Se você nunca ouviu falar de “Milli Vanilli,” tem um motivo… a indústria da música os apagou da história.
Conheça as curiosidades por trás da ascensão e queda da dupla alemã e sua mais famosa canção… “Girl You Know It’s True.”
Formato: MP3/ZIP
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Roteiro e locução: Gilson de Lazari
Revisão: Camilla Spinola e Gus Ferroni
Transcrição: Camilla Spinola
Arte da vitrine: Patrick Lima
Edição de áudio: Rogério Silva
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Se você não se lembrou dessa canção, tudo bem, é compreensível. Eu, que já sou meio tiozão e tal, lembro que nas rádios brasileiras entre 1989 e 1990 quebrou recordes de pedidos. Uma época que deixou saudades, quando os ouvintes enviavam cartas ou faziam telefonemas em orelhões… Já fiz muito, mas paro por aqui, porque não sou tão velho. Mas tenho boas lembranças dessa época. E você? Também tem uma lembrança para contar? Saiba que queremos ouvir a sua história.
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Esses anos 80 foram sensacionais para a música, sem dúvida. O hip hop, a new wave, o pop… Se você quer ouvir mais histórias dessa fase musical genial, ajude sendo um apoiador do Clube. Você pode ser sócio assinando pelo PicPay, PayPal, PagSeguro ou Apoia-se. Ajude a manter essa missão viva e seja um sócio. Acesse o nosso site clubedamusicaautoral.com.br/assine e conheça as vantagens que você recebe em troca do seu apoio.
Ok, Cocão. Recados dados e preparado para narrar mais uma história incrível. A partir de agora, com respeito e sem ser vago, vamos lembrar da curta trajetória de Rob Pilatus e Fab Morvan, a dupla de dançarinos que formavam o Milli Vanilli.
O ano era 1989 e uma dupla de cantores alemães se fazia presente nos principais eventos que premiavam a indústria fonográfica da época. Eles eram o Milli Vanilli. Os alemães chamavam a atenção por serem negros, com cabelos longos trançados, vestindo calças apertadas e blêizers com ombreiras imensas.
Na época, a imagem sensual dos rapazes passou a ilustrar capas de revistas, outdoors, cadernos escolares e até lancheiras. Aliado a isso, fizeram várias aparições em programas de TV. Sabe qual o motivo de tanto sucesso midiático? Além da imagem sexy, eles haviam faturado três categorias no American Music Awards com melhor single de pop rock, melhor artista de soul/rhythm’n’blues e artista revelação.
Isso sem falar no monte de indicações e prêmios menos afamados. O American Music Awards é um prêmio muito aclamado que vem reconhecendo os talentos musicais desde 1974. Para você ter ideia, entre os músicos americanos mais premiados estão Taylor Swift com 29 prêmios, Michael Jackson com 24 e Whitney Houston com 22. Só os bagaça da música mundial e, no mesmo palco, estava lá Milli Vanilli… saltitando e comemorando o reconhecimento por seu talento musical.
Três prêmios em uma mesma edição do American Music Awards já seria o suficiente para garantir uma estrela na calçada da fama, porém, no mesmo ano, eles ganharam também o prêmio mais cobiçado e invejado de toda a indústria musical, o Grammy Award. Cara, muitos músicos venderiam a alma na encruzilhada para poder subir ao palco e receber aquele gramofone dourado. Se quiser comparar, imagine o Grammy para a música com a mesma representatividade que o Oscar tem na indústria cinematográfica. Entre os maiores vencedores estão Quincy Jones, Paul McCartney, Stevie Wonder, U2 e, no dia 21 de fevereiro de 1990, a dupla Milli Vanilli, também ganhou o tal gramofone dourado como artista revelação.
Mano, que da hora. Eu, como músico e compositor que arrisco ser, fico imaginando a sensação de subir ao palco, receber um Grammy, agradecer no microfone e, após isso, ser reconhecido no mundo todo como o melhor daquele ano.
Porém, caro ouvinte, dependendo da sua idade, talvez você não se lembre ou sequer jamais ouviu falar de Milli Vanilli, certo? Sabe por quê? Pouco tempo após receberem o Grammy, foram desmascarados e excluídos da história da música. Até hoje, quem se lembra do caso Milli Vanilli os taxa de “a maior farsa da música”.
Olha, eu já contei muitas histórias aqui no Clube, mas essa… talvez seja uma das mais curiosas e reveladoras. Porém, antes de falar sobre Milli Vanilli, é necessário voltar a fita para lembrar de um cara muito importante para a nossa história. Aliás, o pivô de toda essa treta… Frank Farian.
Frank Farian é conhecido por ser um dos produtores musicais mais picaretas de todos os tempos. Porém, no fim das contas, eu seria injusto se não reconhecesse também a sua genialidade musical. Esse som que estamos ouvindo foi um grande sucesso nos anos 70 e lançou uma das maiores bandas disco da década, o Boney M. Por trás dessa banda, compondo e até cantando as músicas, estava Frank Farian, que, detalhe, nunca fez parte da banda oficialmente… Confuso, né? Pois é, eu não queria romantizar a picaretagem, mas se liga na história desse maluco:
Franz Reuther nasceu na Alemanha em 1941, no olho da segunda guerra mundial. Para sobreviver se tornou cozinheiro e, nas horas vagas, tocava e compunha. Seu sonho era ser como Frank Sinatra: um cantor amado, ovacionado por multidões… Mas… né? O universo não conspirou a seu favor, mesmo adotando o nome artístico “Frank”, assim como o do seu ídolo. Não bastou ter talento. Será que lhe faltou sorte? Não sei. Ele chegou a gravar algumas músicas, mas não saiu do anonimato.
Frank fez uma autoanálise e sacou que aquilo tinha a ver com sua imagem pouco empolgante e vendável. Ele era um cara muito pálido e baixinho… Então resolveu se afastar dos palcos, mas não das produções. E, em 1974, uma composição sua, mirando o novo estilo disco music americano, lançada com o pseudônimo de Boney M., pegou; deu certo nas rádios. Logo, começaram a surgir propostas de shows e é aí que a picaretagem falou mais alto pela primeira vez. Frank, lá da Alemanha, fez a leitura de que o público não queria apenas ouvir a disco music; eles queriam ver no palco autênticos afrodescendentes cantando e dançando. Então, resolveu contratar três dançarinas e um dançarino, todos negros, sendo que Bob Farrel, o único homem, imitaria a sua voz rouca e grave nos palcos.
Cara, que loucura, mas o pior de tudo é que deu certo. O Boney M. lançou 8 discos de estúdio com ótima repercussão na Europa e até na América, deixando um legado positivo na sua biografia, pois Frank, nos shows, teve a ideia de misturar cantores que sabiam cantar de verdade e, assim, em meio a overdubs, a coisa fluiu. Até 1981… Foi quando Bob Farrel, que era o rosto do grupo, ficou puto da vida, exigiu o direito de gravar as músicas e Frank o mandou embora, substituindo por outra pessoa. O Boney M. acabou, mas, enfim… eu seria injusto se dissesse que o plano não deu certo. Foram quase 10 anos de altos lucros na indústria musical. Frank Farian continuou no anonimato, mas ficou milionário.
Eu gosto de imaginar que Frank, um cantor branquelo, no meio de uma revolução da música black, foi prático. Ele percebeu que muitos ouvintes se interessavam mais pela imagem e manipulou o público. Até porque não é sempre que aparecem fenômenos como Beyoncé, ou um Elvis Presley que, além de super sensuais, também sabem cantar, atuar e dançar… Concorda? Frank Farian sabia disso, então, ele fabricou esses fenômenos.
Em 1981, agora na Inglaterra e já cacifado por ser um importante produtor musical, como bom picareta que era, Frank aproveitou o fim do Led Zeppelin e montou um grupo chamado Far Corporation para gravar essa versão de Stairway to Heaven que estamos ouvindo, que é muito parecida com a original.
Frank viu a demanda do público que clamava pela volta do Led e, sabendo que eles não voltariam, como de fato aconteceu, ele foi bem-sucedido com sua banda de cover que também lançou vários outros discos.
Ninja, né? Nessas de fabricar novos talentos ao invés de descobri-los, em 1986, desta vez tentando pegar carona com o ascendente hip hop americano, Frank resolve produzir e lançar uma nova dupla: Milli Vanilli. E é aí que a nossa história começa a ficar louca.
“I’m Gonna Miss You” foi o grande sucesso aqui no Brasil né? Mas como eu já disse, Milli Vanilli é uma dupla formada por dois dançarinos, Rob Pilatus e Fab Morvan. Eles não eram cantores e, sim, modelos e dançarinos. Os dois se conheceram em um seminário de dança nos EUA em que foram participar. Como ambos eram europeus e tinham as mesmas ambições, rolou uma amizade logo de cara, que se fortaleceu quando voltaram para a Alemanha.
Fab Morvan se chama Fabrice Morvan. Ele nasceu em 1966 em Paris e aos 18 anos se mudou para Alemanha onde trabalhou, vejam só, no McDonald’s. Ele teve breve atuação como atleta, mas uma lesão o afastou do esporte e, influenciado pela cultura negra americana, resolveu se tornar dançarino e se apresentava em atrações musicais. A pré-disposição dos europeus pelo rock and roll, jazz, blues e demais estilos negros faziam com que a indústria musical europeia imitasse esses movimentos culturais, e muitos negros eram empregados simplesmente por serem negros, para dar autenticidade à black music europeia.
Robert Pilatus por sua vez, nasceu em Munique em 1965. Seu pai era um soldado americano e, sua mãe, uma dançarina alemã. Dessa mistura racial surgiu uma beleza excêntrica: Rob nasceu negro de olhos claros.
Porém, ele foi abandonado em um orfanato alemão e essa sua mistura genética lhe causou muitos transtornos na infância… bullying. Já na adolescência, a mesma aparência lhe rendeu uma carreira como modelo. Fisgado pela black music, logo Rob se tornou dançarino e teve a oportunidade de viajar para os Estados Unidos, participar de um seminário de dança, onde conheceu Fab Pilatus e, juntos, fizeram vários trabalhos, inclusive foram dançarinos da cantora sex symbol na época, Sabrina Salerno.
Os caras eram bonitões e chamavam a atenção nos palcos. Tanto, que trabalhavam como modelos também. Mas, tinham um sonho: gravar discos. Eles até tentaram, mas não rolou. Fab Morvan cantava mal, mas dava para ser lapidado, porém Rob era uma negação. Eles narram ter passado por maus bocados, devendo aluguel e muitas vezes precisando pedir comida. Essa frágil posição os colocou de joelhos diante de quem? Frank Farian. Acontece que ele, como bom picareta que era, estava produzindo a sua versão do estilo musical que era a bola da vez… esse aqui ó
Bandas como Aha, INXS e Duran Duran eram a nova sensação e estavam dominando o mercado Europeu. Mas Frank estava um passo à frente. Ele queria misturar essa new wave com o hip hop americano e havia acabado de produzir uma canção que ele, com toda a sua experiência no mercado, sabia que seria sucesso. Só faltava o rostinho bonito. E aí, bom, aí ele acabou com o meu slogan, provando que nesse mundo da música, às vezes nem de talento precisa. Basta ter sorte e estar no lugar certo e na hora certa, pois os dançarinos modelos, Fab e Rob, que tentavam a carreira de cantores, foram pedir oportunidade no escritório de Frank Farian que, ao analisar os atributos físicos dos jovens, resolveu oferecer a eles um contrato, explicando sem qualquer cerimônia que já tinha a música e os cantores. Só faltavam rostos bonitos para vendê-la. A música em questão era nada menos que o single que dois anos depois ganharia o Grammy, o American Music Awards e, hoje, se tornou o tema do episódio 37 do Clube… “Girl, you know it’s true”
Rob Pilatus adorou a música e insistiu se eles não poderiam gravá-la. Frank negou: “querem o emprego ou não?” Os caras estavam ferrados de grana, mas reza a lenda que eles negaram a proposta. Porém, poucos dias depois, voltaram atrás e, assim, nasceu Milli Vanilli, a maior farsa da história da música.
Eu, pessoalmente acho a letra de “Girl You Know It’s True” fraca. Elogios para a garota amada com frases desconexas do tipo “Eu estou apaixonado por você, garota, porque você está na minha mente” e “Você é macia, suculenta, tão doce e fina e, garota, você sabe que isso é verdade”… Então, não que não mereça uma tradução, mas dessa vez vamos nos ater aos fatos por trás da canção, ok? Afinal, a grande atração era o ritmo dela.
Porém, esse ritmo, que no Brasil seria apelidado de “poperô”, não foi criado por Frank Farian. Ele era um talentoso compositor, sem dúvida, mas “Girl You Know It’s True”, na verdade, já existia e em 1987 se tornou hit nas boates de Berlim. A versão de Frank é pouca coisa diferente. Ouça a original gravada pelo grupo alemão Numarx.
O que Frank fez foi dar autenticidade na performance vocal e, para isso, ele usou vocalistas americanos que estavam servindo o exército na Alemanha. São eles John Davis e Brad Howell, e o rapper se chama Charles Shaw. Esses são os verdadeiros nomes que gravaram “Girl You Knows It’s True” e, no futuro, seriam novamente contratados por Frank para compor a banda de apoio do Milli Vanilli.
Milli Vanilli… Que nome é esse? Muitos pensaram que eram os nomes deles, Milli e Vanilli. Mas, que nada. É uma mistura de palavras turcas e gírias das boates de Berlim na época. E o ritmo de “Girl You Knows It’s True” nem o Numarx inventou. O original vem de batidas da soul music “sampliadas” e lançadas pela primeira vez pela dupla de rappers americanos Eric B. & Rakim… Se liga ó…
Poxa vida, Gilsão. Mas não tem nada de original nessa história? Tem! Quando o clipe dessa música chegou à MTV, foi muito impactante. Principalmente no quesito visual da dupla, Rob e Fab, com seus terninhos de ombreiras que conquistaram a audiência. E, talvez, a grande inovação visual fosse o penteado kanekalon. Músicos negros já haviam abusado da cabeleira de várias formas, mas o kanekalon foi uma novidade, pois lhes dava movimento ao chacoalhar a cabeça quando filmados em câmera lenta. Logo, o penteado aliado às ombreiras sem dúvidas se tornou um conceito inovador, adotado até hoje, mais de 30 anos depois. E, nesse ponto, indiscutivelmente Frank Farian foi genial, pois o projeto deu tão certo que, apenas alguns meses após Milli Vanilli aparecer na MTV, já estavam em turnês ao lado de ninguém menos que Paula Abdull.
O single de “Girl You Know It’s True” vendeu mais de 7 milhões de cópias e esse tipo de sucesso é difícil de manter em silêncio. Já havia rumores de que Milli Vanilli era fake. Um músico da banda, que estava com raiva de Frank, vazou a notícia na Europa, mas poucos dias depois o músico se retratou. Dizem que Frank pagou uma boa quantia por seu silêncio.
Porém, no dia 21 de julho de 1989, em Bristol, Connecticut, durante a turnê Club MTV, o playback enroscou… Se liga só.
Rob Pilatus entrou em desespero e simplesmente saiu correndo do palco. Ele entrou em choque e imaginou que já era… Em frente a 80 mil pessoas, assumiram que eles não cantavam. Mas logo um dos roadies veio buscá-lo para voltar ao palco afirmando que o público não percebeu… E, de fato, poucos perceberam, mas aquilo foi só o começo do fim, pois logo na sequência, Charles Shaw, que é o verdadeiro rapper dessa música, fez a denúncia revelando que Rob e Fab não sabiam cantar. Shaw conversou primeiro com a imprensa alemã. Depois fez uma entrevista com o New York Newsday e, aí sim, explodiu a história. Na entrevista ele alegou que recebeu apenas US$6.000,00 pelo rap que cantou, mas acreditava que deveria receber mais, pois a canção se tornou um mega hit. Mas, Shaw também parou de falar sobre o assunto e, no futuro, Frank Farian confessaria que comprou seu silêncio por US$155.000,00.
Na sucessão de tragédias, Rob Pilatus, que era o queridinho da imprensa, deu um infeliz pronunciamento dizendo que ele era um cantor mais relevante para a música do que Bob Dylan e Paul McCartney… Isso causou uma crise interna na banda e, prevendo que os outros cantores pudessem chantageá-lo, Frank os demitiu em novembro de 1990. Sabe o que eles fizeram em resposta? Convocaram uma coletiva de imprensa onde cantaram a canção e convenceram os repórteres de que eles eram realmente os cantores de “Girl You Know It’s True”.
A história foi lançada primeiro no Los Angeles Times e, ao serem procurados para se justificar, Fab Morvam e Rob Pilatus confessaram explicando que eram vítimas de manipulação, pois pensaram que iam realmente cantar nos discos, mas o contrato que assinaram estava escrito em Alemão e, após o sucesso de “Girl You Know It’s True”, viram-se encurralados em uma prisão de ouro e luxúria. Era o fim do Milli Vanilli, após menos de um ano de sucesso.
Sabe o que é mais doido nessa história? A maneira com a qual o mercado americano tratou o assunto. Imediatamente o Grammy emitiu uma nota revogando o prêmio revelação, e Rob e Fab foram instantaneamente taxados como únicos culpados. Já a Arista Records, gravadora da dupla, foi obrigada judicialmente a devolver alguns poucos dólares para qualquer consumidor que tivesse adquirido o disco e quisesse ser compensado. Não sei explicar exatamente o motivo, mas, na Europa, aquela denúncia de farsa não repercutiu tanto, e houve questionamentos aos famosos artistas americanos que também não cantaram em seus discos de estreia, como foi o caso dos Monkees, por exemplo, entre outros. Por que a imprensa americana massacrava Milli Vanilli?
Alguns meses depois, em depressão, Rob Pilatus tentou se suicidar, mas acabou por ser salvo e sobreviveu… Em 1993, a dupla retornou aos palcos e assinaram com a Joss Records, lançando um novo disco chamado “Rob & Fab”, no qual eles realmente cantaram. Se liga na voz deles:
Apesar de tudo, a dupla ainda gravou mais um disco até que, em 1998, se separaram definitivamente. O motivo? Rob Pilatus foi encontrado morto num hotel em Frankfurt. Ele tinha apenas 32 anos e, apesar de a causa oficial ser overdose de drogas, existem rumores de um possível suicídio, visto que amigos próximos de Rob afirmam que ele nunca aceitou as acusações que o taxavam como um farsante da música.
Já os cantores que realmente gravaram as vozes do Milli Vanilli ganharam na justiça o direito de usar o nome e lançaram um disco pela BMG chamado “O Momento da verdade”. Esse, sim, foi um fiasco de vendas e nunca mais se ouviu falar deles.
Mas você talvez possa estar se perguntando: e o safado do Frank Farian? Esse era macaco velho! Aliás, foi ele que produziu os verdadeiros cantores por trás do Milli Vanilli e, apesar do fracasso de vendas, conseguiu passar um pano. Porém, quem pensa que ele se arrependeu ou se deu mal se engana. Frank ainda lançou muitos nomes na música mundial como o No Mercy, por exemplo, e essa música aqui, que eu sei que você vai lembrar, também é dele:
Éééé, caro ouvinte do clube! Esse mundo da música é mesmo fascinante, não? São muitas histórias e quero aqui agradecer aos sócios do Clube que entenderam essa missão, pois é através desse apoio que podemos contá-las. Um abraço também aos nossos diretores Henrique Vieira de Lima, Caio Camasso, Emerson Silva Castro, Antônio Valmir Salgado Junior, Dilson Correa Lima, Mateus Godoy, João Jr Vasconcelos Santos, Luiz Machado, Lucas Valente, Camilla Spinola, Tiemi Yamashita, Marcelo Leonardo e seja bem-vindo Diego Vinicius Queiroz Silva.
Esses que citei são mais que sócios: são diretores do Clube e nos ajudam muito a manter viva essa missão de levar boas histórias até vocês.
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Peço também para você nos dar uma moral lá pelas redes sociais, indicando o Clube aos amigos. Estamos no YouTube, Facebook, Twitter e Instagram.
Bom, por hoje é isso. Essa indústria da música é mesmo cheia de pegadinhas. Ainda tenho muito o que falar sobre isso, mas não hoje… Porém, vale salientar que apesar da farsa, Fab Morvan se tornou um bom cantor. Isso geralmente acontece quando a prática supera o talento. E, para fechar esse episódio, escolhi o áudio de uma apresentação de Morvan ao vivo cantando a preferida de nós brasileiros: “Girl, I’m Gonna Miss You”.
A edição do Clube da Música Autoral é do Cocão, o Rogério Silva, e a produção é minha, Gilson de Lazari.
Foi um prazer falar de música com vocês e até a próxima!
Episódio maravilhoso! Soube da história ainda nos anos 80, enquanto adolescente (tão “metal head” na época que não curtia esse estilo de som) e ri muito ao saber da falsidade. Milli Vanilli faz parte de um (des) seleto grupo de fenômenos provados farsa, entre os quais também figuram The Monkees e Sigue Sigue Sputnik e, pra ser sincero, vivemos numa era tamanha de fakes (principalmente na música, com seus autotunes e etc.) que estranho não haver mais tretas assim.
Parabéns pelo episódio, curti muito ouvir e serei eternamente fã. Abração. 8)
Obrigado Pensador Louco esses anos 80…
Episódio muito bom. O incrível é que pouco importa a música, o que realmente gosto no Clube é como a história é contada. Não tenho nenhum interesse em Milli Vanillie e e música estrangeira de um modo geral, mas curto todas as histórias.
Parabéns Gilson e Cocão.
Obrigado Ernande… Milli Vanilli tem uma baita história mesmo.
pOpERô!!!!
Muito bom o episódio, já tinha ouvido essa história, mas nunca dissecada desse modo! Parabéns! Mais um episódio excelente!