou para os integrantes, se eles não topavam gravar mais uma faixa, só para preencher o lado B. Os músicos se olharam e disseram que tudo bem. Cara, eles estavam afiadíssimos. Tony Iommi, pegou sua Gibson SG canhota e começou a destilar alguns de seus riffs. O próprio Iommi, disse recentemente, que ele tem vários tapes, com riffs que nunca usou. Detalhe, nesse dia, Tony estava com o olho roxo, pois na noite anterior, a banda, havia se metido em uma briga contra skinheads em um pub.
De todos os riffs que Tony Iommi apresentou, logo, um chamou a atenção da banda.
Ozzy, havia acabado de sair de um relacionamento conturbado, com uma garota paranóica e vinha cantarolando, já há alguns dias, esse trecho aqui:
“Terminei com minha mulher, porque ela, não podia me ajudar com minha mente.”
Imediatamente, Bill Ward, que conhecia a história, sugeriu o nome “Paranoid.”
Mas a letra, era somente isso. Ozzy, nunca foi um bom letrista, mas era ótimo com as melodias, então, encaixou a frase perfeitamente no riff de Tony. Logo, Bill Ward se empolgou e sentou na bateria, sugerindo a levada da música.
Geezer Butler, baixista e responsável pela maioria das letras do Sabbath, pegou um caderno e começou a escrever o resto da letra…
As pessoas pensam que eu sou louco
Porque eu estou o tempo todo emburrado
O dia inteiro eu penso em coisas
mas nada parece me satisfazer
Penso que eu vou ficar louco
Se eu não encontrar algo para me acalmar
Você poderia me ajudar?
A ocupar minha mente?
Oh, yeah
Geezer, não demorou mais de 10 minutos para escrever a letra, então, a entregou para Ozzy e a tocaram juntos algumas vezes.
A música, como combinado, tinha pouco mais de dois minutos; já era o suficiente. Então, chamaram o produtor para que a ouvisse. Quando a música acabou, Rodger, ficou em silêncio por alguns segundos e então soltou um palavrão:
– Por que vocês não me mostraram isso antes!? É a melhor música que vocês já fizeram, seus putos!
Todos riram muito e explicaram, que não; eles haviam acabado de fazer essa música. Então Rodger, mandou os assistentes microfonar tudo, pois, eles iriam gravar Paranoid, agora.
Tony Iommi, improvisou um solo de guitarra e wa-la… nasceu Paranoid!
Os Executivos da gravadora, imediatamente, mandaram alterar a capa do disco, pois o álbum, deveria se chamar “Paranoid.” Geezer, não aprovou; ele, até concordava que a canção entrasse no disco, mas pera lá… virar o título do disco, não, né? Vocês estão forçando a barra.
Na verdade, o que incomodava Geezer, era que o riff de Paranoid, lembrava o riff de “Communication Breakdown,” do disco de 1969, do Led Zepplin. Apesar das bandas serem amigas, Geezer, queria evitar comparações, mas ele, foi voto vencido. Ouçam a canção do Led Zepplin. Ela, até lembra um pouco a Paranoid, mas longe de ser uma cópia ou um plágio.
Paranoid, voltou a fazer sucesso em 1995, com uma versão fiel a original, interpretada por “Dave Mustaine” e sua banda, “Megadeth.”
Curiosamente, a volta da música às paradas, ficou marcada por algumas tentativas de suicídios. Alguns garotos, relataram ter tentado tirar a própria vida, após ficarem ouvindo Paranoid, pois sua letra, tem claras referências a depressão e a última frase diz assim:
A medida que você ouve essas palavras
Te contando sobre o meu estado
Eu lhe digo para aproveitar a vida
Eu gostaria de poder
Mas é tarde demais para mim
Se algum garoto, realmente foi bem sucedido na tentativa de se suicidar, ninguém sabe, mas a depressão, é um problema sério de saúde e merece toda nossa atenção.
Geezer, após as tentativas de suicídio, confessou que a música fala sobre depressão e se justificou, dizendo que na época em que a escreveu, não sabia exatamente a diferença de paranóia e depressão. Ele, achava que estava falando sobre a mesma coisa.
Ozzy, quando perguntado sobre a versão do Megadeth, disse que não tinha gostado nada. Na verdade, ele achou que tinha ficado uma bosta.
Aqui no Brasil, não foi diferente e Paranoid, é uma música indispensável em qualquer repertório de bandas que se arriscam a fazer covers do Rock.
Segundo a lista da Rolling Stone, o segundo álbum do Black Sabbath, lançado em 1970, foi eleito, o melhor álbum de todos os tempos, do estilo Heavy Metal. Os fatores “decisivos” para essa conclusão, foram que, o Heavy Metal, jamais seria o que é hoje, se não existisse o tom sombrio dos riffs de Tony Iommi, a consistência musical de Bill Ward na bateria, as letras de Geezer Butler e claro, a energia de Ozzy Osbourne. Juntos, esses fatores, tornaram Paranoid, o melhor álbum de Heavy Metal.
Paranoid, foi lançado no dia 18 de setembro de 1970, exatamente no dia em que morreu “Jimi Hendrix.”
Muitos saudosistas, consideram Paranoid, o primeiro Heavy Metal, apesar do termo ter sido usado pela primeira vez, na canção “Born to be Wild,” do “Stepenwolf.”
E é assim, referenciando os deuses do Metal, que encerro o episódio 17 do Clube da Música Autoral.
E aí, bora interagir, O Clube, está no Facebook, no Twitter, no Instagram e no YouTube. Procure por Clube da Música Autoral, que só de seguir, você já começa a fazer parte desse Clube.
Como disse no início, ouvintes que curtem o Clube fora do Brasil, agora tem a opção de apoiar essa missão, através do PayPal. Acesse: clubedamusicaautoral.com.br/assine e ajude, para que essa ideia não morra.
Lembro também, que o Clube, agora faz parte do “Overcast,” uma rede de podcasts, que foge do padrão da podosfera. Já entrou no site para conferir os podcasts que estão por lá? Então acesse: overcast.com.br
Quem é fã do Black Sabbath, tá ligado, mas quem não é e está conhecendo agora, saiba, que quando Ozzy saiu da banda, ele foi substituído por “Dio,” o ex-vocalista do Rainbow e tempos depois, por “Ian Gillan,” ex-Deep Purple. Passaram outros integrantes também, mas o fato, é que Tony Iommi, nunca deixou o Black Sabbath acabar. Ozzy, por sua vez, nunca parou. Ele, seguiu carreira solo, aconselhado por “Sharon,” uma empresária do ramo artístico, que veio a se tornar sua esposa. E vale lembrar, que o sucesso de Ozzy em carreira solo, se equipara ao sucesso que ele conquistou, ao lado do Black Sabbath. E o cara, também tem uma mão para guitarristas… “Randy Roads” e “Zack Wield,” foram apenas dois dos grandes guitarristas revelados por Ozzy.
Os integrantes originais, acabaram se reunindo algumas vezes… em 98, 2013 e 2016. Mas a essência do Metal, do Sabbath, ficou marcada realmente, pela magia dos anos 70… Concorda?
então, pra você, que gostou desse episódio, que curte Metal, eu encerro o episódio 17, com essa versão eletrizante ao vivo, de Paranoid, gravada em 1973.
Meu Nome, é Gilson de Lazari e foi um prazer, falar de música com você.
Até a próxima!