“Nirvana,” foi a banda mais votada pelos sócios do Clube. Esse é o primeiro episódio que vai ao ar sob vontade da audiência. E como dizia o velho sábio: “quem não gosta de Grunge, bom sujeito não é.”
Calcei meu velho All Star e vesti minha camisa de flanela, para voltar em grande estilo aos anos 90 e lembrar o que aconteceu em Seatle e no mundo, após o lançamento de “Smells Like Teen Spirit.”
Formato: MP3/ZIP
Tamanho: 53,5 MB
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Roteiro e locução: Gilson de Lazari
Revisão: Camilla Spinola e Gus Ferroni
Transcrição: Camilla Spinola
Arte da vitrine: Patrick Lima e Caio Camasso>
Edição de áudio: Rogério Silva
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Aqui no meu estúdio, eu vejo 4 discos de ouro na parede. Eles representam, a origem do meu gosto musical particular. Na verdade, são réplicas, que os artistas e as gravadoras recebiam, quando atingiam um certo número de vendas. Nos E.U.A, para ganhar um disco de ouro, o artista, precisava vender 500 mil cópias e pra ganhar um disco de platina, 1 milhão de cópias. Aqui no Brasil, os números eram bem mais modestos; com 40 mil cópias vendidas, o artista ganhava o disco de ouro e com 80 mil, o disco de platina. Quando os números se repetiam, viravam disco de diamante, platina dupla e por aí vai. É de se imaginar, que os prêmios muitas vezes eram armados, já que a contagem das vendas, vinham das próprias gravadoras e com o fim do monopólio, dessas grandes gravadoras, o prêmio, passou a ser baseado em contagem de downloads. Hoje, essa tradição, praticamente morreu, mas na época, a celebração da entrega do disco de ouro, era algo marcante e geralmente, feito em programas de TV. Eu sei… era só uma forma a mais, de promover o artista e consagrar as gravadoras, mas, tenho que admitir, que funcionava, viu. Ver um artista, ganhando o disco de ouro, era… óóóó… um luxo!
Pois bem, aqui no meu estúdio, tenho 4 réplicas desses discos e de quase todos, eu já falei aqui no Clube da Música Autoral… AC/DC e o disco Back in Black; Pink Floyd e o disco The Dark Side of the Moon; Michael Jackson e claro, Thriller e só faltava esse, que eu falo hoje, Nirvana, com seu disco… ”Nevermind.”
E olha que bacana… Nirvana, também é o primeiro tema, escolhido pelos sócios do Clube, através da enquete de apoio. Legal, né? Somente sócios, podem votar nos novos temas e Nirvana, foi escolhido com 45% dos votos. Se você também quiser apoiar a missão do Clube e votar nos próximos temas, é só acessar: clubedamusicaautoral.com.br/assine. Lá, tem um vídeo meu, explicando certinho como funciona. Você pode ser um sócio oficial e votar, mas também, pode participar do grupo secreto do Clube. Essa semana, a gente debateu muita coisa nova por lá. Abraço a todos os estrategistas do Clube e quero também, dar as boas-vindas ao Henrique Vieira de Lima. Ele, é o nosso primeiro Sócio-Diretor do Clube. Recebe os episódios antes do lançamento e levou uma camiseta exclusiva também. Faça como o Henrique e apoie, para que essa missão não morra. Seja um sócio oficial do Clube da Música Autoral.
Se você, conhece alguém que precisa ouvir o Clube, mas ainda não se entregou aos aplicativos dedicados de podcast, envie os episódios para ele por WhatsApp. É, sério, cara… depois, se ele quiser, pode assinar o feed. O link, está na descrição desse episódio. Ou então, acesse: clubedamusicaautoral.com.br. Lá, tem todas as informações, inclusive, uma página desenvolvida pelo Cocão, com dicas, te ensinando a melhorar sua experiência em ouvir podcasts.
E não posso esquecer de te avisar, que é nas redes sociais, que eu completo as informações que foram narradas aqui nesse episódio, com fotos, vídeos e mais curiosidades. E é também, pelas redes sociais, que você pode mandar um comentário. Os melhores, serão lidos em um episódio extra, no final dessa temporada. Procure por “Clube da Música Autoral.” Estamos no Twitter, no Facebook, no Instagram e no YouTube. Só de acompanhar, você já começa a fazer parte desse Clube.
Caro ouvinte, já sinto o cheiro de mofo. Separei o meu bermudão, tirei a poeira do All Star e já vesti minha velha camisa de flanela, pois a partir de agora, o Clube fica Grunge, para contarmos essa intensa e curta trajetória, do Nirvana.
Tá ok, vamos começar bem do comecinho…
Os Beatles, sempre eles, né? Motivadores máximos, da mistura de estilos, após a explosão do rock dos anos 60, lançou “Helter Skelter,” com o apelo de ser a música mais barulhenta, já gravada por uma banda. Essa canção, é considerada, o primeiro heavy metal da história, pois, dentre outros fatores, ela é, inteira tocada por guitarras absolutamente distorcidas, na sua potência máxima. Pode também, ser definida como a primeira gravação “suja,” para os padrões da época, né?
Antes disso, eu sei, muitas bandas, já usavam drives nas canções. Eles distorciam as guitarras e era um baita som legal, mas distorção pesada, só se fosse em um solo, em algum momento específico. Helter Skelter, é distorcida no talo, do início, até o fim.
Paul Maccartney, compositor de Helter Skelter, lançou também, o estilo despojado e jocoso de cantar, que se misturado com a famosa técnica vocal, que foi denominada “drive,” aí sim, nós, descobrimos que foi isso que influenciou e ramificou, a maioria dos sub-estilos do rock,, que vieram depois de Helter Skelter. Dá pra entender? Kurt Cobain, se apossou desses fatores, de uma forma tão natural, que parece até, ter sido inventado por ele. E assim, consigo explicar a música do Nirvana. Foi um prazer falar de música com vocês e até a próxima… Não não, espera… estou brincando.
Tem um outro valor, aqui agregado, que explica o tremendo sucesso do Nirvana. E esse, é com certeza, a personalidade peculiar, de Kurt Cobain. Ele, era o “não artista;” o “não famoso;” desprezava o sucesso, o glamour, as groupies. Ele, já esfregou até a piroca nas câmeras da Globo, durante uma apresentação desastrosa, durante o “Hollywood Rock.” Vocês lembram disso?
Sim, caro amigo do Clube, Kurt Cobain, era um gênio da música, mas também, não era muito bom das ideias. E esse tom de mistério, por trás de sua vida particular, foi o que chamou a atenção dos tabloides sensacionalistas, que preferiam, na época, destacar mais a sua vida pessoal, do que a sua música.
No entanto, ser louco, também, teve sérias consequências para Kurt Cobain, pois, ele morreu em 1994, no auge da sua carreira.
Meu nome, é Gilson de Lazari e foi um prazer, falar de música… Não, calma… Hoje, eu to engraçadinho. Não acabou, apenas começou! E para contar essa história, vamos voltar um pouco essa fita…
“Kurt Donald Cobain”, nasceu no dia 20 de fevereiro, de 1967 (por acaso, no mesmo ano em que Paul MacCartney, compôs Helter Skelter).
Cobain, foi criado em Aberdeen, uma pequena cidade do estado de Washington. Seu pai, era mecânico automotivo e sua mãe, garçonete. Sua tia e seu avô, eram músicos profissionais e assim, a música, sempre esteve presente na infância do menino Kurt, que segundo relatos, mostrava ter muito talendo para a arte, desde muito pequeno. Ele, pintava quadros, com seus personagens favoritos da Disney e super heróis da Marvel, claro. E ainda criança, aprendeu tocar piano. Ele, era uma gracinha, executando músicas como, “Hey Jude,” dos Beatles.
Tudo ia bem, até que seus pais se divorciaram, em 1976. Kurt, com 8 anos, entrou num mundo sombrio. Seus pais, se casaram com outros parceiros e ele, passava períodos em cada casa, sem ter um lar fixo. Logo, passou a desafiar os adultos e já adolescente, se tornou um problema na escola. Kurt, era a típica vítima, da separação dos pais. Isolado, passou a sofrer e praticar bullyng. Seu pai, tentou o obrigar a praticar esportes, mas Kurt, perdia as competições de propósito, para sair dos times. Então, no seu aniversário de 10 anos, seus pais, perguntaram o que ele queria; uma guitarra ou uma bicicleta. A Resposta foi óbvia, Kurt, logo que aprendeu a tocar o instrumento, começou a escrever suas próprias canções. Ele, gostava mesmo de arte, música, pinturas, e filmes. Logo, fez amizade com um grupo de alunos gays, que em comum, sofriam bullyng como ele. Anos depois, Já famoso, Kurt disse em uma entrevista, que seu espírito era gay. Ele, chegou a pichar uma parede, com os dizeres: “Deus é gay.” E foi preso por isso.
Conforme prescrição dos terapeutas, Kurt, tinha um diário, onde descrevia como eram os seus dias. E no seu diário, um acontecimento especial, é repetido várias vezes, com muito entusiasmo. O dia que Kurt, assistiu a um show da banda local, “The Melvins.”
Logo, Kurt, também montou a sua primeira banda, o “Fecal Matter,” onde participavam alguns integrantes do Melvins. Kurt, era vocalista e guitarrista, e chegaram a gravar algumas demos, antes da banda acabar. Ouçam como era o som do Fecal Matter, em 1986…
É importante entendermos, que Kurt, fazia questão de ser odiado, principalmente por seus pais. Após uma briga na casa do seu pai, ele foi pra casa de sua mãe e de lá, também foi expulso. Passou a dormir na casa de amigos e chegou ao ponto, de morar debaixo de uma ponte. Mais tarde, Kurt, Compôs uma de suas melhores canções, “Something in the Way,” que narra essa experiência.
Kurt, passou a trabalhar em um resort fora da cidade, próximo a Olympia, capital de Washngton. Então, passou a frequentar casas noturnas e assistir shows. Ele, levava consigo a fita demo do Fecal Matter, na esperança de montar uma banda nova. Foi nesse período, que ele conheceu “Tracy Marander.” Foi ela, que suportou o comportamento errático de Cobain, por vários anos e o sustentou, trabalhando como garçonete, enquanto ele ficava trancado em casa, tocando guitarra e compondo e pintando quadros muito loucos. A maioria das músicas do Nirvana, foram compostas nessa época e “Abbout a Girl,” foi escrita para Tracy.
Então, Kurt, conheceu outra garota, “Tobil Vail.” Ela, era como ele, louca, filosófica, anarquista e cantava em uma banda punk, formada apenas por garotas. Kurt, se apaixonou tanto por Tobil, que quando a encontrava, tinha náuseas e muitas vezes, chegou a vomitar. “Aneurysm,” uma das minhas canções preferidas, foi escrita através dessa experiência.
Kris Novaselic, é outro importante personagem dessa história. Ele, gostava de bandas como, Led Zeppelin, Black Sabbath, Sex Pistols e Ramones. Krist, juntou suas economias e comprou um equipamento de som completo, para montar uma banda com seu irmão, mas, não deu muito certo. Um belo dia, seu irmão, apresentou Kurt Cobain. Eles estudavam no mesmo colégio, mas não eram amigos. Conversaram sobre bandas, música e de cara, rolou uma empatia. Então, resolveram fazer alguns ensaios e logo aquilo, se tornou uma banda realmente. No início, tiveram vários nomes e formações diferentes. Kurt, chegou até ser baterista, antes de definirem seus postos. Krist no baixo, Kurt na guitarra e voz e Aron, um amigo do colégio, na bateria. Com o nome de “Skid Row,” vejam só, fizeram o primeiro show no colégio, que foi gravado e virou uma demo da banda. Se liga na podreira…
Manter um baterista na banda, era o grande desafio da dupla. Então, em 1988, convidaram “Dale Groves,” baterista do Melvins, para os acompanhar na gravação de uma nova demo. Juntaram suas economias e foram para Seatle, onde gravaram 10 músicas, com o até então, desconhecido produtor, “Jack Endino.” Aquela era a demo, que mudaria a vida daqueles garotos.
Jack Endino, fascinado pelo som, mandou a demo tape para “Jonathan Poneman,” que tinha acabado de montar uma gravadora independente, chamada “Sub Pop” e apostava no estilo, até então, desconhecido, chamado “Grunge.” Ele, havia contratado uma banda, chamada “Soundgarden” e Jack Endino, achou que ele pudesse gostar da demo de Kurt e Krist.
Não deu outra, Jonathan, marcou uma entrevista com Kurt e combinaram o lançamento de um compacto, que saiu em novembro de 1987, já com a banda, assinando pela primeira vez, com o nome de “Nirvana”, cujo significado, se baseia num conceito budista, que significa “Libertação da Mente.”
A bateria desse compacto, foi gravada por “Chad Channing,” que se manteve na banda por um tempo considerável até, comparando com os outros bateristas. O compacto do Nirvana, teve uma boa repercussão e logo, a Sub Pop, começou a negociar a gravação de um álbum.
O Nirvana, começou a excursionar por bares underground da América e começaram a ganhar reputação. Em Nova York, um movimento musical underground, também ganhava força com bandas como, “Sonic Youth” e os “Pixies.” A Sub Pop, naquele mesmo ano, assina com o “Mudhoney” e o movimento Grunge, começava a ganhar corpo. Então, em 15 de julho de 1989, chega as lojas, o primeiro disco do Nirvana, o “Bleach.”
Bleach, é um disco muito legal para nós, fãs, porém, é nítido, que ele ficou meio mau acabado. Mas, até que foi bem aceito pelos críticos de rock da época. A Sub Pop, era uma pequena gravadora, então, vendeu pouco, mas aquele pouco, foi suficiente, para que despertasse a atenção de outras gravadoras.
Contudo, ir para uma grande gravadora e ser famoso, contradizia as tradições do estilo Grunge. Outro fator, que foi muito criticado pelos puristas do estilo, foi que a voz “melódica” de Kurt, também não representava o estilo Grunge. Complicado, né? Acho melhor até fazer uma pausa, pra explicar pra vocês, o que foi esse movimento Grunge e como ele nasceu.
O Grunge, é filho do estilo musical, “rock alternativo,” que se tornou tão grande quanto seu pai. “Mark Arm,” do Mudhoney, é considerado por muitos, como inventor do Grunge e isso, foi antes mesmo, de existir o Mudhoney. Ele, tinha uma banda chamada “Green River” e em 1981, enviou uma demo para um fanzine de Seatle, que acabou chamando a atenção, não pela música, mas, pela forma como ele descrevia aquele som.
Mark, dizia que aquilo, era puro barulho; pura merda; puro Grunge; um jargão britânico, que define “sujo.” Aquele jargão, pegou. O fanzine, passou a definir os sons menos polidos, como Grunge e logo, as bandas de Seatle, passaram a disputar quem era mais Sujo, logo nasceu o estilo Grunge.
Na sua essência, as bandas Grunges, consideravam cafonas, os ícones do hard rock, como, Kiss, Aerosmith, Van Hallen; para eles, eram bandas bregas. No Grunge, o estilo visual, era o que menos importava. Suas roupas, quanto mais velhas, melhor; no futuro, virou o “estilo Grunge.” Chegou a ser moda, né? Vocês lembram…
A gravadora Sub Pop, foi pioneira no estilo e assim que suas bandas despontavam, elas iam para outras gravadoras, como “Geffen Records,” por exemplo. Ser pop e ser Grunge, definitivamente, não combinava e o Nirvana, tinha altas referências pop em suas músicas, afinal, um dos maiores ídolos de Kurt Cobain, era “John Lennon.” Para o Grunge, Nirvana, foi ruim, pois, popularizou o estilo e acabou com aquela essência de movimento underground. O problema, é que Kurt Cobain, nasceu para ser grande e ele seria de qualquer forma, mesmo sem o Grunge.
A Produção musical de Bleach, foi feita por Jack Endino, que depois disso, produziu discos do Soundgarden, Mudhoney e veio até para o Brasil, produzir o “Titanomaquia,” dos “Titãs,” no qual, ele trouxe a essência `Grunge pra cá. Vocês lembram desse disco? Eu adoro!
Ok, mas o Nirvana, que eu estou falando aqui, ainda, é aquele Nirvana de 1989, sem grana e todo fodido. O disco, até rendeu uma pequena turnê pelos bares underground da Europa e que de certa forma, elevou o status da banda. Então, Krist e Kurt, começaram a compor as músicas para o segundo disco. Mas o problema do baterista, ainda era crônico. O Nirvana, se apresentava com bateristas free lancers, então, apareceu ele, o elemento que faltava, o “Dave Grohl.”
Dave Grohl, estava fazendo uma turnê na Europa, com sua banda, “Screan” e foi lá, que ele viu pela primeira vez, um show do Nirvana. Dave, pensou… uow! Seria legal tocar com esses caras!
De volta aos E.U.A, em uma conversa pelo telefone, com “Buzz,” vocalista dos Melvins, que era amigo dele e do Nirvana, Buzz, disse que Krist e Kurt, haviam assistido um show do Screan e disseram, que se um dia conseguissem um baterista como ele, a história seria diferente. Dave, pirou e entrou em contato com Krist. Krist falou: “Ah, negócio fechado. Vem pra cá.” E Dave Grohl, arriscou tudo, pegou sua mala e se mudou para Seatle, ser o baterista do Nirvana. Ele, dividia um apartamento minúsculo, com Kurt e dormia em um sofá, onde mal conseguia esticar as pernas.
Se liga no que Dave Grohl, que hoje é vocalista e líder dos “Foo Fighters,” disse em uma entrevista recente:
“Eu estava na maior banda, com o maior compositor da minha geração e a única coisa que eu precisava fazer, era fechar os olhos e tocar, como se fosse o último dia da minha vida e foi somente isso que eu fiz.”
Dave Grohl, mudou o som do Nirvana, isso é fato. Mas Kurt, também queria mudar, ele, queria tentar melodias mais pops e simples. Então, lançaram em 1990, um single, com uma canção ultra melódica e simples, gravada antes da chegada de Dave Grohl, chamada, “Sliver.”
A Sub Pop, que passava por crises financeiras, não aprovava aquele tipo de canção. Então, o Nirvana, foi embora; assinou com outra gravadora, com a “Geffen, sendo recomendados por “Kim Gordon,” a baixista do “Sonic Youth,” banda que o Nirvana, idolatrava.
Na Geffen, a moeda, começou a pingar e a opção de gravarem músicas mais melódicas, ficou a cargo da banda. O Nirvana, já estava produzindo o segundo disco e fez questão, de manter o mesmo produtor que vinha trabalhando com eles na Sub Pop, “Butch Vic.” O novo disco, inicialmente, se chamaria, “Sheep,” mas, logo mudou para “Nevermind.”
As gravações de Nevermind, foram feitas em Los Angeles, no aclamado estúdio, “Sound City” e vale lembrar, que o Sound City, ficou aclamado, por ter gravado o Nevermind.
A Meta de Kurt Cobain, era que Nevermind, soasse agressivo, mesmo com melodias pop e após muitas sessões de mixagem sem êxito, chamaram “Andy Wallace,” engenheiro de som, que havia mixado o disco “Season in the Abyss,” do “Slayer.”
O som é agressivo, mas Kurt Cobain, nesse disco, usa guitarras atípicas para quem busca sonoridades pesadas. Em Nevermind, ele gravou, usando principalmente guitarras “Fender,” modelo “Mustang” e “Jaguar.” Em seu set de pedais de efeitos, pouca coisa, somente algumas distorções, mas o elemento principal, que é o que caracteriza o som do Nirvana, o pedal “Chorus,” que deixa o som da guitarra, com uma sonoridade “molhada,” sabe?
A revista, “Guitar World,” decretou que a guitarra de Kurt Cobain, no disco Nevermind, definiu o tom do rock da década de 90.
Nevermind, foi lançado no dia 24 de setembro de 1991, com a foto de um bebê dentro de uma piscina, sendo fisgado por uma nota de 1 Dólar.
A Geffen, esperava que o disco, vendesse 250 mil cópias; mesma quantidade alcançada pelo Sonic Youth, mas, apenas 4 meses, após seu lançamento, Nevermind, desbancaria das paradas, ninguém menos que, “Michael Jackson” e seu álbum recém-lançado, “Dangerous.”
Nem o mais entusiasta produtor fonográfico, imaginaria uma zebra daquelas. Em 1992, Nevermind, estava vendendo mais de 300 mil cópias por semana. Aqueles moleques despretensiosos, estavam ganhando 3 discos de ouro por mês.
E todo esse sucesso, tem nome; o disco todo é ótimo, sem dúvida,, mas uma música específica, fez as estruturas do mercado fonográfico estremecer e esse também, é o tema do episódio 13 do Clube da Música Autoral… “Smells Like Teen Spirit!”
Quando Dave Grohl, chegou a Seatle, a primeira coisa que ele fez, foi assistir um show do Nirvana, com um baterista provisório. Nesse show, eles tocaram Smells Like Teen Spirit e Dave Grohl, ficou impressionado. Na plateia, 1.200 jovens com cabelos compridos e sebentos, usando roupas rasgadas e camisas de flanela, se descabelavam, subiam em cima do palco, davam moshs; era insano.
Então Dave, entendeu que sua bateria precisava estar na mesma sintonia daqueles garotos; precisava ser insana, pulsante e energética.
No dia seguinte, fizeram o primeiro ensaio com Dave na bateria e eles, tocaram Smells Like Teen Spirit.
Kurt Cobain, balbuciava qualquer coisa. A música não tinha letra e ele dizia, que isso não era importante. Kurt, escreveu a maioria das letras de Nevermind, um dia antes de gravá-las. É triste te dizer isso, caro fã do Nirvana, mas, a maioria das letras de Cobain, não dizem nada com nada; são só palavras jogadas, que simplesmente combinaram com a melodia.
Eu sei que tem exceções, mas, Smells Like Teen Spirit, é um ótimo exemplo disso. A letra é absurda e Kurt, ainda por cima, a canta de uma forma, que não se entende a letra. Conforme a canção fazia sucesso, fãs e jornalistas, queriam saber o que o Kurt, estava querendo dizer na letra, mas ele, foi aconselhado a inventar qualquer coisa, então, ele dizia que retratava a decadência daquela geração jovem e era um misto de sentimentos, de alguém que desprezava o sucesso. E os repórteres, ficavam… óóó… Kurt, despreza o mainstrean; ele despreza os fãs… Polêmica no ar…
Uma prova de como Kurt, era assim mesmo, sem noção, é o próprio Título da música. Ele, namorava na época, Tobi Vail, a vocalista Punk; um belo dia, foram beber e usar drogas no apartamento de Kurt; chegando lá, eles ficaram muito loucos, filosofaram um pouco e uma dessas garotas, Hanna, pegou um canetão e saiu escrevendo nas paredes do quarto, a frase: “Kurt Smells Like Teen Spirit,” ou seja, “Kurt tem cheiro de espírito adolescente.”
Alguns meses depois, Kurt, ligou para Hanna e perguntou, se poderia usar a frase dela para dar título a uma música que ele havia feito. Hanna, achou estranho, pois, “Teen Spirit,” era a marca de um perfume cafona. O que Hanna queria dizer na sua frase, era que Kurt, tinha o cheiro daquele perfume ruim. Mas a música, já havia sido lançada e Kurt, se quer conhecia a existência do tal perfume. Ele, achava que Hanna, estava elogiando o seu espirito rebelde e que ele influenciava jovens, o que de fato, acabou acontecendo mesmo e Smells Like Teen Spirit, foi considerada a voz de uma geração; um hino de rebeldia, que mesmo sem dizer nada na sua letra, diz muito na atitude e conquistou, principalmente adolescentes, como eu.
Kurt, era totalmente contrário a qualquer técnica de gravação, que tapeasse a performance natural. O produtor Butch Vic, queria que ele dobrasse as vozes, mas Kurt, se recusou, então Butch, deu um migué, dizendo que John Lennon, havia feito isso em Come Togheter, daí, Kurt ficou animado e topou fazer a dobra. Ouça só a voz de Kurt, no final dessa canção. é arrepiante.
O Sucesso de Smells Like Teen Spirit, no entanto, teve um outro impulso; não foi apenas a música em si, que estremeceu as estruturas. A Geffen, queria lançar um videoclipe e negociar aparições na MTV; o canal estava em alta nos E.U.A. Clipes musicais, eram essenciais em qualquer produção comercial da época. Então, a gravadora, que sabia que o Nirvana não aprovaria nada bonito, escalou “Samuel Bayer,” um produtor de vídeos trashs, para dirigir o clipe de Smells Like Teen Spirit. Ele escreveu o roteiro, inspirado no filme dos Ramones, “Rock and Roll High School” e alugaram um ginásio, para gravá-lo. A ideia, era ser como um show de colégio, que se transformava em um caos. As cheeleaders, animadoras de torcida, que participam do clipe, são garotas de programa, que foram contratadas por telefone. Kurt, queria que fossem garotas obesas. Na versão original do clipe, tinha até uma historinha, com um personagem principal. Kurt, quando assistiu o resultado final do vídeo, odiou. Pediu que ele se sentasse ao lado e começasse a edição novamente, do zero. Disse que o clipe, precisava ser estranho. Por fim, o ator principal do clipe, acabou sendo o zelador, que toca o esfregão, como se fosse uma guitarra. Quando estreiou na MTV, o telefone da emissora não parava de tocar. Teen Spirit, precisou entrar na programação de todos os programas da MTV; foi uma loucura. Faturou todos os prêmios da emissora e entrou no Guinness Book, como o videoclipe musical, mais reprisado da Europa. No Brasil, não foi diferente.
Eu, garoto do interior, já roqueirinho, vibrava com programas de clipes, como o “Kliptonita,” da TV Record. A MTV, não era transmitida no interior de São Paulo, apenas na capital, mas, eu tinha um amigo, que me trazia fitas VHS, gravadas da programação da MTV. Maluco, quando eu vi o vídeo de Smells Like Teen Spirit, eu dava mosh de cima do sofá! Que que foi aquilo!? Posso dizer com segurança, que mudou a minha vida.
A mídia nos E.U.A, queria fazer de Kurt Cobain, um porta-voz da Geração X, mas Cobain, dizia: “Eu não tenho as respostas para nada. Eu não quero ser porta voz de porra nenhuma.” O sucesso de Teen Spirit, realmente incomodou o Nirvana, que chegou a tirar a música do repertório, como forma de coibir fãs modinha, que iam aos shows, para ouvir apenas essa canção. O produtor Butch Vig, explicou anos depois, que aquela ambigüidade ou confusão, era o charme da coisa toda. O que atraía os jovens para Kurt, é que ele, não era necessariamente um porta-voz de uma geração; ele, se quer sabia o que queria para sua própria vida; ele, era só um cara chateado. Kurt, quebrava aquele estereótipo, da celebridade que queria ser amada, que almejava o sucesso acima de tudo; ele, não queria nada daquilo, queria apenas ser ignorado, mas, falhou mortalmente nessa missão. Kurt, estava em todas as revistas; virou celebridade máxima da música.
Butch, completa dizendo: Não sei exatamente o que Teen Spirit significa. E acho que ninguém vai conseguir explicá-la. A única coisa que tenho certeza, é que ela é intensa… intensa como o inferno.”
E assim, com essa frase de Butch Vig, o produtor de Nevermind, eu encerro o episódio 13, do Clube da Música Autoral.
Sabe caro ouvinte, eu ,me envolvo intensamente com a história de cada novo episódio do Clube. Chega a ser angustiante. Então, eu pego o violão e toco algumas canções desses artistas e me alivio. É arrepiante, mas preciso expelir aquela aura e tocando, consigo me aliviar.
Eu comentei sobre isso, com meu parceiro do Clube, o Cocão, e ele me falou uma frase muito profunda, que me deixou inquieto. Ele, nem se quer imagina isso. Mas o Cocão me disse, que Nirvana, é a banda mais agressiva que ele conhece. Aquilo, me soou estranho, pois, eu sei que o Cocão, já ouviu Death Metal, Trash Metal e tudo mais, mas, o Cocão, ele sabe das coisas. O que ele quis dizer, é que Kurt, nos agrediu com a intensidade de suas músicas.
Hoje, as novas gerações, são apáticas em relação a isso, mas quem viveu, sabe que Nirvana, é o vômito de Kurt Cobain, tentando se reencontrar com sua infância. É pesado, cara…
E é assim, com muito pesar, que eu encerro esse episódio, sem contar o resto da história do Nirvana. Mas eu tive que escolher, entre resumir toda a história do Nirvana e ir logo para parte final, da morte de Kurt, ou dividir essa saga em dois episódios. E foi o que eu preferir fazer. Então, eu vou criar uma opção inédita, “Nirvana parte 2,” na enquete de apoio do Clube, para você votar e num futuro próximo, caso seja da vontade dos ouvintes do Clube, voltarei para acabar de contar essa história e falar sobre o meu disco preferido, o “In Utero;” sobre a passagem do Nirvana pelo Brasil; sobre a doida da Courtney Love; além, claro, das teorias sombrias, sobre a morte de Kurt Cobain. Se você, quer ouvir esse episódio, acesse: clubedamusicaautoral.com.br/assine. Lá, tem um vídeo explicando direitinho como funciona. Para votar, você precisa ser sócio do Clube e assim, ainda me ajuda a manter viva, essa missão.
Se você gostou desse episódio, não deixe de compartilhar com os amigos que também gostam de Nirvana. E se ainda não está seguindo o Clube nas redes sociais, aviso, que estamos no Twitter, Instagran, Facebook e YouTube; procure por: “Clube da Música Autoral” e siga, pois, eu completo as informações narradas aqui, por lá.
Cara, essa versão de Teen Spirit, é demais! Quem a está tocando, é uma banda Francesa, chamada “Shaka Ponk.”
Eu, estou deixando uma playlist no Spotify, com todas as canções que foram executadas aqui, nesse episódio. Pra ouvir, acesse o site do Clube, ou digite “Clube da Música Autoral,” na busca do Spotify.
E é assim, triste e feliz ao mesmo tempo, com muitas saudades de uma época que não volta mais, que encerro o episódio 13, do Clube da Música Autoral.
Meu Nome, é Gilson de Lazari e foi um prazer inarrável, poder falar de música com vocês, mais uma vez.
Até a próxima!
Meu nome é Sergio de Godoy e morou em São Paulo.
Cara, que episódio!
A cada semana o programa se supera!! Nasci em 1991 e Nirvana sem dúvida fez parte de todas as fases minha vida!
Tudo o que eu ouvia de música na infância era o que meu irmão que é 8 anos mais velho do que eu me mostrava… Então pela idade dele já dá para imaginar que metade era Nirvana!
Na primeira vez que peguei um violão, com 10 anos, quis de cara tentar tocar a introdução de come as you are… Muito obrigado por nos entregar esses presentes que são cada episódio do clube!
Valeu Sergio, eu agradeço pro ter comentado.
Um episódio cirúrgico! Parabéns pelo seu trabalho e grato por nós entregar um episódio tão primoroso onde conseguiu construir e apresentar a atmosfera provocada pelo Nirvana que para mim foi “a banda” dos anos 90, reconhecendo apesar de no auge do Nirvana, estar entorpecido pelo Sepultura.
Batendo palmas aqui.
Boa Marcos, obrigado por comentar