“Djavan,” não criou apenas canções, ele criou um estilo. O estilo Djavan, conquistou fãs pelo mundo todo e elevou o nível do samba. “Flor de Lis”, foi a canção que anunciou sua chegada em 1976.
Conheça as curiosidades que transformaram essa bela canção em uma referência da música popular brasileira.
Formato: MP3/ZIP
Tamanho: 24,5 MB
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Roteiro e locução: Gilson de Lazari
Revisão: Camilla Spinola e Gus Ferroni
Transcrição: Camilla Spinola
Arte da vitrine: Patrick Lima e Caio Camasso>
Edição de áudio: Rogério Silva
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Estou fazendo essa que é a primeira temporada do Clube e olha, está indo de vento em poupa, graças a vocês que participam, enviam sugestões e compartilham os episódios do Clube.
Falar sobre música é maravilhoso. Ainda mais em épocas tão sombrias, onde a empatia tornou se artigo de luxo e a antipatia impera. Se na política, no esporte e na religião estamos divididos. Ao menos na música estamos unidos. Ou espero que estejamos, né?
As mensagens que chegam pelas redes sociais são na maioria parabenizando. E eu agradeço de coração pelos elogios; isso dá um ânimo para seguir em frente, que vocês nem sabem.
Pela trilha sonora vocês já perceberam que Hoje estou romântico. Mas isso provavelmente é culpa do compositor da canção tema do episódio de hoje, um dos mais audazes e letrados, que assim, jogando suas palavras como um craque da bola, fez inúmeros gols em forma de poesia.
Esse é o feitiço de “Djavan,” que quase perdemos para o Futebol. Da sua história sofrida até a fama, Djavan conquistou uma legião de fãs fiéis.
Eu que já gostava dele fiquei ainda mais empolgado quando recebi mensagens solicitando um programa sobre a música “Flor de Lis,” onde sua letra, seria supostamente baseada em fatos reais que aconteceram com Djavan, quando sua esposa, Maria, teria falecido junto com Margarida, sua filha, ainda durante o parto. Assim, em profunda tristeza, Djavan teria composto Flor de Lis para dizer que o seu jardim havia morrido e do pé que brotou Maria, nem Margarida nasceu.
Mas será que essa história é verídica?
Hoje eu vou falar sobre esse mito da música brasileira, do seu disco de estreia e claro, da Flor de Lis.
Você consegue imaginar um artista emergente optando por usar seu próprio nome, digo, seu primeiro nome, sem sobre nome e mesmo assim conseguir ser reconhecido logo nas primeiras letras da pronuncia?
Esse é Djavan, cujo o nome, hoje, significa um estilo musical. O estilo Djavan. A referência para músicos de alto nível, que flertam com o samba, o jazz e até o fusion.
Mas para chegar até esse ponto não foi fácil, ele teve que bater firme com os executivos da época, que tentaram mudar seu nome e simplificar sua música. Djavan não teria trocado o futebol pela musica para aceitar as imposições assim, de cara. Você sabia que ele abandou uma promissora carreira, como Jogador de Futebol?
Esse ainda não era o Djavan compositor, esse era Djavan Caetano Viana, nascido em Maceió, capital de Alagoas, no dia 27 de janeiro de 1949. Filho do meio de três irmãos, de mãe negra e pai branco. No começo Djavan, ainda criança, mostrou talento jogando bola pelas ruas de sua cidade natal.
Logo despontou como meio-campo no time do CSA, onde poderia ter tranquilamente seguido carreira profissional, pois como diz a gíria, ele engolia a bola.
Djavan, perdeu o pai muito cedo e na adolescência passou a frequentar a casa do de um colega. Foi lá, que ele seria fisgado pela música. Seu segundo pai, Dr Ismar, tinha uma coleção de discos incríveis. Foi amor à primeira vista, e o menino que corria atrás da bola, passou a correr atrás de outros sonhos.
Djavan aprendeu tocar violão sozinho usando os deficientes livretos de cifras, que eram vendidos no jornaleiro. Aos 18, já animava bailes da cidade com o seu conjunto: “Luz, Som, Dimensão,” ou popularmente conhecido, como: “LSD.”
Muito exigente desde sempre, o jovem Djavan, achou que poderia criar músicas parecidas com aquelas que ele tocava nos bailes, pois ele escrevia cartas para suas namoradas, que arrancavam suspiros de paixão. Não demorou muito a ter certeza disso, passando também à compor.
Aos 23 anos, fez sua mala, beijou sua mãe e partiu para o Rio de Janeiro, tentar a sorte na música. Conseguiu emprego como cantor de boate, onde precisou cantar de tudo um pouco, mas a paga não era suficiente. Djavan precisava de uma oportunidade melhor para mostrar seu talento.
Com a ajuda de um conterrâneo radialista, conheceu “João Mello,” produtor da Som Livre, que o levou para fazer alguns bicos na TV Globo. Lá, passou a gravar trilhas sonoras de novelas, interpretando músicas de compositores consagrados, como Dorival Caymmi, Toquinho e Vinícius de Morais.
Ouça uma dessas raras gravações, feita para a novela: “Corrida do Ouro,” de 1974.
O Jovem Djavan, acreditava nas suas músicas, e usava todo seu tempo livre para dedicar-se à elas. Em três anos, ele conseguiu compor mais de 60 músicas.
Os grandes festivais continuavam sendo o principal meio de lançar novos artistas, sendo o festival da rede Record o preferido da audiência por ter revelado, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Elis Regina e muitos outros.
A Globo que havia perdido a hegemonia dos festivais, levantou uma bandeira controvérsia para a época, dizendo que os artistas e a MPB precisavam ser renovados, e para isso lançou o ”Festival Abertura,” em 1975.
Participaram Hermeto Pascoal, Leci Brandão, Luiz Melodia, Elza Soares e muitos outros compositores e intérpretes.
Djavan, inscreveu a canção que ele acreditava ser a sua melhor, pois talvez não teria uma outra chance como aquela. Ouça “Fato Consumado,” como foi executado no festival Abertura.
Deu certo e Djavan pegou o segundo lugar. Em primeiro ficou Carlinhos Vergueiro, com a música: “Como um Ladrão,” que não emplacou nas paradas de sucesso.
A exposição da TV, era tudo o que faltava para alavancar a carreira de Djavan, que no mesmo ano fechou contrato com a Odeon e entrou no estúdio da Som Livre para gravar “A Voz; o Violão; a Música de Djavan.” Seu primeiro álbum, foi produzido por nada menos que… “Aloysio de Oliveira.”
Peço licença para falar um pouco sobre Aloysio, pois ele é muito importante para a música brasileira.
Aloysio, foi figura-chave na internacionalização da música popular brasileira. Participou de toda a carreira de Carmen Miranda no exterior, com o “Bando da Lua,” conjunto musical que ele fundou em 1929. Com a morte de Carmen Miranda, em 1955, o grupo se desfez. De volta ao Brasil, ele dirigiu a Odeon Records e em 1963, criou sua própria gravadora, a “Elenco;” produzindo dezenas de discos e lançando os principais nomes da bossa nova, como Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Nara Leão, MPB4, Dorival Caymi ,entre muitos outros ícones da musica brasileira.
Aloysio, ter produzido o primeiro disco de Djavan, fez toda a diferença para aquele momento, onde detalhes poderiam mudar toda a trajetório do inexperiente Djavan.
Na época foi usado a melhor tecnologia disponível, assim como os melhores profissionais. Era um disco de samba moderno, mais melodioso e com frescor de novidade. Djavan teve problemas em conseguir atingir a sonoridade que queria, pois, o estilo que ele começava a criar era algo único e ainda seria lapidado nos seus próximos discos.
Os executivos da Odeom e da Som livre tentaram “simplificar” o som de Djavan, mas em vão. Ele sabia o que queria desde o começo.
Mesmo assim, apostaram todas as fichas e olha só, não é que deu certo?
E é nesse disco que está Flor de Lis, aliás, lançada como carro-chefe; a principal canção do disco.
Foi dito e feito, Flor de Lis, se tornou um grande hit nas rádios e Djavan, uma celebridade.
Antes desse disco chegar nas lojas, já circulava o LP do Festival Abertura de 1975, ou seja, Djavan, que já era o queridinho dos festivais, chegou ao nível de seus colegas, Gilberto Gil e Caetano Velozo.
Há alguns anos, surgiu uma história, espalhada por e-mail, explicando o significado da música Flor de Lis,
A letra da canção, é linda, contagiante e reflexiva. Flor de Lis fala sobre a entrega ao amor sem limites; amor esse que chegou ao fim.
Djavan, foi poético ao descrever o destino, como culpado pelo fim desse amor, pois o destino não quis que ele fosse a raiz de uma flor de lis, transformando seu amor em poeira; morto na beleza fria de Maria. E com um trocadilho de dar inveja a qualquer poeta, referenciou sua vida à um jardim ressecado e morto, pois do pé que brotou Maria, nem Margarida nasceu.
Ou seja, de tão destruído pela perda de maria, não seria capaz de florescer outra flor, ou melhor, outro amor.
Vocês me desculpem o palavrão, mas Djavan, é um puta compositor. A letra de Flor de Lis, é com certeza, uma das melhores da música brasileira.
Porém, vivemos em épocas estranhas, onde boatos são espalhados de forma muito fácil e alguém teve a ideia de criar uma corrente, usando essa canção para isso.
A tal noticia dizia que a Maria da canção, era a esposa de Djavan e Margarida, sua filha que ainda não tinha nascido. Durante o parto, devido a complicações, o médico teria desenganado uma delas e pedido a Djavan, que escolhesse qual das duas ele queria salvar. Por fim, ambas morreram na mesa do parto e como desabafo, Djavan, escreveu Flor de Lis.
Na sequencia do e-mail, vinha a letra da canção. E após esse relato, qualquer um que a lesse teria a mesma compreensão:
Valei-me, Deus!
é o fim do nosso amor
Perdoa, por favor
Eu sei que o erro aconteceu
Mas não sei o que fez
Tudo mudar de vez
Onde foi que eu errei?
Eu só sei que amei,
Que amei, que amei, que amei
Será talvez
Que minha ilusão
Foi dar meu coração
Com toda força
Pra essa moça
Me fazer feliz
E o destino não quis
Me ver como raiz
De uma flor de lis
E foi assim que eu vi
Nosso amor na poeira,
Poeira
Morto na beleza fria de Maria
E o meu jardim da vida
Ressecou, morreu
Do pé que brotou Maria
Nem margarida nasceu
E o meu jardim da vida
Ressecou, morreu
Do pé que brotou Maria
Nem margarida nasceu
Olha, eu não desejo uma situação dessas para ninguém, mas sabemos que é possível. Imagina? Ter que escolher entre esposa ou filha e acabar perdendo as duas?
A notícia é falsa, mas tenho que admitir, foi uma história incrível, baseada na letra de Flor de Lis.
A notícia falsa, voltou a aparecer recentemente nas redes sociais e novamente viralizou. Isso aumentou a audiência de Flor de Lis consideravelmente, ao ponto até de eu receber mensagens sugerindo um episódio do Clube com a música Flor de Lis.
Olha, Flor de Lis, já mereceria um episódio independente do boato, pois ela é incrível. E caso alguém ainda tenha dúvida sobre a origem da letra, Djavan comentou sobre o boato em uma entrevista.
Outras versões de Flor de Lis, foram registradas por outros grandes intérpretes. Ouça um trecho com Tim Maia.
Também foi acariciada por Cauby Peixoto.
E na voz de Alcione, ficou incrível também.
Em 1976, Djavan, estava apenas começando sua carreira e ainda viria inúmeros hits pela frente.
Na década de 80, ele foi produzir suas músicas na América e lá, ficou deslumbrado com o nível técnico dos músicos, atingindo o auge de sua criação.
Músicas como, Samurai e Oceano, por exemplo, facilmente renderiam novos episódios para o Clube da Musica Autoral, mas hoje eu encerro por aqui e espero ter correspondido com a expectativa de todos que pediram a canção Flor de Lis.
E aí, o que você achou desse episódio? Deu pra viajar na história de Djavan? Espero que sim.
Agora que tal vc me dar uma moral e compartilhar esse podcast nas redes sociais? O clube está no Facebook, Twitter e Instagram. É só procurar por “Clube Da Musica Autoral,” que você já fará parte desse clube.
E Sabe caro ouvinte do Clube, eu tenho uma missão, que é espalhar música boa e histórias legais pela rede. Se você achar minha missão justa, saiba que pode me ajudar, sendo um padrinho do clube e fazendo doações mensais, no valor que quiser. É só acessar: apoia.se/clubedamusicaautoral e me ajudar, para que essa ideia não morra.
Meu nome é Gilson de Lazari e foi um prazer falar de música com vocês!
ADORO AS MUSICAS DO DJAVAM, MAS NÃO E PRA QUALQUER UM CANTAR. ESSA HISTORIA DA MUSICA FLOR DE LIZ, SEMPRE SOUBE QUE A HISTORIA DA ESPOSA E DA FILHA ERA VERDADEIRA. MAS AGORA OUVINDO ELE FALAR E DESMENTIR, NÃO SEI QUEM NA EPOCA ESPALHOU O BOATO QUE ERA REALMENTE DA ESPOSA. PARABENS PELÇAS SELEÇÕES. DE MUSICAS. AMEI.