Finalmente chegou a vez de continuarmos a história do rei do Pop, “Michael Jackson”.

Dessa vez, vamos analisar o sucesso e as polêmicas por trás da canção “Black or White”.

Confira!

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Na primeira parte dessa história, fomos até o lançamento de “Thriller”, o disco mais bem sucedido da história da indústria fonográfica. Pra vc ter uma ideia, até o reflexo do sucesso de Thriller foi grande, visto que pessoas estavam indo as lojas de discos comprar Thriller e acabava também comprando outros discos. Em questões visuais, Thriller também foi significativo e influenciou na ascensão da MTV. Michael Jackson queria fazer um curta-metragem, mas além disso, acabou reinventando a indústria musical através dos videoclipes.

Outro ponto de interesse tratado no episódio 11, foi a “Motown 25”, um evento em comemoração aos 25 anos da gravadora que investia em musica negra americana e que foi transmitido ao vivo pela TV, mas ninguém lembra disso, o que todos lembram é que foi nesse dia que Michael Jackson, que estava lá para se apresentar com seus irmãos os “Jackson 5”, apresentou o “Moonwalk” pela primeira vez; um passo de dança revolucionário que teve sua importância comparada com a “Dança na Chuva” de “Gene Kelly” e o “Andar do Vagabundo” de “Charles Chaplin”.

Michael Jackson reinventou suas performances e o legado de Thriller é um absurdo, além da importância para a cultura pop, para a black music, para as comunidades negras e claro, para a indústria fonográfica num todo.

Com tanto sucesso, propostas comerciais choveram, inclusive, aquele maldito contrato com a Pepsi, que caso você não saiba, foi responsável pelo acidente no set de filmagem, quando Michael teve queimaduras de segundo grau no couro cabeludo e marca também o inicio da fase traumática e a dependência de remédios que levaram Michael à morte anos depois.

Muito sucesso, sim, isso é sinônimo de Michael Jackson.

Hoje, Thriller já superou 110 milhões de cópias vendidas no mundo; no Brasil, estima-se  1,5 milhões de cópias. Recentemente, em 2017, bateu mais um recorde ao atingir 33 milhões de cópias vendidas, somando-se as versões digitais na era dos sites de streamings, ou seja, um disco atemporal, que até hoje circula nas playlists das novas gerações.
Seria errado afirmar que a indústria musical é dividida em antes de Thriller e depois de Thriller? Na minha opinião, não, porque é bem isso mesmo que Michael Jackson fez, tal como um dia os Beatles revolucionaram a música, Michael também o fez, aliás, você já ouviu o Drops que eu falo sobre quando Michael Jackson estava tão rico, que resolveu comprar todos os direitos sobre o acervo musical dos Beatles? Pois é… após Thriller, Michael estava assim, excêntrico. E para continuarmos a contar essa história de onde paramos, vamos voltar essa fita.

Após o lançamento de Thriller, a mídia notou que a pele de Michael Jackson estava clareando. Inicialmente, parecia maquiagem, mas o tom negro que marcou a sua imagem na juventude durante os anos 70, gradualmente ficava mais pálida. A mudança atraiu ampla cobertura da mídia, incluindo especulações de que Michael estaria negando suas raízes africanas.

O dermatologista de Jackson, “Arnold Klein”, , disse que Michael tinha vitiligo, uma condição caracterizada por perda de pigmento na pele, que causa manchas e sensibilidade à luz solar. Pouco depois, Michael foi diagnosticado também com lúpus eritematoso discóide, uma doença que causava manchas e febre.

Os efeitos drásticos do vitiligo podem causar sofrimentos psicológicos.

Para quem fala que Jackson poderia ter usado maquiagem escura e manter sua pele no tom original, lembro que ele fez isso por muitos anos, pois o vitiligo começou a se manifestar nele em 1979, época da turnê de “Off The Wall” e devido aos compromissos, o tratamento foi interrompido várias vezes. Michael só começou a deixar o tom da maquiagem clara, após ter contato com um tio que estava em estado avançado da doença e notar que a maioria da sua pele havia ficado clara e rosada.

Mas se você também conseguir se imaginar na pele de um negro vivendo em meio a uma elite de empresários, autoridades e celebridades, todos brancos, possivelmente também vai conseguir entender os motivos de Michael tentar se sentir aceito, ao ponto de gastar milhares de dólares com o clareamento de pele, apesar de Jackson nunca ter admitido que fez isso propositalmente.

“Quando as pessoas inventam histórias que eu não quero ser quem eu sou, isso me machuca”.

Em sua autobiografia, Jackson assume ter feito duas cirurgias, uma rinoplastia e uma cirurgia no queixo, e só. Quanto as mudanças em seu corpo, Michael diz que perdeu peso propositalmente para alcançar o corpo de um dançarino. Mas testemunhas relataram que ele sofria de anorexia nervosa. Após sua morte, “Katherine Jackson”, a mãe de Michael, afirmou que ele havia ficado viciado em plásticas e perdeu a noção, tendo como prejuízo a face deformada. Uma característica comum de quem abusa das cirurgias estéticas.

 

Mas é fato, apesar dos problemas de saúde, Jackson se torna um cara excêntrico, afinal, ele tinha mais dinheiro do que poderia conseguir gastar. Por exemplo, ele passou a levar para suas turnês, o macaco “Bubles”.

Em 1987, a “Rolling Stone” descreveu Jackson como “o gênio volúvel, uma celebridade que aparentava viver em um reino de conto de fadas cercado de animais e personagens de desenhos animados, sem se preocupar com as chacotas infinitas dos tablóides, porém, a própria Rolling Stones, reconhecia que essa mesma criança em Michael, inspirava a arte que alimentou toda a indústria fonográfica de sua época.

Vale lembrar que no mesmo ano, 1987, Michael Jackson rompe com as “Testemunhas de Jeová”, religião que sua família sempre seguiu. Sua mãe disse que isso aconteceu porque alguns radicais se opuseram fortemente ao vídeo de Thriller, que flerta com o terror, consequentemente, com mitos e demônios que estariam supostamente abalando a fé alheia.

Da pra imaginar a pauleira?

Michael Jackson, no mínimo era chamado de estranho, e foi nesse clima que o próximo disco, o primeiro após Thriller, foi produzido. A dúvida na mídia era: será que o Michael conseguiria repetir o sucesso arrebatador de seu lançamento anterior? Isso seria como cair dois raios no mesmo lugar e como eu sempre digo, não basta ter talento, tem que ter sorte, estar no lugar certo, na hora certa e claro, dar lucro para os investidores. O raio caiu de novo no mesmo lugar quando o primeiro single foi lançado avisando o que viria pela frente.

“Bad” foi lançado no dia 31 de agosto de 1987. Na capa, um Michael Jackson lindo, vestindo uma jaqueta de couro, porém, não era o Michael que todos conheciam, era um Michael Jackson branco, sem os traços originais de seu rosto. A imprensa não sabia se o elogiava pela música, que era sim, tão boa quanto as anteriores, ou se criticava a sua aparência.

Como demorou para ser lançado, Bad gerou tanta expectativa, que o interesse comum, fez com que 5 das suas 11 faixas, chegassem ao topo das paradas. “Quincy Jones”, “The Dude”, novamente dividiu a produção com Michael Jackson.

Quincy Jones e Michael Jackson

Entre os produtores musicais tradicionalistas da época, existia uma máxima de que as músicas deveriam ser encomendadas e escritas por outros compositores. Quincy Jones era um desses, fato que gerou um desentendimento entre os dois, porque das 11 faixas de Bad, 7 foram escritas somente por Michael; 3 escritas por ele em parceria com outros compositores e apenas em “Man in The Mirror”, Michael não assinou como compositor.

Apesar dos entraves, Quincy Jones, que era como um pai para Michael, foi muito importante nessa etapa, pois sacou toda a turbulência na vida pessoal do cantor e o encorajou, convencendo Michael que era hora de fazer um álbum muito honesto… e foi o que ele fez.

Equipes A e B que trabalhou em “Bad”

Devido ao período polêmico, podemos imaginar que nesses 5 anos de pausa, a música esteve longe de Michael, mas que nada. Desde 1984, ele vinha trabalhando nessas canções em seu estúdio caseiro em Encino – Los Angeles, , acompanhado de um grupo de músicos e engenheiros, classificados pela gravadora como “equipe B”. As demos que essa equipe produziu, foram levadas para o “Westlake Studio” para serem avaliadas e finalizadas pela “equipe A”, que era comandada por Quincy Jones e o engenheiro de som Bruce Swedien. Segundo Quincy Jones, a equipe A ficou acordada por dias a fio e ele lembra que fumava 180 cigarros por dia, na ansiedade de conseguir finalizar o disco.

 

Porém, esse é o último disco da parceria Michael Jackson e Quincy Jones. O motivo é meio óbvio, produtores musicais contratados pelas grandes gravadoras, eram uns caras controladores. Quincy Jones é genial, sem duvidas, mas ele era bem durão. E enquanto Michael esteve com a equipe B, ele conseguiu ter mais liberdade de criação e gostou disso. Em outras palavras, Michael tentou transformar o time B no time A e claro, como isso envolvia muitos interesses, precisou ser negociado; gerou várias brigas e fez Quincy perceber que Michael já não valorizava mais seus ensinamentos.

Porém, o que Quincy Jones não disse, foi que o ponto de ruptura ocorreu, quando ele tentou vetar uma das melhores musicas do disco… “Smooth Criminal”.

Bad ganhou o Grammy de 1988 de Melhor Gravação e o Grammy de Melhor Vídeo Musical , fora todos os prêmios que Michael faturou depois que Bad pariu cinco singles número um, e tornou-se o primeiro álbum a chegar simultaneamente ao topo das paradas em 25 países diferentes, sendo também o álbum mais vendido de 1987 e 1988. Estima-se que Bad já ultrapassou a marca de 50 milhões de discos vendidos. É muita coisa, mas ainda assim, não chega na metade do que Thriller conquistou.

A turnê mundial de Bad, começou em setembro de 1987 e foi até 14 de janeiro de 1989 e marca a quebra de vários recordes, como de maior público em uma turnê, com sucessivos sold outs e a abertura de muitos shows extras.

Se você acha que os fãs de Michael eram xarópes no Brasil, é porque você não viu o que acontecia quando ele visitava o Japão.

Ao mesmo tempo, Michael Jackson lançava sua autobiografia, chamada “Moonwalk”, de 1988 ,que rapidamente alcançou o topo da lista de best-sellers do New York Times. Foi quando Jackson discutiu sua infância pela primeira vez e veio a tona os abusos de seu pai lá dos tempos de Jackson 5.

Ainda no mesmo ano, Jackson lançou o filme: “Moonwalker”, que apresentava imagens ao vivo e curtas-metragens. Esse, rapidamente tornou se o videocassete mais vendido do ano. Michael estava ganhando tanto dinheiro, que resolveu construir seu próprio parque de diversões. Ele comprou 11 mil metros quadrados de terra perto de Santa Ynez, Califórnia, para construir “Neverland”, a terra do nunca, pois tal qual Peter Pan, Jackson queria ser uma eterna criança. Estima-se que Neverland teve um custo de US$ 17  milhões de dólares, com direito a uma roda-gigante , um carrossel , um cinema e até um zoológico.

Jackson estava voando! O presidente George H. W. Bush, o nomeou “Artista da Década”. Ao mesmo tempo, Jackson também passou a ajudar muitas instituições de caridade; muitas mesmo; ele transferia valores absurdamente altos.

Michael Jackson foi o artista mais vendido da década de 1980.

Em março de 1991, Jackson renovou seu contrato com a Sony por US$ 65 milhões (Em 2020 isso era equivalente a US$ 123 milhões), um acordo recorde para a indústria fonográfica.

No mesmo ano, ele lançou seu oitavo álbum, “Dangerous”, , o primeiro sem a participação de Quincy Jones, parceiro desde Off The Wall. Dangerous foi produzido por Michael em parceria com Teddy Riley e Bill Botrell .

Dangerous marca a mudança artística de Jackson, porque agora, sua música passa a focar em temas sociais e isso inclui também uma gama mais ampla de sons e estilos, ainda não experimentados no Pop.

Os críticos classificaram esse disco como corajoso e urbano, afinal, seria muito confortável para Michael continuar repetindo a receita de sucesso, mas ele foi além, investindo em sons não convencionais. Nesse disco, Jackson incorporou elementos do Rap, do beatboxing , e muitos elementos eletrônicos.

Dangerous estreou em primeiro lugar nos E.U.A. Vendeu 5 milhões de cópias só na sua primeira semana e passou a ser o álbum mais vendido do mundo em 1992. Esse é aquele disco que perdeu o pódio para Nevermind do Nirvana, que contei em outros episódios. Um duelo de gigantes, apesar da postura despretensiosa do Nirvana. Mesmo assim, Jackson continuou muito forte. Dangerous rendeu nove singles e quatro deles alcançaram o top dez:

“Remember the Time”, “In the Closet”, “Will You Be There”, todos chegaram ao topo das paradas, além, claro, do single número um daquele ano; um outro ponto fora da curva; outro divisor de águas para a indústria fonográfica. Cocão, por favor, rode a vinheta, por quê, a partir de agora vamos falar sobre “Black or White”.

Em 1991, eu, com 14 anos na época, era um dos jovens que estavam ansiosos com a chamada do Fantástico, anunciando o novo videoclipe de Michael Jackson. Você lembra disso?

Cara, eu fiquei plantado na frente da televisão, aquele não foi um lançamento qualquer, foi um lançamento mundial. E outra… 11 minutos!? Será que seria mais um curta-metragem? Uma receita que Michael lançou pela primeira vez em Thriller e estava repetindo a dose em parceria com o mesmo diretor, John Landis.

Quem contracenou no vídeo, foi “Macaulay Culkin”, ele era a estrela mirim do momento, devido ao sucesso de “Esqueceram de mim”, lançado um ano antes.

É assim… eu sei que Thriller é mais importante historicamente, mas pra mim, Black or White é o melhor trabalho audiovisual de Michael Jackson. Tudo o que vemos nesse vídeo é inovador.

Michael mostra vários grupos e suas expressões culturais mundo afora. A cena com os nativos americanos que usaram suas próprias vestimentas foi linda. Índios eram retratados como inimigos nos cinemas e Michael, tinha objetivos de inclusão social para esse disco.

E aquele efeito de transformação!? Foi chamado de “efeito morfo”. Aquilo era inédito no universo dos videoclipes e tinha sido usado anteriormente apenas no filme “Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final”.

O vídeo de Black or White estreou simultaneamente em 27 países, com uma audiência de 500 milhões de espectadores, o maior número já registrado para um videoclipe e que provavelmente jamais será quebrado. E tudo isso aconteceu no dia 14 de novembro de 1991.

Na moral, eu chorei de alegria…

Mas sobre o que a canção Black or White fala?

Caso você não saiba, Michael fala escancaradamente sobre preconceito e racismo; sobre o absurdo que é dividir raças em diferentes classes sociais e saber que mesmo após toda a escravidão do período colonialista, ainda existem pessoas que concordam com aquilo.

Black or White surgiu na mesma época do Caso Rodney King, aquele mesmo caso que inflamou confrontos entre a polícia e a comunidade negra de Los Angeles. O fato que influenciou o Rage Against The Machine a escrever “Killing in The Name”, também teria influenciado Michael Jackson, porém, claro, cada um com seu estilo.

As músicas de Jackson tinham um longo processo de gestação. Ele vinha trabalhando em Black or White desde as sessões de Bad. E apesar dos tons alegres e refrão contagiante, os ouvintes sempre se esquecem da corrente sombria por trás dessa música. Michael demonstra estar engasgado.

“Eu estou cansado desse demônio

Eu estou cansado desse negócio

Improviso quando a coisa se complica

Eu não tenho medo do seu irmão

Eu não tenho medo de nenhum lençol

Eu não tenho medo de ninguém”

É obvio, o clareamento de pele de Michael após as doenças e a forma como a imprensa o julgou, está evidente nas entrelinhas de Black or White, principalmente quando ele diz:

“Não finja que concorda comigo

Eu te vi chutando poeira em meu olho”

E Quando Michael diz: “Eu não tenho medo de nenhum lençol”, ele não está apenas falando da “Ku Klux Klan”, que vestiam lençóis e capuz, ele fala também do racismo estrutural. Se essa letra fosse do Rage Against The Machine, na sequência viria um “Mother Fucker”! Mas como é do Michael Jackson, ele apenas apazígua os ânimos ao dizer:

 

“Se você está pensando em ser meu irmão

Não importa se sou preto ou branco

O que importa é que é duro para todos sobreviverem”

Bill Bottrell e Michael

Bill Bottrell, o principal produtor dessa música, conta que Michael chegou ao Westakle Studio e cantarolou o riff de Black or White, sem especificar qual instrumento ele estava pensando. Bottrell, resolveu testar com uma guitarra Gibson de 1940 ligada em um amplificador valvulado. Aquilo ficou muito Rock and Roll, mas o produtor não sabia se Jackson iria gostar, até ele ouvir a ideia apresentada, e dizer… “é isso”!

Slash e Michael

Michael Jackson adorou o riff de guitarra, que foi gravado pelo guitarrista “Tim Pierce”, apesar que tem muita gente, que erroneamente, credita o riff de Black or White à “Slash”, o ex-guitarrista do Guns n’ Roses. Ele de fato participou do álbum, mas só tocou na música “Give in to Me”. E também foi ele que gravou as guitarras que ouvimos no prelúdio do vídeo, durante a briga entre pai e filho.

Michael e Botrell continuaram trabalhando em Black or White esporadicamente durante os próximos anos, após o lançamento de Bad. E o produtor lembra que durante a pré-produção, Michael gravou mais de 100 takes de voz e por fim, escolheu o primeiro, por que era solto e dinâmico, repleto de nuances improvisadas que não se repetem mais. Durante as mixagens de Dangerous, todos os takes foram analisados e esse mesmo primeiro take da pré produção ainda foi mantido. Ou seja, o que ouvimos em Black or White, incluindo os gritinhos e tal… é a primeira tentativa de Michael. Cara, eu acho isso incrível… e o Cocão achou até uma versão à capela pra gente conferir.

Mas Michael era bem autocrítico e as vezes, inseguro. Então, um dos papeis dos produtores, era convencê-lo que aquilo realmente estava bom. Mas mesmo assim, Michael ainda achava que tinha algumas lacunas na canção, então ele resolveu testar um solo de RAP. Inicialmente,, ele cogitou a participação de rappers famosos, mas depois de ouvir a amostra cantada por Bill Bottrell, ele sentiu que estava perfeito daquele jeito.

“De minha parte, eu não pensava muito em rap, mas gravei para termos a guia. Quando toquei para Michael, ele disse: “Ohhh, eu adorei, Bill, eu adorei. Deve ser você”.

Eu continuei dizendo: “Não, nós temos que conseguir um rapper de verdade”, mas Michael ficou tão encantado com o meu improviso que não quis ninguém mais”. Conta Bill em suas entrevistas, que no disco, foi apelidado de “LTB”.

A parte mais polêmica do vídeo de 11 minutos, vem após o fim da música, quando surge uma pantera aleatória, que provavelmente é uma referência aos “Panteras Negras”, grupo que lutou pelos direitos civis dos negros americanos.

A pantera se transforma em Michael, que por sua vez, realiza alguns passos de dança em um beco escuro de Nova York. Até que em determinado momento, ele quebra uma garrafa de vidro e em seguida estraçalha um carro parado na rua usando um pé-de-cabra. Depois, Michael ainda quebra algumas janelas e fica explícito que se trata de um acesso de fúria, principalmente quando ele rasga a própria roupa.

Assim que o vídeo acabou, boa parte da enorme audiência global ficou chocada… “será que Michael queria fazer apologia à violência”?

Eu entendo que tudo o que ele quebra tem referência ao nazismo e ao racismo; frases que surgem no momento da quebradeira, deixando claro que ele estava lutando contra o preconceito. Mas o trecho foi rechaçado pelos críticos por ser muito violento e novamente a mídia transformou Michael Jackson em uma polêmica sensacionalista, fato que o fez ir a público para pedir perdão pelo vídeo.

Como assim, mano!? O cara faz o melhor videoclipe de todos os tempos e precisa vir pedir perdão!?

O vídeo foi editado, com a parte final excluída e em seu depoimento oficial, Michael disse o seguinte:

“Entristece-me pensar que Black or White poderia influenciar qualquer criança ou adulto a ter um comportamento destrutivo. Eu sempre tentei ser um bom exemplo e, portanto, fiz estas mudanças para evitar qualquer possibilidade de, inadvertidamente, afetar o comportamento de qualquer indivíduo”.

Ninguém entendia qe Michael Jackson era apenas um artista expressando suas emoções, mas se parar pra pensar, Michael transcendeu. Ele não era mais um simples artistas, era um ícone; uma referência para as crianças e jovens de todo mundo e é a partir de Black or White, que Michael passa a se sentir sufocado com sua imensa responsabilidade, e a partir daí, coisas estranhas começam a acontecer. Mas isso já é tema para outro episódio.

Então é isso, assim vamos chegando ao final de mais um episódio do Clube da Música Autoral, mas antes, lembro que apesar das polêmicas que o vídeo gerou, o sucesso de Black or White, foi responsável também por solidificar a reputação de Jackson como “O Rei do Pop”.

Apesar desse título ter sido fabricado pela equipe de marketing, como forma de resposta a um outro apelido que eles queriam evitar. Muitas matérias haviam sido publicadas apelidando Michael de “Wacko Jacko”, que pode significar maluco pirado, e isso se deve ao comportamento excêntrico e as constantes mudanças de aparência de Michael. Então, a gravadora passou a exigir que qualquer emissora que fosse reproduzir Black or White, tinha a obrigação de concordar em se referir a Jackson como “O Rei do Pop”.

Dan Beck, ex-executivo da Epic Records e líder da equipe de marketing de Jackson, temia que a pressão pelo status real pudesse prejudicar a carreira do pop star. Ele chegou a insistir que desistissem disso, pois as chances de uma rejeição eram enormes, mas o que houve foi o contrário e o título real deu certo. E hoje é indiscutível, Michael Jackson, é O Rei do Pop.

Em 1991, no lançamento mundial de Black or White, Michael ainda não havia revelado a sua doença de pele, ele só assumiria publicamente que sofria de vitiligo numa entrevista concebida a Oprah Winfrey em 1993, dois anos depois. Michael sofreu todos aqueles julgamentos calado e depois que assumiu, imediatamente tornou-se o maior divulgador da doença, fato que também influenciou na conscientização sobre os danos psicológicos que o vitiligo pode causar.

Foi um prazer falar de música com você e até a próxima!

Gilson de Lazari

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Roteiro e locução: Gilson de Lazari

Revisão: Camilla Spinola e Gus Ferroni

Arte da vitrine: Patrick Lima

Edição de áudio: Rogério Silva

 

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