Finalmente, as férias acabaram e como vocês já sabem, essa nova temporada do Clube, será dedicada às histórias de artistas do sexo feminino.
Para começar em grande estilo, nesse primeiro episódio, vamos conhecer a trajetória, as canções e as lutas, da “talentosa negra raivosa.”
Senhoras e senhores, Com vocês… Nina Simone!
Formato: MP3/ZIP
Tamanho: 66,7 MB
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Se você quiser, também pode nos ajudar fazendo um PIX. Utilize nosso email como chave: clubedamusicaautoral@gmail.com Qualquer valor é bem-vindo.
Roteiro e locução: Gilson de Lazari
Revisão: Camilla Spinola e Gus Ferroni
Transcrição: Camilla Spinola
Arte da vitrine: Patrick Lima e Caio Camasso>
Edição de áudio: Rogério Silva
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Digo isso, porquê,, desde que Cocão e eu, começamos a produzir o Clube da Música Autoral, as músicas tema, foram exclusivamente de artistas do sexo masculino; reparem, Nem na primeira temporada, nem na segunda, quando lançamos a enquete, e os sócios, passaram nos ajudar a escolher os próximos temas, tivemos a canção de uma artista do sexo feminino, como tema principal.
Então, democráticos como sempre, apresentamos duas opções aos sócios: – Uma temporada temática sobre The Beatles, minha banda preferida, que eu também nunca falei, Ou, – Uma temporada exclusiva com as minas, que também, nunca falamos. Foi unanime; as minas venceram e eu, não fiquei triste não, pelo contrário. Um dia, falaremos dos Beatles, mas não nessa temporada, pois ela, repito, será exclusiva, somente com artistas do sexo feminino, ou, abusando da intimidade… com as minas!
Daí, pensando em ser ainda mais justo com os nossos amados sócios, aqueles que entendem essa missão e colaboram mensalmente com o Clube, resolvemos definir os episódios dessa nova temporada, por ordem de votação decrescente, Ou seja, começaremos com as artistas menos votadas e acabaremos, com as mais votadas. Na enquete de apoio, colocamos 18 opções, 18 Divas, que achamos que merecem um episódio e os sócios votaram, escolhendo as protagonistas da terceira temporada, do Clube. Tudo muito lindo e democrático, mas isso, só será colocado em prática, a partir do segundo episódio, tá? Porque hoje, no primeiro episódio, falaremos sobre uma mulher, que se quer entrou na enquete; um símbolo de empoderamento feminino, uma representante da luta contra o racismo e o machismo, que usou sua arte em uma época, onde mulheres, eram submissas.
Estou falando, da reencarnação de uma Deusa Egípcia, conhecida como: sacerdotisa do Soul, uma autointitulada, Dra; mestre em piano clássico, Jazz, blues e R&B, e hoje, um símbolo da luta pelos direitos civis americanos. Uma corajosa ativista, que não veio ao mundo de passeio não, ela, como nós aqui no Clube, tinha uma missão, que jamais teria sido concretizada, se não fosse a música.
Ladies & gentleman, com vocês… Nina Simone!
Como vocês sabem, o Clube, faz parte do “Overcast,” uma rede de podcasts, que foge do padrão da podosfera atual. Confira em: overcast.com.br e hoje, em parceria com o Overcast, temos uma indicação especial para você:
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Lá, também tem muitas coisas bacanas e úteis pra sua casa. O recado que quero deixar, é que, se você é ouvinte do Clube, ou ouvinte dos podcasts do Overcast, saiba que tem 15% de desconto, em qualquer compra na Mana Potion. Use o código promocional: OVERCAST15
Qualquer coisa, tem o link na descrição desse episódio do Clube. É só conferir: manapotion.com.br(…)
Agradecimentos especiais, aos diretores do Clube da Música Autoral… Caio Camasso, Emerson Castro, Henrique vieira Lima, Luiz Prandini, Antonio Valmir Salgado, Matheus Godoy, João Jr Vasconcelos Santos e Vinicius Gomes. Mais que sócios, eles são diretores do Clube e além dos nomes citados, podem ouvir antes do lançamento e recebem uma camiseta exclusiva. Você, também pode ser sócio e nos ajudar nessa missão. Acesse: clubedamusicaautoral.com.br/assine e conheça as formas de contribuição e o que você recebe em troca do seu apoio.
No último episódio extra, falamos sobre os “Delírios Musicais.” Contei minha história de vida e os motivos que me movem nessa missão, de levar a música, aos quatro cantos do mundo. Nesse episódio, também lancei o financiamento do meu livro… isso mesmo, os Delírios Musicais, também será um livro, se eu conseguir atingir a meta, para poder editá-lo e publicá-lo. Minha esperança, é que você, ouvinte do Clube, me ajude comprando o livro no pré-lançamento. Entre outros prêmios, como a Fita K7 dos Delírios, a camiseta do Clube e um pendrive exclusivo, com todos os episódios do Clube, mais um episódio extra, que será produzido exclusivamente para o pendrive. Para entender essa causa e apoiar, acesse: catarse.me/osdeliriosmusicais
Se você gosta dos podcasts do Clube, olha, é obrigatório, que nos acompanhe também, nas redes sociais, pois cada episódio, é completado por lá, com fotos, videos e demais informações legais. Siga pelo Instagram, Twitter, Facebook e YouTube. Procure por: Clube da Música Autoral, que só de seguir, você já começa a fazer parte desse clube.
E para finalizar o bloco de avisos, Cocão, está mandando um recado, que você, não precisa ficar procurando links aleatórios não, todos os links, informações de contato e a transcrição desse episódio, você encontra no nosso site: clubedamusicaautoral.com.br Matou a pau, Cocão,, é isso aí! E aproveitando, que a temporada é nova, avisamos que algumas coisinhas estão mudando; não é novidade que o Cocão, assumiu a edição do Clube, então as trilhas sonoras, estão ainda melhores; a novidade, é que os lançamentos da nova temporada, invés de semanais, agora, serão quinzenais, ok? Ar artes das vitrines, essas que ilustram a capa do episódio e do site, nessa temporada, serão pintadas à óleo, pelo artista plástico: “Caio Camasso.” Cara, olha que honra! O trabalho do Caio, é incrível; ele, é especialista em retratar celebridades da música, além de ser diretor do Clube. Valeu Caião!
E também, a partir desse episódio, começaremos a indicar novos artistas e sempre, claro, que tenham a ver com o tema do episódio. Foi a singela forma, que encontramos de fazer jus ao titulo de: “Clube Autoral.” Ou seja, continuaremos resgatando os antigos sucessos, mas agora, também nutriremos nossas playlists, com indicações de novas promessas da música nacional e até, mundial… por que não?
Bom, para dar início e já em altonível, hoje, nesse episódio 1, da terceira temporada, falaremos sobre a “Talentosa negra raivosa,” sim, assim acabou apelidada nossa diva. Personalidade forte? que nada… Nina Simone, tinha uma personalidade explosiva. Ela mesma, se declarou, a reencarnação de uma deusa egípcia e exigiu ser tratada, tal qual uma verdadeira Deusa. Durante os shows, quando subia ao palco, realmente, Nina, conseguia. Ela era uma Deusa, mas talvez, seu maior erro, foi ser Nina Simone, 24 horas por dia, desenvolvendo transtornos bipolar e crises de ansiedade e depressão, que por muito tempo acabou a afastando da grande mídia.
Mas chega de expectativas, separe o lencinho, caro ouvinte sensível, agora, é hora de falar de Nina Simone, respeitosamente e sem ser vago.
Tente imaginar, um pequeno teatro, em uma pequena cidade no interior da Carolina do Norte, no Sul dos E.U.A, por volta de 1940. Nesse dia, alguns alunos de uma conceituada professora de piano local, estavam se apresentando, executando peças clássicas de Bach, Chopin, Mozart; era um evento anual, sem grandes perspectivas, promovido mais para mostrar a evolução dos alunos no piano, até que… uma jovem adolescente negra, sobe ao palco; lembrem-se, era 1944; negros, eram proibidos de frequentar os mesmos ambientes públicos que os brancos.
Pois bem, sob olhares desconfiados, a menina negra de 11 anos, sentou-se em frente ao piano e antes de começar sua peça, encarou a platéia. Para alguns, parecia um ato desafiador, mas ela, apenas procurava por seus pais.
Quando finalmente os encontrou, estavam de pé, no fundo do teatro. Então, a pequena pianista, cruzou os braços e disse, que não tocaria enquanto seus pais, não se sentassem na primeira fila, lugar, que ela, havia reservado para eles.
Um clima de constrangimento, tomou conta do ambiente. Acontece, que a jovem pianista, havia pedido aos pais, que vestissem suas melhores roupas e chegassem cedo, para vê-la tocando, da primeira fila. Foi o que eles fizeram, mas por causa da segregação racial, acabaram obrigados a ceder seus lugares, para ilustres autoridades brancas.
Raivosa, de cima do palco, a menina, se negava a tocar e muito menos, desceria do palco, enquanto seus pais, não voltassem para o lugar deles, na primeira fila. O empasse, durou alguns longos minutos, até que um casal, resolveu ceder o lugar e apenas depois de conseguir o que queria, a talentosa garota negra, executou de forma primorosa, a sua peça clássica no piano. Levantou-se e de forma elegante, agradeceu o público, deixando o palco, sob aplausos e críticas.
Essa, foi a primeira vez, que aquela garota, fez jus ao apelido: “talentosa Negra Raivosa.”
E olha, nem estamos falando de Nina Simone ainda; essa, era: “Eunice Kathleen Waymon,” nome pelo qual foi batizada, em 1933, quando nasceu em Tryon, uma pequena cidade, com pouco mais de 1.000 habitantes, localizada no estado da Carolina do Norte.
Eunice, como todos os negros dessa época, cresceu em um bairro de negros, separados dos brancos. Sua mãe, “Mary Kate Waymon,” era ministra metodista; ela, pregava a palavra de Deus, nos cultos dominicais, mas durante a semana, era empregada doméstica, de uma tradicional família local. Seu pai, “John Divine Waymon,” além de devoto religioso, era marceneiro.
Crescer ao lado da mãe na igreja, fez com que a pequena Eunice, tivesse contato com instrumentos musicais. Vale lembrar, que, negros nos E.U.A, foram proibidos por muito tempo, de tocar tambores, ficando limitados, aos instrumentos que se encontravam na igreja e um dos mais comuns, era o órgão, uma espécie de piano, usado para dar harmonia aos louvores, durante as pregações.
Aos 3 anos de idade e de forma autodidata, Eunice, já sabia tocar o velho órgão da igreja, algo, que deixava todos os presentes surpresos, pois, era evidente, tratava-se de um talento nato.
Ao ouvir falar sobre o talento da pequena menina negra, a patroa de Mary Kay, foi até a igreja com uma professora de piano, para ouvi-la tocar. Comprovado o talento, Eunice, passou a ter aulas gratuitas de piano, com a tal professora bondosa, que a adotou como aprendiz.
Nina, já adulta, lembra que a professora, lhe dava medo; além de muito branca, tinha os cabelos grisalhos. Algo totalmente estranho para Nina, que vivia confinada, do outro lado da linha do trem.
O fato, é que, a professora de piano, realmente acreditava, no potencial de Nina e passou a organizar, apresentações públicas, com o intuito de arrecadar dinheiro para os estudos da pequena pianista. Deu certo, anos depois, Eunice, se mudou para Asheville, onde concluiu o ensino médio, na “Allen High School for Girls.”
Eunice, estudava 8 horas por dia. Ela, não era como os outros negros, que cresceram ao seu lado, mas também, não se enquadrava entre os brancos, com quem estudava. Ela, era a jovem negra talentosa e as vezes, raivosa.
Sua disciplina e paixão pelo piano, empolgava seus professores, que a convenceram, de que poderia se tornar uma grande musicista, se estudasse com os melhores. Foi o que Eunice fez; ela, decretou que se tornaria a primeira mulher negra, graduada em piano Clássico dos E.U.A; Um fato, até então, inédito.
Suas expectativas, eram justas. Seu talento, era mais que suficiente; sua sinceridade, fez com que todos que viviam ao seu lado, acreditassem no mesmo sonho.
Sem repudiar, a jovem Eunice, matriculou-se na conceituada, “Julliard School of Music” e se mudou para Nova Iorque. Suas economias, eram insuficientes, então, um dos professores, percebendo o talento de Eunice, conseguiu uma entrevista, em outra conceituada escola de música, o “Curtis Institute of Music,” na Philadelphia. A esperança de Eunice e seus professores, era que seu talento nato, fosse reconhecido e uma bolsa integral, lhe fosse entregue, mas, isso não aconteceu. Tentou outras vezes e nada. Ela, via outros proponentes, menos talentosos que ela, ganhando a bolsa e não entendia, porque a rejeitavam. Sem dinheiro, Eunice, precisou trancar o curso. Nina, décadas depois, contou, que demorou 6 meses para entender que estava sofrendo descriminação racial. Sua ficha, só caiu, quando um dos alunos, olhou nos olhos dela e disse:
– “Você é feia! Seu nariz é grande!”
Envolvidos no dilema e tentando ajudar a filha, seus pais, acabaram se mudando para Nova Iorque, mas sem a bolsa, seria difícil retomar o curso.
Eunice, começou dar aulas de piano. Seus pais, trabalhavam, mas não era o suficiente. Indicada por amigos e escondida de sua mãe, Eunice, foi até um bar de Jazz, que procurava por atrações e conseguiu 90 dólares por noite, para se apresentar tocando Jazz, no piano da casa.
Noventa dólares por noite, era mais do que seu pai conseguia no mês; o dinheiro, salvaria a todos e a ajudaria na mensalidade do curso de piano, mas, na segunda noite de apresentação, o dono da casa noturna, fez uma exigência; ele, só continuaria pagando 90 dólares por noite, se Eunice, também cantasse, Algo, que ela, até então, nunca havia feito em público.
Decidida a encarar o desafio e para que sua mãe, não descobrisse o que ela estava fazendo nas noites de Nova Iorque, Eunice, adotou um nome artístico. Ela conta, que seu primeiro namorado latino, a chamava carinhosamente, de: “Nina,” (menina, em castelhano) e ela, adorava; já “Simone,” foi uma homenagem a famosa atriz francesa, “Simone Signoret,” que estava em alta na época.
Assim, nesse momento, sai Eunice e entra Nina Simone na nossa história. Com o novo nome, nascia também, uma nova carreira musical. O Jazz e o Blues, eram estilos de menor relevância cultural para Nina; ela, valorizava apenas a musica clássica, então, passou a misturar os estilos no piano e com uma pitada de música Gospel, nascia o estilo: “Nina Simone.” Sua voz, era peculiar e potente; seu estilo de cantar, era popular, então, por mais sofisticada, que fosse no piano, ela, ainda conseguia soar agradável aos amantes do Jazz e do Blues. No começo, Nina, precisava entreter os clientes, com até 10 horas de show. Ela, desenvolveu técnicas, que potencializaram sua voz, sem perder as nuances. Ouvir Nina, era sublime. Logo, ela cativou um público pequeno, mas fiel, que a acompanhariam em qualquer bar, que ela resolvesse tocar.
Em 1957, com apenas 20 anos, Nina, já havia se tornado atração disputada pelos bares de Jazz e os melhores cachês, vinham dos bares segregados, aqueles, frequentados apenas por brancos, que queriam ouvir a sensacional música negra, mas, sem se misturar com os negros… um verdadeiro contrassenso.
Tente Imaginar, uma mulher linda, negra, alta e empoderada. Sua pele, de tão negra, chegava a reluzir; mesmo entre os negros, era impossível que Nina, passasse desapercebida. Ela, chegou a se casar, mas a união durou poucos meses.
O compositor, “George Gershwin,” famoso por escrever peças para a Broadway, foi assistir Nina ao vivo e ficou encantado; tanto, que a convidou para gravar um dueto, em sua famosa peça: “Porgy and Bess,” entregando para a novata, Nina, a canção principal… “I Love You Porgy.”
Ao ser lançado, o single, explodiu nas rádios, chegando na vigésima posição, da “Billboard Hot 100.” Isso, encorajou os executivos da gravadora “Bethelem,” que investiram em um disco solo da cantora novata, o primeiro de Nina Simone, lançado em 1958, com o título: “Little Girl Blue.”
Nina, passou a compor e gradativamente, deixava de ser uma cantora de bares, para apresentar suas próprias canções, em clubes consagrados de Jazz. Sem dar o valor devido a sua obra, ela, acabou vendendo os royaltys de suas músicas, por apenas 3.000 dólares, para executivos da Bethelem e deixou de faturar milhões posteriormente, quando algumas canções desse disco, foram regravadas, na voz de “Frank Sinatra” e “George Michael.”
Nina, não tinha muitas expectativas com o Jazz e o Blues, e também, não sabia gerenciar sua carreira. Ela, continuava sendo uma jovem negra raivosa, que precisava sustentar sua família, enquanto mantinha vivo o sonho de ser uma pianista clássica, algo, que beirava a obsessão.
Certa vez, Nina, pediu aos críticos musicais: “chamem meu estilo de Gospel, Blues, Folk ou Soul, mas nunca Jazz. “Jazz,” é um termo branco, para definir pessoas negras. Minha música, é música clássica negra.”
Ela, assinou contrato com a “Colpix Records” e gravou diversos álbuns. Nina, era indiferente, sobre ter um bom contrato. Ela, não vislumbrava o glamour do mundo jazzistico. Mas isso, foi só até 1961, quando ela conheceu e casou-se, com o detetive da polícia de Nova Iorque, “Andrew Stroud,” que de cara, abandonou sua profissão, para administrar a carreira de Nina. Apesar de novato no ramo, ele, estava determinado a transformar Nina Simone, em uma celebridade da música.
Em 1962, tiveram uma filha, “Lisa Simone.” É a partir daí, que a vida de Nina, começa a se assemelhar, com a de uma celebridade excêntrica.
O relacionamento do casal, era insano. Nina, escrevia cartas denunciando a violência de Andrew, que além de a obrigar a tocar, também, batia, amarrava e a estuprava. Depois, o próprio Andrew, cuidava dos ferimentos de Nina. O mais louco dessa história, é que ela, não conseguia se separar de Andrew. Ela tentava, mas ele, era dominador e a convenceu que ela, não seria nada sem ele. Nina, tornou-se refém, de um relacionamento doentio, que ela descrevia, como: “masoquista e regrado a álcool.”
Mas péra aí! Essa mulher, submissa, vítima e conivente com a violência doméstica!? Não condiz com a reputação de Nina Simone. Como surgiu a personalidade ácida e excêntrica, da qual, hoje, todos a identificam?
Foi mais ou menos assim… enquanto Nina, crescia como artista, simultaneamente, um movimento pelos direitos civis, crescia nos E.U.A; um movimento tão autêntico e justo, que mudou a cultura americana. Cocão, acho que é bom voltarmos um pouco a fita, para entendermos melhor essa questão dos direitos civis americanos.
A escravidão, foi praticada por muitos povos, em diferentes regiões, desde as épocas mais antigas. Eram feitos escravos, em geral,, os prisioneiros de guerra e pessoas com dívidas. Posteriormente, destacou-se a escravidão de negros, sobretudo, a partir da descoberta da América; houve um florescimento da escravidão, desenvolvendo-se então, um cruel e lucrativo comércio, de homens, mulheres e crianças, entre a África e as Américas.
A escravidão, chegou ao ápice da maldade humana, quando os sórdidos interesses financeiros, começaram a se justificar, com discursos de razões morais e religiosas, baseados na crença da suposta superioridade racial e cultural dos europeus.
O Tráfico negreiro, – tornou-se um lucrativo negócio, durante o período colonialista e apesar do tráfico de escravos, ter sido proibido em 1815, o contrabando, continuou até 1860, nos E.U.A, quando começaram as campanhas pela abolição.
Simultaneamente, a sangrenta Guerra Civil Americana, deixava um saldo de milhares de mortos e uma legião de negros marginalizados. O Sul do país, permaneceu militarmente ocupado, até 1877, favorecendo o surgimento de sociedades secretas, como a “Ku Klux Klan,” que usavam da violência, para perseguir os negros e defender a supremacia branca, através da segregação racial.
O início do século XX, na América, ficaram marcados por crescentes ataques de ódio e descriminação aos negros, que eram marginalizados e muitas vezes, enforcados em praça pública. Apesar de não serem mais escravos, antigas leis, promoviam a segregação racial; uma fase obscura, que manchou os ideais de liberdade americanos, até a década de 50, quando começaram surgir os primeiros Movimentos pelos Direitos Civis, que se tornariam um marco, na história americana.
Tudo começou, em 1955, quando a costureira negra, “Rosa Parks,” se recusou a ceder seu lugar para um homem branco, detalhe, essa prática, era obrigatória, de acordo com as leis do Alabama.
O ato de Rosa Parks e a repercussão, motivou a criação de grupos negros organizados, dispostos a exigir seus direitos. Entre as reivindicações, pediam o fim da segregação racial e o direito ao voto.
Claro que, apesar de ser uma causa mais que justa, isso não foi nada fácil de conseguir, então, também surgiram movimentos armados, como os “Black Powers” e os “Black Panthers,” contracenando com líderes religiosos e ideológicos, como “Martin Luther King” e “Malcolm X,” que passaram a organizar frequentes protestos.
A conquista dos direitos civis, era questão de tempo, mas o clima entre negros e brancos, se acirrou e entre a classe artística negra, acredite, muitos negros, não lutaram pelos direitos civis, pelo contrário, aproveitaram o momento de maior segregação, para se promoverem como artistas apolíticos. “Chuck Berry” e “Ray Charles,” por exemplo, foram considerados traidores desse movimento.
(…)
Mas, e Nina Simone?
A talentosa negra raivosa, que vivia dentro de Nina, estava pronta para se rebelar. Ela, havia se formado como oradora da sua turma do ensino médio, quando estudou na prestigiada Julliard School e todo aquele conhecimento, não seria em vão; estava engatilhado e esperando o momento certo. Nina, vinha acompanhando o crescente movimento dos direitos civis e cooperava nos bastidores, apesar de seu marido e empresário, ser contra esse envolvimento. Ele, como empresário, queria manter as vendas e sabia que uma posição confrontativa, geraria boicote, mas, em 1963, desencadeou-se uma série de acontecimentos, que aterrorizaram, não apenas Nina, mas o mundo todo.
A Ku Klux Klan, ateou fogo em uma igreja batista de Birmingham e, quatro crianças negras, morreram queimada. No mesmo ano, “Medger Evers,” um ativista dos direitos civis, o qual, Nina, era amiga de sua esposa, foi assassinado no Mississippi, um dos estados mais violentos da época.
Nina Simone, levou seu caderno até o piano, para expressar seus sentimentos e em 20 minutos, compôs “Mississippi Goddam,” que na livre tradução, pode significar: “Mississipi maldito, ou Mississipi é o caralho.”
Vale lembrar, que o grande sonho de Nina, era se apresentar tocando piano clássico, no “Carnigie Hall,” então, Andrew, seu marido e empresário, teve a ideia de alugar o Carnigie Hall e promover um show exclusivo da Nina Simone. Ele, investiu uma grana preta e não é que deu certo. Mississipi Goddam, não estava no repertório e foi colocado de última hora; o público, não a conhecia e é curioso, quando Nina a anuncia, o público ri, sem saber a pedrada que viria pela frente. Ouça a gravação original…
Na letra, Nina, indignada, fala tudo o que muitos negros queriam falar, mas não podiam.
“O nome desta música é maldito Mississippi
E eu quero dizer cada palavra
Alabama me deixou tão chateada
Tennessee me fez perder o sossego
E todo mundo sabe sobre o maldito Mississippi
Você não precisa viver ao meu lado
Apenas me dê a minha igualdade
Todo mundo sabe sobre Mississippi
Todo mundo sabe sobre Alabama
Todo mundo sabe sobre a porra do Mississippi.”
Cara, com essa música, Nina, não só entrou na guerra pelos direitos civis, ela, mergulhou de cabeça; raivosa e inconsequente. Andrew, teve a genial ideia, de gravar a apresentação de Nina, no Carnigie Hall e com esse material, fechou um novo contrato com a “Philips Records,” em 1964. Mississipi Goddan, foi lançado nesse disco ao vivo, gravado no Carnigie Hall, chamado: “Nina Simone in Concert.” Nem preciso falar, que se transformou no hino dos direitos civis, né?
A partir de então, mensagens de direitos civis, passaram a estar presente nos repertórios de Simone; logo,, tornou-se parte das suas apresentações. Ela, fazia discursos em seus shows e muitas vezes, dedicava canções, apenas aos negros presentes. Nina, também, passou a frequentar encontros pelos direitos civis, incluindo a famosa marcha de “Selma a Montgomery.” Inclusive, ela, se apresentou ao vivo, em um palco improvisado; esse momento, acabou eternizado com um dos ápices da Marcha de 85 quilômetros, pelos direitos civis.
Simone, era talentosa e raivosa; ela, passou a defender ações violentas. Nina, queria combater o ódio com o ódio, ela, chegou cogitar, a pegar em armas e participar ativamente de ataques, pois se morresse, seria por uma justa causa. Por outro lado, a abordagem que estava dando certo, era a da não violência, pregada por Martin Luther King.
Ao contrário do que seu marido havia previsto, o envolvimento de Nina com as lutas pelos direitos civis, fizeram as vendas de seus discos decolarem. Os negros, abraçaram Nina e seu repertório, passou a ser ainda mais dedicado a causa. Em 1965, Andrew, conseguiu desfiar o foco da luta de Nina; relaxando um pouco com os protestos e lançando seu mais bem sucedido disco, “I put Spell on You,” que além da faixa título, que ouviremos daqui a pouco, trazia a versão que até hoje, é considerada o maior sucesso de Nina Simone… “Felling Good.”
Devido ao ativismo, inevitavelmente, Nina, parou de tocar em clubes segregados; esses, eram os shows mais lucrativos, mas nem por isso, deixou se abater. Em 1967, Andrew, trocou mais uma vez de gravadora e retomando a onda de protestos, lançou a canção: “Strange Fruit,” de “Billie Holiday.” Nina, deu novos ares e trouxe a tona, o famoso caso de linchamento de homens negros no Sul, que foi a inspiração para essa canção.
Em 1968, o movimento pelos direitos civis, teve seu auge, quando seu mais ilustre líder, Martin Luther King, acabou assassinado, no dia 4 de abril de 1968, momentos antes, de realizar mais uma de suas famosas marchas pela igualdade, pregando a não violência.
Desolada, Nina, não acreditava que mataram Luther King, o cara do amor. Na cabeça dela, quem deveria morrer, era ela, que pregava o enfrentamento, não King. Em sua homenagem, Nina, lançou o álbum: “Nuff Said,” contendo gravações ao vivo, do “Westbury Music Fair,” realizado, três dias após a morte de King. Nina, dedicou toda aquela apresentação a ele, inclusive, o maior sucesso desse álbum, foi: “Why? (The King Of Love Is Dead),” “por que o rei do amor, está morto?” Uma canção, escrita pelo seu baterista, “Gene Taylor,” logo após receber, a notícia da morte de King.
Nina, fez muitos discos de estúdio, mas, ela gostava mesmo, era do ao vivo. Seus melhores discos, segundo ela mesma, são os ao vivos. Durante toda sua carreira, foram 23 nesse formato.
Por Nina ser muito verdadeira com sua música, é comum encontrarmos, várias versões diferentes de uma mesma música. A minha música preferida dela, se chama “Ain’t Got No, / I Got Life,” lançada em 1968, mas, é incrível como Nina, tem várias versões diferentes; ela, foi mudando conforme os anos passavam. A letra dessa canção, é incrível; Nina, começa falando que não tem nada, é um tanto quanto melancólica, mas depois, ela cresce e muda de clima, quando Nina, afirma que não tem nada, mas o que tem, é o suficiente; ela, tem a ela mesma e é igual, em sentimentos e principalmente, em liberdades.
Cocão, faça uma compilação de algumas versões dessa canção. Vamos tentar mostrar, o quanto Nina, era especial e desapegada de moldes.
Mas após a tormenta, sempre vem a calmaria.
Junto com o fim da década de 60, também chegava ao fim, o casamento de Nina e o movimento dos direitos civis.
A morte de Luther King, foi significativa e em pouco tempo, a Lei dos Direitos Civis e a Lei dos Direitos ao Voto, foram aprovadas pelo então presidente, “Lyndon B. Johnson,” que havia assumido, após a morte de “John Kennedy.” Tais conquistas, asseguraram o fim da segregação racial, em espaços públicos e o voto universal, independentemente do nível educacional, ou condição social.
O Relacionamento de Nina e seu marido e empresário, Andrew Stroud, também chegava ao fim. Nina, passou a fazer viagens esporádicas, para outros países, sem se importar com sua agenda. Ela, estava com comportamentos erráticos e imprevisíveis. Em uma dessas viagens, ela, largou a aliança de casamento para trás e Stroud, interpretou aquilo, como um desejo de divórcio. Como ele era seu empresário, Stroud, tinha o controle sobre toda a renda de Simone. Eles, tentaram reatar, porém, devido a diversas brigas cinematográficas, optaram pela separação oficial.
Nina, então,, decide se mudar para a África. Ela, acreditava que lá, encontraria suas raízes e teria paz, mas, o que acaba acontecendo, é que ela se desentende com sua filha, que volta para a América, para viver com o pai.
Nina, então, inicia uma série de outros relacionamentos, com todo tipo de homens, anônimos, famosos, funcionários, empresários, etc. Essa fase, retrata a pior época dos seus transtornos de bipolaridade. Nina, praticamente, sumiu durante os anos 70. As vezes, aparecia para gravar algum disco, mas, logo partia. Ela, morou em vários países, mas, acabou por fixar residência, no Sul da França, lugar, onde ela ainda mantinha um status de celebridade.
É necessário lembrar, que Nina, fazia questão de manter um auto padrão de vida, mas, como fazia mais shows, passou a receber pouco dinheiro das gravadoras e após suspeitar que estava sendo roubada, retornou aos E.U.A, para acompanhar seus negócios de perto e ao chegar, descobriu que havia um mandado de prisão em seu nome, por sonegação de impostos; um ato confesso de Nina, que ela mesma havia levado a público, como forma de protesto. Ela dizia, que não pagaria impostos, enquanto os E.U.A, continuassem envolvidos com a Guerra do Vietnam.
Desesperada, Nina, precisou gastar muito com advogados e saiu atrás de seus credores, com uma arma em punho; invadiu a gravadora e disparou contra um executivo, a quem ela acusava de estar lhe roubando. Na delegacia, Simone, confessou e disse que tentou matá-lo, mas lamentava por ter errado o alvo. Ela, foi presa, mas logo foi liberada.
De volta a França, no início dos anos 80, Nina, vive sua pior fase financeira. Esquecida pela mídia,, ela, volta a tocar em pequenos bares de Jazz, pelo cachê de 300 dólares.
Devido aos problemas de depressão e alcoolismo, ela, mais faltava aos shows, do que ia. Comprar o ingresso de uma apresentação de Nina Simone, era uma incógnita. Em uma dessas apresentações intimistas, um antigo amigo americano, a encontra e oferece ajuda. Ele, paga uma série de exames e descobrem, a síndrome de bipolaridade de Nina, que passa a tomar remédios controlados. Apenas um pequeno grupo de amigos íntimos, conviviam com Nina, a preservando e a mantendo longe da mídia e de shows.
Mas, a carreira de Nina Simone, tem uma nova guinada, quando sua música, “My Baby Just Cares For Me,” foi usada em um comercial de perfumes “Chanel,” no Reino Unido. A canção, renasceu e tornou-se o hit top 10, na Grã-Bretanha.
Nina, a base de remédios, voltou a se apresentar com regularidade, no “Ronnie Scott’s Jazz Club,” em Londres; lá, gravou o álbum: “Live at Ronnie Scott’s.” sua voz e seus movimentos, começaram a ser afetados pelos medicamentos.
Em 1985, a Dra. Nina Simone, (como gostava de ser tratada), chegou ao Brasil pela primeira vez, para o festival de Jazz, no Rio de Janeiro.
Nina, voltou ao Brasil, mais duas vezes; em 1997, quando levou 35 mil pessoas ao ginásio do Ibirapuera e ainda gravou um dueto com a “Maria Bethânia.” Se liga só…
E em 2000, Nina, fez sua ultima aparição em terras brasileiras. Relatos provam, que Nina, havia abandonado o tratamento, chegando ao auge do seu transtorno bipolar. Misturando remédios com álcool, Nina, com sua inseparável Champanhe Cristal, parecia catatônica, na maior parte do tempo; em outros momentos, admirava as flores e elogiava as pessoas, mas sem nenhuma explicação plausível, passava a atacar os membros da sua equipe, com ofensas pesadíssimas.
No hotel, andou nua, do seu quarto até a piscina; tentou transar com os seguranças e depois, se trancou em seu quarto, afirmando que não faria o show.
Tudo indicava, que seu show, marcado para as 23h, seria um enorme fracasso, mas, sua produção, a enganou, dizendo que o show seria 3 horas antes, Ela, claro, chegou três horas depois e então, era a hora certa do show. Relatos de quem foi assistir a essa apresentação, dizem que ela estava estranha, mas ao sentar na frente do piano, sua alma, foi tomando seu corpo e Nina, presenteou o público, com um show arrebatador.
Dá pra entender,, como foram os últimos dias de vida de Nina Simone?
Estamos ouvindo, “I Put Spell on You,” uma das canções eternizadas por Nina Simone, mas aqui, quem está cantando, é uma nova cantora brasileira, chamada: “Iza.” Essa, é a nossa indicação, para você ouvir na playlist desse episódio, que já está disponível no Deezer e no Spotify.
Talvez, você, já conheça a Iza; ela, tem uma carreira consolidada… também, com essa voz! O que fez o Cocão e eu, escolhermos Iza, além da voz e além da referência de Nina Simone, é que ela, cresceu nos subúrbios cariocas, tem uma história de provação racial e suas músicas, promovem o empoderamento feminino.
O estilo dela, não é o Jazz, está mais para a “Black Music,” mas, acho que Nina Simone, se orgulharia dessa versão. O que você acha?
Se você gosta das histórias narradas aqui no Clube da Música Autoral, saiba que pode ser um sócio e ajudar nessa missão, de espalhar músicas.
Se você conhece a minha história, a história dos “Delírios Musicais,” sabe que eu, estou tentando editar e lançar um livro. A pré-venda, está sendo feita através de uma campanha de financiamento coletivo, que precisa do seu apoio.
Agora, se você ficou com gostinho de quero mais e quer saber mais, sobre Nina Simone e as outras divas dessa temporada, então nos acompanhe nas redes sociais; lá, publicaremos videos, fotos e informações complementares. Faz assim, acesse o site do Clube e lá, você vai encontrar todos os links… clubedamusicaautoral.com.br
Após ter afastado todos os parentes e amigos, devido a sua bipolaridade, Nina, viveu seus últimos dias, sozinha em sua casa, na cidade de Carry-le-uet, no Sul da França. Ela, havia descoberto um avançado e agressivo câncer de mama. Apesar de lutar contra a doença, chegando a realizar uma mastectomia, o tumor, não deixou de crescer. Nina Simone, faleceu dormindo, no dia 21 de abril de 2003.
Dois dias antes de morrer, a talentosa negra raivosa, recebeu o tão sonhado, certificado de pianista Clássica, entregue pelo mesmo instituto, que lhe negou a bolsa, por motivos racistas.
O “Curtis Institute of Music,” ainda concedeu a Nina, mesmo que de forma honorária, o título de: “a primeira pianista clássica negra dos Estados Unidos.
A produção do Clube da Música Autoral, é minha, Gilson de Lazari e a edição, é do Rogério Silva, o Cocão.
Foi um prazer falar de música com vocês.
Até a próxima!
As artes dos episódios vão ser pintadas à óleo? Que foda! Queria eu ter uma parede ornada com essas obras. Curtir os casts olhando os artistas “nos olhos” seria um novo nivel de experiência.
Que sonzeira deliciosa! E o que foi aquele dueto com a Maria Bethânia?
Cara, ouvir um podcast tão bem trabalhado é maravilhoso. Contexto histórico, narrativa, trilha, enfim. O que nós ouvimos foi uma viagem pela história, muito maior que “apenas” a história da música.
Um abraço e parabéns pela qualidade
Legal que gostou Leandro, as artes são pintadas pelo Caio Camasso, o instagram dele é @artecamasso